sábado, março 18, 2023

Não sei se foi o neo-realismo ou surrealismo, quem esteve de visita ao café...


Tenho alguns amigos que podiam ter escrito argumentos para filmes de realizadores como o Manoel de Oliveira, que fazem aquelas fitas que gostamos de chamar de "europeias".

Estarmos dentro ou perto dos sessenta também não deve ajudar nada, diga-se de passagem...

Se numa conversa começares a ouvir coisas mais ou menos estranhas, o melhor que tens a fazer é mudar de mesa, mudar de café e até fazer uma rifa com os teus amigos.

Não sei quem começou, nem porquê. Mas isso é o menos importante. Só sei que comecei a ouvir coisas como:

«A partir de certa altura, começamos a olhar mais para trás e a querer fazer o percurso inverso, é como se fugíssemos de alguma coisa...»

«Talvez saibamos que temos um "abismo" à nossa espera.»

«Sim. Talvez queiramos fugir do fim.» 

«É isso... Somos demasiado realistas e bem informados. Estamos fartos de saber que este país não é para ninguém, nem para velhos, nem para novos.»

«Tira daí o "ninguém". Se fores um velho inglês ou francês, este país assenta-te que nem uma luva. Até a velhota da mercearia aprende a falar estrangeiro, só para ter servir na palma da mão.»

Depois do diálogo entre o "Velho um" e o "Velho dois", entrou em cena o "Velho três":

«Quem diria, afinal não são só as clientes das cirurgias plásticas e dos "botoxes" desta vida, que não querem ser velhas...»

(esqueci-me de apontar a noss gargalhada geral, a pensar nas "lilis" deste mundo...)

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


3 comentários:

  1. Quem olha para trás perde o presente e a esperança de bons momentos no futuro.
    Isso foi uma conversa "bem portuguesa"... algum negativismo à mistura. :)))
    Quem são os "lilis"?

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  2. É verdade. :)

    (São as "Lilis" - não conheces a Lili Caneças, Catarina? É mais conhecida que a Sé de Braga)

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