quinta-feira, março 23, 2023

A Verdade que está Dentro do Olhar...


Passei por Lisboa e encontrei-me com um amigo das fotografias, com quem aprendo sempre qualquer coisa, nas nossas conversas animadas.

Desta vez até andámos pelo futuro. Como se tem inventado tanta coisa, ele falou-me de um daqueles inventos, que acabava com a dificuldade cada vez maior que existe em "roubar fotografias" aos rostos das pessoas com quem nos cruzamos.

Quando  ele me disse, «Sabes, gostava de ainda cá estar, quando alguém resolver inventar algo que torne possível que, apenas com o nosso olhar, sem o uso de qualquer máquina fotográfica, seja possível retratar uma pessoa ou um objecto, tornando-a muito mais próxima daquilo que realmente queremos transferir para o mundo das imagens», eu limitei-me a sorrir.

E depois contei-lhe que tinha encontrado no cacilheiro uma jovem extremamente bonita, muçulmana, que trazia a cabeça coberta, com uma espécie de lenço azul. Tive uma grande vontade de a fotografar, mas era impossível fazê-lo, sem que ela desse por isso. Mesmo que os meus olhos a tivessem "fotografado", mais que uma vez...

Voltámos a sorrir, até por sabermos que o futuro estava sempre pronto a surpreender-nos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


9 comentários:

  1. Ainda andava no liceu quando li um livro, cujas personagens (năo todas) tinham o poder de ouvir os pensamentos através de fibrilhas que tinham sido colocadas so seu couro cabeludo. Isso, sim, seria interessante. :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vira para lá essa boca, querida Catarina!
      Seria o fim da picada! :))

      Abraço

      Eliminar
    2. A empregada do meu filho é muçulmana guineense e usa uns turbantes fabulosos.
      Estou sempre a dizer-lhe como ainda fica mais bonita assim!

      Abraço

      Eliminar
    3. Neste caso, acho que o que captou a atenção do Luis não foi o hijab que a rapariga usava, mas sim o seu lindo rosto!!!! O Luis continua bem vivo. : ))
      Eu gosto de ver estes lenços. Não tenho nada contra. Já a burka é outra estória...

      Eliminar
    4. Que belo diálogo que vai por aqui, Catarina e Rosa. :)

      Também acho que isso de ler pensamentos, era capaz de não ser boa ideia. :)

      Sim a menina (era uma menina de vinte e poucos anos) era bonita, mas o que me chamou a atenção foi o conjunto. :)

      Nem sempre gosto de ver as peças com que se cobrem, nem sempre são bonitas ou realçam a beleza,

      Eliminar
  2. Classicamente a(s) Arte(s) fê-lo de modo superior.
    Ainda sem fotografia,e com esta necessitando-se olhar de artista.
    A conhecida ode recupera um sorriso:

    Ricardo Reis

    A nada imploram tuas mãos já coisas,

    Nem convencem teus lábios já parados,

    No abafo subterrâneo

    Da húmida imposta terra.

    Só talvez o sorriso com que amavas

    Te embalsama remota, e nas memórias

    Te ergue qual eras, hoje

    Cortiço apodrecido.

    E o nome inútil que teu corpo morto

    Usou, vivo, na terra, como uma alma,

    Não lembra. A ode grava,

    Anónimo, um sorriso.

    ResponderEliminar