Já ultrapassou há algum tempo os oitenta anos e posso dizer que faz parte do meu roteiro diário, pois a sua casa e a sua "varanda" ficam quase logo depois da esquina, assim que saio do prédio onde habito, em direcção a uma das duas cidades por onde me reparto.
Falamos sempre, nem que seja apenas um bom dia, uma boa tarde ou até uma boa noite (mais no Verão, quando o calor pede rua...), às vezes três, quatro vezes por dia.
Normalmente passo sempre apressado (por ser esta a minha forma de andar e também por querer chegar a horas, onde quer que seja...), mesmo assim ela ensaia o dialogo, tanto me pode perguntar pela "patroa e pelas crianças", que já não vê passar há uns dias... como falar do tempo, aqueles coisas que metem vento, chuva ou um belo dia de sol... E nunca me esqueço de lhe oferecer um sorriso.
Um dos seus passatempos é contar as estrelas, procurar a mais famosa, a do Norte, que até faz parte de canções. Às vezes fala-me delas, quando nos encontramos já ao cair da noite.
Ela é o espelho maior da solidão das cidades, mas em vez de se fechar em casa, vem para o seu varandim em busca do "calor humano". Como é simpática, todas lhe oferecem no mínimo um cumprimento, que a ajuda a suportar o tempo e o espaço de uma vida quase vazia de gente...
(Fotografia de Luís Eme)
e cada vez a solidão se sente mais...e, é mais violenta nas grandes cidades, e um sorriso é tão bom para quem recebe e não custa nada a dar.
ResponderEliminaruma crónica muito actual.
beijo
:)
É isso mesmo, o sorriso é outro sol, para o interior de cada um de nós, Piedade...
EliminarA solidão é o cancro da sociedade atual. Nada, nem as doenças fisicas me assusta tanto.
ResponderEliminarAbraço
É um dos, Elvira.
EliminarImportante é não ficarmos fechados em casa.
Já acabei a história do Pedro Gama. Gostei da descrição das personagens (sobretudo do PG) e o enredo é atractivo.
ResponderEliminarAinda bem que gostaste do Pedro, Maria. Vou dizer-lhe. :)
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