quarta-feira, novembro 04, 2020

«A noite tornou-se clandestina»


Contaram-me algumas histórias sobre algumas festas nocturnas, organizadas em plena pandemia, com mil e um cuidados, por todas as razões e mais alguma. 

Só é possível entrar com convite personalizado e nunca se realizam no mesmo lugar. Normalmente são escolhidas quintas isoladas, com o portão de entrada fechado a sete chaves.

Quando ouvi este relato, fiquei a pensar que estas festas deviam ser no mínimo bizarras.

Asseguraram-me que não, não têm nada de diferente de um bar normal. Conversa-se, bebe-se e ouve-se música ao vivo. Numa noite de sorte, até se pode ter a felicidade de escutar a voz de algum cantor ou cantora conhecidos, num ambiente mais informal e descontraído...

Quase em jeito de desabafo, disseram-me: «a noite tornou-se clandestina.»

Nunca tinha pensado nisso. Mas sim, são muitas as pessoas que viviam dentro da noite, e devem continuar a viver... Mesmo que não tenham um "poiso", fora de casa, continuam a esperar pela madrugada, com os olhos bem abertos, entretidos a ver filmes, ouvir música, com um copo de qualquer bebida forte na mão...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


2 comentários:

  1. Isso é uma atitude muito irresponsável para com a sociedade por parte de pessoas que só pensam no seu próprio bem estar. E uma afronta a quem trabalha nos hospitais. É que a minha filha é médica e eu sei o que isso é!
    Desculpe, Luís, o desabafo!

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    1. Não sei em que moldes funcionam, Maria. Se há preocupações com a pandemia, ou não. Provavelmente não. Mas não sei... E sim, será sempre uma "afronta" a estes tempos de recolhimento, agora praticamente obrigatório.

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