domingo, dezembro 05, 2021

A Porcaria Reinante


Sei que a televisão tem feito um esforço para "endeusar" a música pimba, que ao contrário de alguns estudiosos como o cantor Emanuel defendem, se resume a uma palavra: porcaria.

O facto dos seus interpretes cantarem de borla e andaram aos fins de semana a animar os arraiais improvisados pelas antenas de televisão generalistas, em muitas das nossa vilas e cidades (eu sei que o negócio dos "telefonemas macacos" que dão carros e etc., são uma das partes principais desta vidinha feirante...), pode-lhes aumentar a popularidade, mas não aumenta a qualidade.

Alguns sabem cantar, outros nem isso. Mesmo sem voz e afinação, conseguem construir carreiras musicais, domingo a domingo, porque o que é realmente importante para eles é o palco. É por isso que nem sequer se importam de cantar sempre a mesma canção, anos a fio...

Claro que o exemplo da música pode ser passado para quase todas as áreas da sociedade, onde reina a mediocridade. E metermos a poesia no meio do caminho, também não é solução, porque na vida não é "tudo é possível" nem "podemos ser tudo o que quisermos", por muito que "vendam" estas frases em livros, filmes e programas televisivos. O mundo real é muito diferente do mundo dos sonhos. Sem talento natural devíamos ser os primeiros a perceber que a música, a literatura e as outras artes, são sobretudo para os predestinados.

É por isso que Pedro Gonçalves, Jorge Palma, Sónia Tavares, Paulo de Carvalho, Rui Reininho, Dulce Pontes, José Cid, António Zambujo, Manuela Azevedo, Pedro Ayres Magalhães, Rodrigo Leão, Cristina Branco, Rui Veloso, Sérgio Godinho ou Capicua, entre dezenas de excelentes interpretes nacionais, farão sempre a diferença, porque reinventam-se de disco a disco, de espectáculo em espectáculo.

Queria continuar a homenagear o Pedro e todos os nossos músicos de qualidade, mas como de costume, as palavras foram-se agarrando umas às outras e lá se foi a "síntese". Até porque a primeira frase, diz tudo. Talvez em vez de porcaria devesse colocar um outro sinónimo. mas...

(Fotografia de Luís Eme - Corroios)


12 comentários:

  1. Boa tarde
    Um visual espalhafatoso e duas ou três pares de pernas a descoberto atrás são o suficiente para fazer sucesso.

    JR

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    1. É isso mesmo Joaquim, é mais o que se mostra que o que se canta.

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  2. Por isso é que praticamente deixei de ver TV.
    Abraço, saúde e boa semana

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    1. Também vejo pouca, Elvira. Muitas vezes a televisão só se liga à noite cá em casa.

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  3. Reina a mediocridade, é verdade. E é por isso que aqueles que fazem a diferença nem aparecem nos canais televisivos.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um abraço.

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    1. Pois é, Graça. A televisão (são mais as pessoas da televisão...) é muito selectiva, não gosta de misturar qualidade com o seu "lixo" diário...

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  4. A boa música é uma óptima companhia, quanto à mediocridade reinante nada a fazer, nem todos nascem dotados.

    Abraço

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    1. Pois é, Rosa.

      Lembrei-me disso ontem, nos tempos em que ouvia bastante música...

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  5. Uma tristeza franscicana!
    Eu até gostava de ver certas tradições e o artesanato, mas a isto dão pouco foco, deixei de assistir por causa da chatisse das musiquinhas e de ouvir os apresentadores a pedirem para ligar.

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    1. São cada vez mais tardes cheias de publicidade e de angariação de dinheiro, Micaela. Os artistas são quase objectos, que se deixam usar e também usam, se puderem.

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  6. E ainda têm a lata de dizer que deviam ser apoiados porque são cultura....na maior parte dos casos são só ordinarices que cantam! Mas o povo sempre gostou da porcaria, infelizmente!

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    1. Tens razão, Maria. Não crescemos, não nos tornámos mais cultos e exigentes...

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