domingo, março 05, 2023

Quando a Realidade é "Encomendada"...


Estava a ver a reportagem televisiva (SIC) sobre as casas abandonadas pelo Estado na Serra de Montesinho, no Jornal da Noite, quando comecei a pensar que havia ali qualquer coisa que não batia certo.

Num país com centenas de aldeias quase desertas por esse interior fora (Beira Baixa, Beira Alta e Trás-os-Montes), onde o que mais existe são casas vazias, quase que soa a mau gosto fazer-se uma reportagem destas, distante dos grandes centros urbanos (especialmente Lisboa e Porto), onde também existem centenas de prédios devolutos e abandonados pelo mesmo Estado, que ainda não sabe bem o que é que lhe pertence, de Norte a Sul. E estes sim, uteis para quem precisa de uma casa próxima do local de trabalho.

Claro que pode sempre ser uma reportagem "encomendada" por alguém que está interessado em comprar e ganhar algum dinheiro com as casas de montanha abandonadas, com o chamado "turismo selvagem". 

É por isso que convém lembrar-lhes que existem por ali animais, como os lobos, veados, gatos selvagens, sem esquecer os musaranhos, ouriços-caixeiro e toupeiras, entre outros de menor dimensão. 

E na minha opinião, é muito mais importante preservar o seu habitat natural que abrir novas portas para o turismo.

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


8 comentários:

  1. Concordo. Nas grandes e pequenas cidades há sempre um edifício que se encontra abandonado durante anos e anos. Suponho que muitas deles pertencem a particulares que não têm disponibilidade financeira para os recuperar.

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    1. Mas a grande questão é o Estado (através do governo) estar mais preocupado com o que é privado do que com o que é público, Catarina.

      É uma vergonha que ainda não exista um inventário completo sobre o que pertence ao Estado, de Norte a Sul.

      Antes de querer obrigar os privados a alugarem as suas casas, o Estado devia preocupar-se em recuperar o que é seu e colocar no mercado imobiliário.

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    2. Tens toda a razao, Luis.

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  2. Só em Lisboa há inúmeras casas abandonadas. Mas esta história está muito mal contada desde o seu início...
    Uma boa semana com muita saúde, meu Amigo Luís.
    Um abraço.

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    1. A grande questão é moral, Graça. Como é que alguém pode querer obrigar os outros a recuperarem os seus edifícios, quando o que é do Estado também está abandonado?

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  3. Às vezes isso tem a ver com heranças indivisas.

    Abraço

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    1. A verdadeira questão não passa por aí, Rosa.

      Temos um governo especialista em pôr os pés pelas mãos e as mãos pelos pés.

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  4. (limitei-me a responder aos comentários, fugindo do tema, uma reportagem sem qualquer pertinência, como tantas outras...)

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