quarta-feira, setembro 24, 2025

A Guerra Colonial e os vários "comboios da liberdade"...


Ontem tive uma conversa extremamente rica, com alguém que viveu intensamente, os primeiros anos da década de setenta do século passado, um tempo de grande união, em que se lutava contra um inimigo comum, o marcelismo (que era apenas o salazarismo retocado...).

Foram tempos em que a maior parte das pessoas, que gostavam de liberdade e de democracia (dos mais conservadores aos mais revolucionários), eram capazes de esquecer as diferenças e baterem-se pelo que achavam melhor e mais justo.

A Guerra Colonial deveria ser um dos aspectos mais abrangentes da sociedade de então, até por que deixavam todas as mães em alvoroço (mesmo as de boas "famílias"...). Eram demasiados os exemplos de jovens que morriam ou ficava incapacitados para todo sempre...

E foi por isso que aumentou no final dos anos 1960 (mesmo que não existam dados, era uma estatística que interessava muito pouco ao governo de então...) a fuga de jovens para as Europas, com a cumplicidade dos pais, familiares e amigos...

Ela foi uma das jovens que ajudou muitos amigos a darem o salto para Espanha, de onde apanhavam o "comboio para a liberdade", que só parava em terras francesas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


7 comentários:

  1. Tive amigos e conhecidos que tomaram a resolução de partir, numa clara posição de estarem contra uma guerra injusta, mas também tive aqueles que aceitaram "defender a pátria" ameaçada no seu império com pés de barro.
    Foi o tempo dos aerogramas, das madrinhas de guerra e das rezas e promessas de mães, mulheres e namoradas.
    Tive um aluno que morreu na Guiné, era sapador, daqueles que iam na frente a picar o mato à procura de minas.

    Abraço

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    1. Havia essa dualidade, por se ter mais ou menos consciência política, Rosa.

      As pessoas politizadas sabiam que não estavam a "defender a pátria", mas sim um falso império caduco....

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  2. Desertores, assim se designam esses emigrantes.

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    1. Está enganado.

      Desertores eram os militares que fugiam da guerra, depois de serem incorporados.

      Estou a falar de estudantes, normalmente universitários, que não queriam ir para a guerra, ou seja, fugiam antes de serem recrutados.

      Muitos deles pediam asilo político, e passavam a ser exilados, nunca desertores.

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  3. REFRATÁRIO-era o adjectivo usado na altura.

    Que se nega a submeter-se a algo ou alguém. = INDEPENDENTE, INSUBMISSO, REBELDE ≠ CONFORMADO, RESIGNADO

    Que resiste às leis ou à autoridade. = DESOBEDIENTE, INSUBMISSO, REBELDE ≠ DÓCIL, SUBMISSO

    Que não é afectado por uma acção ou estímulo. = INDIFERENTE, RESISTENTE ≠ IMPRESSIONÁVEL

    Que não se presta a. = AVESSO, CONTRÁRIO ≠ FAVORÁVEL

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