sexta-feira, março 10, 2017

A Banalização das Coisas (importantes e também das outras)...


Acho que todos funcionamos assim, uns mais outros menos. Temos tendência para banalizar as coisas, mesmo as sérias, à medida que o tempo vai passando.

A sociedade de hoje, de "informação instantânea" (curta, grossa e tóxica) também é propícia a que isso aconteça. Cada vez conheço mais gente que deixou de ver as notícias televisivas e de comprar jornais.

Mas escolhi mesmo um exemplo para focar esta nossa maneira de ser e estar. 

Muitos anos e muitas mortes depois, os governos criaram leis que "obrigaram" a sociedade a interiorizar que o tabaco era mesmo um malefício para a saúde de todos. Uma das medidas foi decorar os maços de cigarros com slogans mortíferos, com tanto de assustador como de irritante. Isto foi óptimo para os vendedores de cigarrilhas, porque ninguém queria andar com a "morte" nos dedos, sempre que fumasse um cigarro...

Como costuma acontecer nestas coisas, vários anos depois já ninguém liga muito ao assunto e as caixas, ora discretas ora douradas, para guardar cigarros, deixaram de ser moda. Nos nossos dias alguns miúdos principiantes na arte do fumo até gozam com as fotografias.

Um dos meus poucos amigos fumadores, quando lhe falei do assunto, disse que está tão habituado às palavras e às imagens dos maços, que já não surtem qualquer efeito visual ou de outro género para ele. Rematando com um daqueles lemas com que nos defendemos tantas vezes sobre a sua opção de ainda fumar: «todos temos de morrer um dia, ninguém fica cá para semente...»

(Ilustração japonesa de autor desconhecido) 

6 comentários:

  1. nem sempre.
    eu fumo e sempre que compro os maços novos, escondo-os.
    não gosto das imagens e sinto-me culpada por fumar...

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    1. Não devias, Laura, se o tabaco te dá prazer.

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  2. Em termos genéricos, creio que somo 'educados' neste sentido... "ah, deixa lá, não penses muito nisso", "deixa correr"... E se tiver que ver com tristeza, oh, isso é uma espécie de tabu. Bom, bom, é estar sempre alegre, nem que se seja pateta.

    Luís, quanto ao tabaco, acho bem que se façam estas campanhas. Quem quiser liga, quem não quiser ignora. Mas se não fosse feito, diriam que lhes cumpria fazer e estiveram-se nas tintas, que queriam era poupar e encher os bolsos com os impostos. Enfim.

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    1. Pois somos, Isabel.

      E é melhor do que passarmos a vida a pensar em "tragédias". :)

      Não sei se havia necessidade de ir tão longe, nem se isso tem diminuído o número de fumadores...

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  3. Quando casei, meu marido incentivou-me a fumar. Estávamos em África e as senhoras bem quase todas fumavam e ele gostava de ver. Na altura não havia a informação que há hoje sobre o tabaco. Eu experimentei, não gostei, e nunca mais fumei. Anos mais tarde, os exames médicos deram que ele estava com a hemoglobina a 18. O médico disse que ele corria risco de AVC a qualquer momento. E que o remédio era deixar de fumar. Ele pegou o tabaco que tinha no bolso e jogou fora. Um maço quase inteiro de SG Gigante. E nunca mais fumou. O certo é que um mês depois o valor tinha descido para 16 e três meses mais tarde estava nos 14 normais. Nunca mais fumou e já lá vão 30 anos.
    Um abraço e bom fim-de-semana

    Viu o texto de hoje no Sexta?

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    1. Eram outros tempos, Elvira.

      Sim, os famosos "bidonvilles"...

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