Talvez por isso, tenhamos percebido que não somos assim tão diferentes dos outros, por muito que estejamos afastados, geograficamente.
Após o lançamento do seu livro, "Portugal, Hoje, o Medo de Existir", o filósofo José Gil deu uma entrevista ao "Jornal de Letras" (Janeiro de 2005), em que demonstrou conhecer-nos como mais que "visitas da sua casa":
«Este novo medo é o que temos uns dos outros. Tememos que o Outro nos critique, que não estejamos à altura da ideia que ele supostamente tem de nós, e tudo isto trava a coragem do pensamento e da acção. Isto significa que somos uma sociedade suavemente paranóica. Temos medo de enfrentar os outros, temos medo de dizer o que pensamos. Como se a expressão do que pensamos se voltasse contra nós. E assim, em nome de estratégias que visam proteger a nossa vida, fazer a nossa carreira, etc., não avançamos. O que não impede que, aproveitando-se deste medo, haja em toda a parte pequeninos déspotas.»
Sim, somos muito isto.
Mas voltando à globalização, talvez ela nos tenha feito perceber que não estamos assim tão sós, nestes "medos". Ou seja, há muitas mais "sociedades do medo" espalhadas pelo mundo...
E por outro lado, talvez a pandemia ainda tenha agravado ainda mais estes "medos".
Claro que esta nossa aproximação do tal "espelho quase universal", está longe de ser positiva, porque em vez de nos ajudar a enfrentar - e desafiar - o nosso "medo", pode sim, ajudar a que ele seja aceite como uma coisa normal.
(Fotografia de Luís Eme - Corroios)
José Gil fez essa afirmação em 2005. Talvez hoje essa afirmação tivesse outros contornos. Também temos a considerar a sociedade em que vivemo, é certo. Olha que no continente americano não se vê esse medo de ser criticado ou de não estar à altura das ideias dos outros. É precisamente o oposto. As pessoas estão cada vez mais abertas para dizer e fazer o que muito bem entenderem sem pensarem duas vezes.
ResponderEliminarAgora medo em termos de segurança. Isso sim. Há muito medo com tanta violência a acontecer principalmente nos Estados Unidos. Até no Canadá isso acontece embora com menos frequência. Mas eu noto (todos nos apercebemos) que os atos violentos estão a acontecer todos os dias em diferentes parte deste país. Impensável há décadas.
Também sou de opinião que a pandemia agravou o medo. A vulnerabilidade humana esteve exposta em termos globais. Muito assustador.
Claro que hoje ainda seria mais pessimista, Catarina.
EliminarEu falo por mim: a pandemia agravou todos os meus medos. Nunca fui uma pessoa de grandes beijos e abraços e, agora, estou cada vez pior. E isto não acaba aqui. No próximo Inverno vai aparecer uma nova estirpe!
ResponderEliminarVai aparecer um nova estirpe?
EliminarClaro que vai Seve. A esperança é que os investigadores descubram antivirais eficazes...
EliminarÉ caso para dizer: as farmacêuticas não param, até são capazes de inventar vírus para depois descobrirem a cura e lucrarem milhões, Maria e Severino.
Eliminar"grande galinha dos vírus que descobriram"...
Li o livro quando foi publicado.
ResponderEliminarLembro-me que o achei interessante.
Pode parecer estranho mas não tenho medos.
Ou então sou inconsciente...
Abraço
Nem todos vivemos com medos, Rosa.
Eliminar(eu também não e não me considero inconsciente, tenho sim uma boa capacidade de abstração...)