O nome quase grande de uma deputada que também escreve em jornais, filha de um antigo dirigente do PS, já desaparecido, fez com que se falasse do uso (e abuso, segundo algumas opiniões...), ou não, do apelido dos nossos pais (quase sempre do pai, numa sociedade masculina como ainda é a nossa...).
Sem fugir do jornalismo, o mundo onde nos movimentamos melhor, conseguimos descobrir mais de uma dúzia de nomes de homens e mulheres, que escolheram o nome da mãe, para escaparem à "perseguição" do apelido familiar mais conhecido. E, naturalmente, também encontrámos outros tantos, que assumiram, sem qualquer problema, o nome do pai.
Como estava junto de nós alguém que escolhera o "nome da mãe", não foi preciso sairmos da mesa, para sabermos o porquê daquela opção. Confessou-nos que houve mais que uma razão. A tentativa de "fugir" do peso do apelido, no mundo dos jornais (o pai era um dos nossos bons jornalistas...), e também o não querer ser olhado como o filho de fulano, que só era jornalista por razões óbvias. E também quase como uma prova de emancipação, de querer caminhar pelos seus próprios pés (na época até pediu ao pai para não fazer publicidade...). Mas, curiosamente, a razão que teve mais peso na época, foi uma quase vingança. Naquele tempo ainda não tinha superado a separação dos pais, que aconteceu quando tinha apenas 13 anos (foi o pai que abandonou o lar e deixou de aparecer, com a regularidade que um filho precisa, praticamente todos os dias...). Quis muito ser o "filho da sua Mãe".
Hoje as coisas estão serenas. Mas não se arrepende nem um pouco da opção que tomou.
Soubemos por alguns exemplos dados que há quem decida ficar com o nome do pai, com orgulho e sem medos.
Percebemos que este tema será sempre pouco consensual. Porque quem escolhe o nome do pai, pode ser olhado como alguém que se está a colocar-se ao seu lado, não por uma questão de orgulho, mas sim de interesse profissional. E quem não o escolhe, pode ser interpretado como alguém que se esconde e não assume as suas origens. E não como a tentativa normal de querer caminhar pelos seus próprios pés...
(Fotografia de Luís Eme)
Um caso complicado. Se estivesse numa situação dessas, em que tivesse de optar por um deles a nível profissional, escolheria sempre o do pai, fosse ele famoso ou anónimo. Porque meu pai foi sempre aquele com quem me identifiquei desde que me conheço até à sua partida. Aquele a quem contava os meus sonhos e os meus anseios. Aquele que sempre me incentivou. Minha mãe achava que letras não enchiam barriga, que uma mulher precisava era de saber manter uma casa limpa e cuidar de crianças. Detestava ver-me a ler, dizia que os livros me enchiam a cabeça de minhocas e arranjava sempre qualquer coisa para eu ir fazer.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Complicado só porque gostamos de julgar, Elvira.
EliminarDecisões por vezes difíceis…
ResponderEliminarUm Bom Natal, Luís. Um ano de 2019 com tudo o que desejas.
Um beijo.
Pois...
EliminarBoas Festas Graças.:)
Luís, não sei se sou muito distraída com estas "sensibilidades" ou se de facto não há aqui problema nenhum e isto são madurezas que as pessoas inventam.
ResponderEliminarParece-me que a dificuldade que aqui colocas é a de se ser tão permeável às opiniões dos outros, que até ligam ao que se possa pensar e deduzir das escolhas desta natureza.
Para o bem e para o mal, carrega-se sempre com o património familiar, quer se use o nome ou não.
Também conheço situações - e tenho-as próximo - em que na hora de dar o nome aos filhos, cortam com a tradição dos apelidos dos pais, de um ou os dos dois, porque não gostam das palavras. Não gostar das palavras pelas quais as pessoas são chamadas, não tem de ser não gostar das pessoas que têm esse nome, nem tão pouco é falta de respeito pelas mesmas. Pode ser apenas não gostar daquilo, daqueles nomes.
Gosto desta forma de estar.
Claro que não há problema nenhum, Isabel.
EliminarEmbora alguma gente mediocre insista em colocar o "apelido" à frente da competência. Acho na política é onde se assiste mais a esse espectáculo deprimente. E é por essas tristes figuras que algumas pessoas, filhas de gente pública, pensa duas vezes no uso do "nome do pai".