quarta-feira, março 01, 2023

Ter ideias a mais e tempo a menos...


É normal que isto vá acontecendo, à medida que o tempo vai passando, ter ideias a mais e tempo a menos para as concretizar. Embora tenha a sensação de que isso sempre me aconteceu.

Acho que todas as pessoas criativas se sentem desaproveitadas (excluindo os  de que conta terem nascido "com o rabiosque virado para a lua" e os que passam a vida a ser empurrados, para aqui e para ali, pelos pais, pelos tios, pelos primos e pelos - não menos importantes - "padrinhos").

Estas minhas palavras não pretendem "lamber feridas", são uma simples constatação de quem de vez enquanto, tem de deitar fora papeis e passar os olhos para o que fez e não fez...

O mundo da cultura talvez seja o espaço mais desigual, onde se desperdiça mais talento, sem que exista uma razão racional para a entrada, ou não, no "elevador da fama" (esquecendo-nos do tal "amiguismo" e da "protecção familiar", que continua bem viva...). 

Isto também explica o porquê de haver tanta gente que canta, pinta, escreve, sem que o talento seja a sua maior virtude.

É também por isso que há tantos mortos famosos, que durante o tempo que viveram foram quase sempre ignorados e se alimentaram do famoso "pão que o diabo amassou"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


6 comentários:

  1. Que teria ele para acrescentar a este texto? Pouco, talvez nada. De resto há sempre quem diga as coisas melhor, muito melhor, do que ele poderia dizer. Abertura para colocar este poema do Carlos de Oliveira que apanhou, ontem à noite, numa feliz releitura de quem já entrou no possível esquecimento:
    «Palavras,
    sereis apenas mitos
    semelhantes ao mirto
    dos mortos?
    Sim,
    conheço a força das palavras,
    menos que nada,
    menos que pétalas pisadas
    num salão de baile,
    e no entanto
    se eu chamasse
    quem dentre os homens me ouviria
    sem palavras?»

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    1. Felizmente há sempre palavras que nos dizem algo, à nossa espera, depois da esquina, Sammy.

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  2. Já eu tenho ideias a menos e tempo a mais!

    Abraço

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    1. Fiquei curioso, Rosa.

      Como leitora que és, os livros não te oferecem ideias?

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  3. Três exemplos que me vem à mente de verdadeiros talentos, nāo reconhecidos enquanto vivos. Van Gogh e até Vermeer, um dos meus pintores favoritos, que tinha de alimentar 10 ou 11 filhos. E o escritor/poeta Allan Poe.

    Há tempos comprei mais pincéis, mais tintas, mais telas (pequenas). Talento, de facto, não tenho, mas aproveito estes momentos como um meio de relaxar, meditar, desanuviar... :)) Os meus filhos dirão "Mom, not bad!" Sāo muito simpáticos, os meus filhos. :))

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    1. São milhares os exemplos por esse mundo fora.

      Também temos imensos "esquecidos", que nunca foram acarinhados em vida...

      Acho que podemos fazer tudo, Catarina. Mas devemos ter um bom sentido autocrítico, para saber até onde podemos ir...

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