Logo pela manhã descobri a menina de olhos tristes, sentada num banco, rente à paragem do autocarro. Estava de mochila, devia ir para a escola.
O nosso primeiro encontro deu-se no fim de semana passado, no interior do metro, quase vazio. Passou a viagem da Gil Vicente até Cacilhas a repreender o irmão, com menos três ou quatro anos que ela, como se fosse uma "mãe pequena".
E o pequenote, avesso às ordens da mana, fazia tudo ao contrário. Quando me olhou com ar traquina, disse-lhe que devia obedecer à irmã. Foram as minhas únicas palavras. Entretanto chegámos ao fim da linha e sai primeiro, para não se sentirem de alguma forma constrangidos.
Mas enquanto caminhava não deixei de pensar nas histórias que a minha mãe nos contava, mesmo pequena, como era a filha mais velha tinha de tomar conta dos irmãos, enquanto os pais trabalhavam nos campos...
Às vezes pensamos que o mundo mudou muito, que está tudo melhor, etc. O problema é esquecermos que não mudou para todos... Há por aí quem enfrente os desafios de outros tempos, há quem continue sem tempo para ser apenas criança...
(Óleo de Gaetano Chierici)
Pese os anos que se passaram, e todo o progresso atual, há uma realidade que continua imutável.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana
Continuamos tão desiguais, Elvira...
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