Nem mesmo a insistência de alemães e ingleses, em querer colar este rapto a um bandido germânico, voltando a lugares que podem ser de crime, provoca qualquer tipo de alarido ou estados de alma, apesar das horas oferecidas pelas televisões que se alimentam sobretudo de sangue.
Quem não perdoa estes desperdícios de milhões são os familiares de desaparecidos portugueses, que nunca contaram com um milésimo do tempo perdido pelas nossas polícias. Foi por isso que percebi a indignação e incompreensão de um avô, que continua sem saber o que aconteceu à neta, que com dezasseis anos, desapareceu. Saiu de casa de manhã para não mais voltar. Ele tem uma secreta esperança que ela possa estar, viva, em qualquer parte do mundo... Mas sabe que a GNR tratou muito mal da investigação, desde o início, tal como a Judiciária.
Disseram que ela tinha fugido e esqueceram o caso...
"Sim, poderia ter fugido. Mas porque razão nunca mais deu qualquer sinal de vida?" Era a questão que ninguém era capaz de responder a esta família (e provavelmente a muitas outras...).
Mas que se trata de um drama inultrapassável, ninguém deverá ter dúvidas. Nunca se consegue preencher este vazio que fica...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Até em situações destas, os “conhecimentos” têm muito peso.
ResponderEliminarEste será um caso que provavelmente nunca será solucionado.
Os conhecimentos e o poder material, Catarina...
EliminarOportuníssimo texto, Luís Enes.
ResponderEliminarPor outras coisas, lembrei-me de uma canção do Chico Buarque:
«Atentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de tal, por causa de um tal João
Depois de medicada
Retirou-se pro seu lar
Aí a notícia carece de exatidão
O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal»
Grato pelo poema, Sammy.
EliminarÉ realmente uma situação incompreensível e lamentável de desigualdade de tratamento das autoridades.
ResponderEliminarMas o nosso país é cada vez mais assim, não é para velhos nem para pobres, Severino.
EliminarQuem tem dinheiro e amigos está sempre à frente...
Não saber de um filho ainda consegue ser pior do que assistir à sua partida definitiva.
ResponderEliminarAbraço
Concordo, Rosa.
EliminarÉ uma porta dentro de nós que nunca é fechada...
É uma grande verdade. Centenas de crianças têm desaparecido em Portugal ao longo dos anos e a família vive a dor de não saber o que lhes aconteceu. E a polícia pouco ou nada fez.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Vivemos num país cada vez mais desigual, Elvira.
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