Já tinha pensado falar por aqui sobre a forma como se entende a fotografia hoje (já o devo ter feito a espaços, os blogues, tal como os diários, acabam por ser "máquinas de repetição"...), muito graças à facilidade, e até banalidade, com que se usa e abusa da imagem, especialmente da nossa...
Penso mesmo que se fez um "desvio" no entendimento que se fazia da fotografia, no nosso quotidiano.
Durante muitos anos a fotografia para o cidadão comum, servia sobretudo para fixar na memória as pessoas, especialmente os familiares. Antes ou depois da festa, fazia-se sempre a fotografia de grupo.
Quem queria ir mais longe, quem gostava de fixar a paisagem, de preferência sem gente, não era olhado com normalidade. Entrava no grupo da "malandragem" que se dedicava a essa coisa estranha, que chamavam arte...
Hoje, a paisagem continua a ser o caminho da diferença. As pessoas continuam a ser os principais actores da imagem fotográfica, mas com uma novidade: querem estar sempre dentro das fotografias, ser os seus actores principais. As redes sociais influenciaram muito este novo "olhar", com as famosas "selfies", que têm a importância de transmitir coisas como: «eu estou aqui», «eu fui ali», ou ainda, «olha quem está aqui comigo».
Eu tenho alguma curiosidade em saber o que é que a Cindy Sherman ou o Jorge Molder (a Helena Almeida já não é possível...), por exemplo, pensam desta nova fase da fotografia, em que o "eu" é o "actor principal", tal como acontece nas suas imagens artísticas...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
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