terça-feira, outubro 16, 2018

A Memória de um Amor Salgado...


«Esforçava-se e conseguia, mas sempre por pouco tempo.

Era por isso que tentava aproveitar da melhor maneira os escassos minutos em que conseguia recordar, muitas das partes boas da vida que partilhara com Helena... 

O que lhe surgia com mais cor e movimento eram os passeios que os levaram a tantos lugares. Fechava os olhos e voltava quase ao paraíso. Era como se a sua vida tivesse sido só viajar...

Uma dos sítios onde regressa quase sempre, é ao Mar, à primeira vez que a levou a ver o Oceano, em pleno Inverno. Foi uma surpresa boa porque Helena só conhecia o Mar do Verão, da praia cheia de barracas, chapéus de sol, toalhas, e claro, da imensidão de corpos, praticamente nus e bronzeados. 

Desconhecia por completo a sensação de ter uma praia só  para ela, a possibilidade de escutar aquele mar irritado e teatral, que gritava e barafustava de uma forma única. E se nos aproximássemos mais do que a conta, presenteava-nos com farripos de água, mais suaves e agradáveis que a chuva "molha-parvos", perfumados de sal.

Arrepia-se quando recorda aquele frio, que os abraçava de uma maneira única.»

(Fotografia de Luís Eme - pedaço de uma ficção pura para o conjunto de histórias, com gentes que nunca conheci...)

2 comentários: