segunda-feira, dezembro 13, 2021

«Não sei se as pessoas ainda gostam de ouvir contar estórias»


Acho no mínimo curiosas algumas coisas que dois ou três amigos me vão contando, nestes tempos estranhos em que se conversa bastante menos, olhos nos olhos. 

A única coisa que sei, é que não podemos culpar a pandemia por tudo o que mudou nas nossas vidas. Até porque antes já estava praticamente instituído o hábito de se conversar mais com os dedos que com a boca.

Quando o Jorge disse, com alguma melancolia: «Não sei se as pessoas ainda gostam de ouvir contar estórias», ele queria dizer outra coisa. Queria lastimar-se por os filhos gostarem cada vez menos de ouvir as suas histórias. A sua esperança está nos netos. Vive com a esperança de que eles um dia venham a gostar das suas palavras, tal como ele gostava das do avô. 

O Chico a sorrir disse que estes tempos são bastante reticentes em relação a todo o tipo de futurologias.

Eu que acabara de ouvir contar meia-dúzia de estórias deliciosas (a da Olímpia Quaresma é impagável...), acrescentei que a culpa não era das estórias, mas sim da maneira com se contam. O Jorge fingiu-se quase ofendido, exclamando que eu estava a colocar em causa a sua qualidade como contador de estórias. Disse-lhe que não era nada disso. Tinha mais a ver com a paciência dos ouvintes. 

Fruto desta época de "consumos imediatos" e de "palavreados curtos", quase todos nós temos menos vontade de escutar estórias longas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


6 comentários:

  1. Boa tarde
    É com muita tristeza que o digo, mas é verdade que sinto muitas saudades das noites em que contava histórias das mais variadas espécies á minha família e era confortado com risos e palavras.

    JR

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    1. É preciso acreditar que as coisas irão voltar, a pouco e pouco, à normalidade, Joaquim.

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  2. Eu estou ansiosa por ouvir as estórias dos meus netos!

    Abraço

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  3. Eu não tenho netos...ainda!😊
    Vamos lá ver, quando eles nascerem, o que é que têm para me contar...

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