quinta-feira, setembro 11, 2025

Os bairros não são as aldeias que pensamos (e sonhamos)...


Os bairros não são as aldeias que pensamos.

O bom dia e boa tarde, muitas vezes são enganos. Cumprimentamo-nos mais por empatia e hábito, que por outra coisa. Se pensarmos um pouco, não sabemos quase nada (ou mesmo nada...), destas pessoas com quem nos cruzamos diariamente.

Quem sabe muitas coisas é o ainda jovem merceeiro do bairro, que de vez em quanto fala-me que fulano é filho de sicrano, por me ter cruzado com alguém que me olha como se me conhecesse, sem que saiba alguma coisa da sua vidinha.

Quando nos deixamos de cruzar com estas pessoas, se já tiverem alguma idade, percebemos que desapareceram de circulação. Aconteceu com uma das personagens mais divertidas da rua de baixo, um antigo canalizador que adorava contar anedotas, de todos os géneros. Vivia sozinho e depois de uma queda em casa, os filhos colocaram-no num lar. Esteve lá apenas um mês...

Soube disto na mercearia, que graças à simpatia do dono, vai resistindo ao tempo e às pequenas e médias superfícies que se instalam por todo o lado. 

Ela é quase uma "âncora", onde as pessoas ainda se encontram para falar e saber novidades da vizinhança, mesmo que apenas comprem um pacote de arroz ou o pão para o lanche. Felizmente faz-nos navegar no engano e pensar que os bairros ainda são as aldeias dos nossos imaginários...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


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