E quando os exemplos "vêem de cima", das grandes lideranças mundiais, tudo se torna mais complicado...
Falámos nisso na nossa mesa onde a anarquia continua a gostar de reinar. O Carlos até foi capaz de dizer que «já ninguém organiza concursos de mentiras, porque é cada vez mais difícil ganhar a um Trump ou a um Ventura.» Sorrimos, porque continua a ser bom sorrir, principalmente quando se fala de assuntos sérios.
A Rita, acabadinha de chegar da Babilónia, disse que a mentira torna a vida mais fácil para toda a gente, desde o nosso primeiro-ministro, capaz de dizer com um ar sério, que a saúde está melhor no nosso país, ao drogado da esquina que pede sempre uma moedinha a quem passa, "para comer uma sandes e beber um copo de leite".
Raramente chegamos a conclusões, do que quer que seja. Estávamos fartos de saber que uma vida demasiado certinha não é a coisa mais saudável do mundo, da mesma forma que viver todos os dias "uma vida que não é a nossa", se pode tornar algo cada vez mais problemático e perigoso (a chamada "bola de neve"...).
E lá voltou o Carlos à carga: «É tudo uma questão de hábito. Somos todos freiras e frades, somos todos animais agarrados e vestidos de hábitos.» E lá veio mais uma risota colectiva. Muito gosta o nosso publicitário de nos fazer rir.
Vinha a caminhar pela Baixa no meio dos estrangeiros de pele branca e calções e vestidos às cores, quando pensei no quanto as pernocas da mentira tinham crescido e esta tinha deixado de ter a perna curta, nos últimos anos. E depois lá me agarrei a vidinha, que se tem tornado mais difícil para quase todos.
Sim, é ela que dá resistência às sociedades que fingem que tudo vai bem, que se vão habituando a enganar-se a elas próprias, dia após dia...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
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