Encontrei um rapaz que de vez enquanto desaparece do mapa e estou anos sem o ver.
Ao contrário de mim, já viveu muitas vidas no mundo que nos espera à porta de casa, todos os dias. Só casamentos foram três, todos eles de curta duração (o que durou mais ficou-se pelos quatro anos...). Já morou em várias cidades e países, mas acaba por voltar sempre à casa dos pais, os únicos que nunca lhe fecham a porta...
Está mais desiludido que nunca, por saber que já não vai para novo e que cada vez há menos empregos para quem se aproxima dos cinquenta. A primeira vez que o vi sorrir durante a nossa conversa foi por causa das histórias de assédio, que estão na moda, ao ponto de ele pensar que sempre deve ter sido um "assediador" militante, pelo menos nos trabalhos onde havia gajas boas. Disse isso como se o "atiranço" fizesse parte da nossa condição de "macho".
E a partir de aqui a conversa melhorou bastante. Foi delicioso vê-lo a "despir e a vestir" as mulheres que foi conhecendo e despachando, e também das outras, que o despacharam... Debitou lugares-comuns a uma velocidade incrível. Afirmou saber, por experiência própria, que todo o amor tem prazo de validade, mesmo que exista por aí muita boa gente que se finge feliz, por ter um casamento com cinquenta anos e mais.
Quando nos despedimos percebi que não é só a vida que nos quer correr mal... nós também nos esforçamos para que ela caminhe (ou não...) para os lados errados, do dia ou da noite...
Somos todos diferentes e todos iguais. É por isso que há quem consiga viver a vida inteira no mesmo lugar e também quem precise de andar a saltitar de terra em terra, à procura daquilo que parece não existir...
(Fotografia de Ruth Orkin)
Bonita, foto, Luís! E fiquei a pensar quando se trocam lugares, e é a mulher a fazer o papel desses homens, e eles a mostrar embaraço :)
ResponderEliminarÉ a falta de hábito, Isabel.
EliminarNormalmente a mulher baixa os olhos. :)
e ainda há os que saltitam, parados :)
ResponderEliminarPois, são os sonhos, Laura, são os sonhos. :)
EliminarGosto da foto.
ResponderEliminarEste texto lembrou-me, uma conversa ouvida no autocarro anteontem. Uma senhora entrou e sentou-se ao lado de uma outra que ia no banco à minha frente. Cumprimentaram-se e depois a que chegou perguntou à outra.
- Vais ao casamento?
- Vou. Eu ainda disse que não. A reforma é pequena, mal dá para comer e para a farmácia, quanto mais para roupas e prendas de casamento. Mas ele disse que se eu não fosse nunca mais me vinha ver.
- E então lá foste gastar dinheiro.
- Não. Ele disse que dispensava a prenda e a roupa levo a mesma que levei ao último. Afinal não há assim tanto tempo. Já estou farta de tanto casamento.
- Pode ser que desta vez acerte.
-Duvido. Ele vai para o quarto, ela para o terceiro.
O autocarro parou e eu saí naquela paragem. Nem sei se o jovem em questão seria filho ou neto da senhora que já tinha alguma idade. Mas o seu post fez-me pensar no que leva homens e mulheres a saltitar de casamento em casamento.
Um abraço e feliz dia de S. Martinho
Há pessoas demasiado instáveis para terem aquilo que está convencionado como "uma vida normal", Elvira...
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