domingo, outubro 07, 2018

O Olhar Masculino e o Olhar Feminino...


Se no caso da sentença recente que suspendeu a pena dos dois violadores, penso que não há diferenças de género, na forma como se olha a aplicação (absurda) da lei, já na alegada "violação" de Cristiano Ronaldo em Las Vegas, há pelo menos dois olhares: um masculino e outro feminino.

Coloquei aspas na palavra violação, porque me parece que se trata sobretudo de um acto de violência sexual, e não tanto de violação. Pelo menos na forma como normalmente se entende a violação.

Embora neste caso particular Cristiano Ronaldo tenha recebido muitos apoios femininos entre nós (é o sentido patriótico a falar e também alguma fobia contra a prostituição...), normalmente a resposta das mulheres é sempre a favor da mulher. E neste caso particular lá aparece novamente a palavra "não", que nos últimos tempos passou a ser mesmo "não"...

Os homens têm sempre tendência para relativizar a questão. O "velho macho", até é capaz de dizer "abençoado", ou "grande homem". Outros, mais identificados com Las Vegas, a Capital do jogo e do prazer, dizem que Ronaldo pagou pelo "serviço completo", ponto final.

Outros ainda, mais legalistas, falam sobretudo em extorsão. Sim, acham que o exame médico feito depois do serviço, não foi realizado por acaso. Muito menos a tentativa de extorsão em forma de leilão (que acabou por resultar, não no quase um milhão pedido inicialmente, mas sim de 323 mil euros pagos, depois da assinatura de um acordo de confidencialidade).

Claro que falo de homens. Não estou a falar de simpatizantes do movimento #me too, pois estes também pedem a "cabeça" de Cristiano Ronaldo, sem dó nem piedade.

As mulheres "justiceiras", começam por falar de uma professora (que deveria estar ali por engano e que deve ter subido ao quarto de Ronaldo apenas para ver as vistas...) e nunca de uma "rapariga de programa" (para não lhe chamar outra coisa...). Depois falam de sexo não consentido, relevando a palavra "não". E por fim, falam da "tragédia" que se seguiu na vida desta mulher depois do episódio:  contusões anais, stresse pós-traumático, depressão, comportamento errático, ansiedade, etc.

Sem a conhecer de lado nenhum, apenas questiono, se a sua presença "em trabalho" numa discoteca em Las Vegas e a visita à suite de Ronaldo, não são já mostras de um comportamento errático (antes de se cruzar com o agradável "pé de meia" português...)

Claro que não faço ideia do que irá acontecer amanhã e nos dias seguintes. Sei sim, que Cristiano Ronaldo tem contra si, o facto de ser uma das personalidades mais populares do mundo...

(Fotografia de Luís Eme)

2 comentários:

  1. Isabel Pires08/10/18, 11:27

    Luís, o que sei desta notícia é praticamente o que tenho lido aqui, no "Largo". O que vou dizer não está relacionado com o caso.

    Por questões pessoais(isto para explicar que não estou a fazer-me desentendida ou a querer pegar/chatear por algum lado), não sei qual é "a forma como normalmente se entende violação" porque quando oiço um relato com esta palavra visualizo actos de coacção de cariz sexual, mas sem um "alinhamento" específico, e a revestir várias formas, como pode ser e a legislação contempla. Não há uma 'imagem' para mim, mas sim vários 'planos' que se movimentam de várias formas.
    Perturba-me que ao nível da construção mental se associe a violação 'apenas' a um acto forçado de relação sexual clássica, até porque pode não existir coito de qualquer tipo, e parece-me um bem que tenhamos isto mais presente quando discutimos o assunto no plano teórico ou quando sabemos de casos concretos.

    Repito que o que disse nada tem que ver com estas notícias.
    Fez-me pensar nos conceitos, nas construções mentais, e na ligação entre eles e a prática.

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    1. Tens toda a razão, Isabel.

      Somos influenciados por vários factores (a educação talvez seja o mais importante...), que nos oferecem conceitos e nos levam a fazer construções mentais... que podem divergir da "corrente comum"...

      Vocês mulheres poderão ainda ter a influencia de uma ou outra experiência negativa, marcante, porque houve tempos em que quase tudo era permitido aos homens...

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