Descobri hoje o começo de qualquer coisa... um texto ainda do século passado que queria ser uma história qualquer. O jornalismo estava presente, na pele de Pedro Gama, o protagonista do meu primeiro (e único...) romance, "Bilhete para a Violência". Sem perceber bem porquê, pelo menos hoje, é uma história de perdas:
«Ao entrar na redacção do jornal, Pedro experimentou uma sensação nova, estava tudo silencioso. Sempre pensara que os jornalistas, habituados a conviver com os dramas do dia a dia, nunca fechavam para balanço.
Aproximou-se da secretária arrumada de Patrícia, recordou a colega bonita e inteligente, revoltada com um mundo que ainda não aprendera a conviver com esses atributos. Pedro olhou durante alguns segundos para os jovens redactores que escreviam como se estivessem dentro do cinema a ver um filme. Foi quando um toque ligeiro no ombro o trouxe de regresso ao mundo dos vivos. Era a Helena, boa jornalista e companheira. Fora ela que lhe comunicara em primeira mão a morte da Patrícia.»
Percebi que era um policial, que a jornalista aparentemente se tinha suicidado, mas apenas, aparentemente...
(Fotografia de Cecil Beaton)
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