Ontem ao fim da tarde assisti a uma cena digna de um filme felliniano.
Ainda vinha ao longe e já estava a ouvir um carro a apitar. Quando cheguei à caixa do multibanco percebi que era uma viatura que queria sair e estava "tapada" por uma carrinha de alguém que vendia cafés, e não deveria estar muito longe...
Estive à espera na caixa uns três minutos (o senhor queria levar o dinheiro todo...). E só quando me vinha embora é que vejo um sujeito com dois rapazolas a aproximar-se da carrinha. Os rapazes entraram mas o homem não deve ter gostado da buzina do carro, e em vez de pedir desculpa pelo incómodo ainda foi tirar satisfações.
Pela forma como mexia os braços percebi que não estava a ser muito meigo. Normalmente nem sequer me aproximava da discussão, mas reparei que era uma mulher que estava dentro do carro, Um homem mais ou menos da minha idade, atento ao que se passava, também se começou a aproximar (acabámos por dar força um ao outro...). Quando chegámos ao pé do carro o "valentão" calou-se e assim que o meu companheiro de aventura perguntou à condutora se havia algum problema, ele começou a afastar-se sem palavras. Ela exaltada respondeu que havia, mas que ia já deixar de haver, e saiu do carro, virando-se para o homem que já estava a "bater em retirada": «Oiça lá!»
O homem parou e esperou-a em posição de desafio. Quando ela ficou frente a frente, surpreendeu tudo e todos, ao dar-lhe um chapadão daqueles que fazem eco (bem merecido...), atirando-lhe logo de seguida: «Vaca é a tua mãe, ó meu cabrão de merda!»
O homem ficou paralisado por uns segundos, agarrado à cara. E nós aproveitámos esta pausa para fazer escolta à mulher para junto do carro.
Contra todas as previsões, o "herói" enfiou o rabinho entre as pernas, entrou na carrinha e desapareceu o mais rápido que pôde da praça.
Depois cada um de nós seguiu o seu caminho, quase sem palavras.
Quando vinha para casa não consegui esconder a satisfação, por me ter aproximado e ter dado a força que a mulher precisava, para silenciar um dos muitos "chicos-espertos" (e ordinários) deste mundo...
(Fotografia de Roger Schall)
Luís, é muito lamentável isso tudo...
ResponderEliminarMau alguém estacionar em segunda fila sem se importar e ainda mais começar a "mandar vir". Já me aconteceu, não o "mandar vir", mas dizerem/perguntarem: "Ah, se tivesse ligado os quatro piscas já podia, não era?". Claro que não era.
Julgo que nessas situações o que se deve fazer é chamar a polícia, embora nunca o tenha feito. Isto porque já me aconteceu perder iniciativas ou chegar atrasada por esse motivo.
Também considero lamentável o chapadão e não me agrada nada que uma mulher o tenha feito, que está a comprar o 'terreno dos homens' pelo pior sentido. Bom, bom, era se tivesse conseguido fazê-lo elevar a uma possibilidade de diálogo.
Toda essa violência, das palavras e a física, não tem ponta de coisa boa.
O que sobrou? Mais um bocadinho de violência no mundo.
Mas foi bom contares a história.
Sabes, Isabel. Infelizmente vivemos um tempo em que parece que vale tudo.
EliminarE quem está ao volante ainda consegue ultrapassar todos os limites da estupidez (há quem seja capaz de insultar peões por passarem nas passadeiras e os obrigarem a parar...).
Não esperava, ninguém esperava a reacção da mulher. Mas estar mais de cinco minutos à espera de alguém, que até podia ter estacionado noutro lugar sem impedir a sua saída, a buzinar, e depois a pessoa em causa ainda achar que "está bem" e que em vez de pedir desculpa, ainda deve insultar os outros.
E sim, o que sobra, é mais violência. Mas talvez o fulano da próxima vez que estacionar mal, pense duas vezes...
Pois eu que sou contra a violência, fiquei orgulhosa dessa mulher que o meteu na ordem à letra! Bem feito!!
ResponderEliminarCom este tipo de pessoas duvido que o diálogo funcionasse...
É o tipo típico de cobardes que só têm força com os mais fracos. Há por aí muito disso.
Bem feito!!
Boa noite:))
A minha primeira sensação, também foi essa, Isabel, de orgulho, por a mulher ofendida ter reagido desta forma.
EliminarE é impossível haver diálogo com quem parte logo para o insulto...
Ah, ganda mulher!... Eu não o faria, mas se ela o fez, fez bem! Os "machões" também precisam de meter o "rabinho entre as pernas"...
ResponderEliminarPois precisam, mas são mais cobardes que machões estes fulanos, Graça.
EliminarNormalmente só se metem com quem pensam não ser capaz de se defender (é por isso que mulheres, crianças e velhos são as grandes vitimas da sociedade...).
Abençoada Mulher e ainda bem que o Luís chegou e a si se juntou o outro senhor...caso contrário nem a senhora teria tido a coragem de meter o fulano na ordem. Se ele a mimoseou com os insultos que ela repetiu, também era capaz de ser ele a dar-lhe dois estalos. Esses valentões são capazes de tudo...Só o não fez porque teve medo...
ResponderEliminarElevar o diálogo com gente dessa estirpe? Até me deu vontade de rir...
Sim, provavelmente sem a nossa presença, esperava que o homem fosse embora, Janita.
EliminarAssim foi melhor, porque descarregou toda a energia negativa na pessoa certa. :)
Não recebeu o meu comentário a este post, Luís?
ResponderEliminarPergunto porque, ultimamente, a maioria anda a 'fugir' para a caixa de spam dos blogues onde comento. :(
(estava no "spam")
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