quarta-feira, outubro 24, 2018

A Apropriação das Memórias...


Tenho lido algumas críticas (quase sempre de militares...) a António Lobo Antunes, por ele ficcionar demasiado a Guerra Colonial. Outros ainda vão mais longe, e duvidam mesmo que ele, que foi médico militar, alguma vez tenha pegado numa arma, ou até tenha estado em contacto directo com o fogo inimigo.

Acho todas estas críticas patéticas e mentirosas. Sem precisar de lhe perguntar, tenho a certeza de que pegou em armas, assim como esteve presente em situações de combate.

Mas mesmo que isso não tivesse acontecido, reconheço toda a legitimidade a Lobo Antunes para escrever sobre essa guerra estúpida (como são todas...). Ao tratar dos seus camaradas feridos em combate, sentia as suas dores e o feridas, um pouco como suas. É esse o espírito militar. E a união ainda se solidifica mais em situações dramáticas... 

E vou ainda mais longe, o escritor faz muito bem em se apropriar das memórias dos seus antigos camaradas, que sabem que têm nele, um extraordinário "porta-voz".

(Fotografia de Luís Eme)

2 comentários:

  1. Não duvido que tivesse sofrido directa e indirectamente as consequências trágicas dessa guerra cujas feridas ainda não cicatrizaram!

    Abraço

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    1. Eu também não, Rosa.

      Mas esse é apenas um pormenor. O que escreve é mais valioso que qualquer crítica.

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