Muitas vezes é necessário escutarmos quem veio de fora, para olharmos para a nossa realidade sem qualquer filtro: Mesmo que as suas palavras possam parecer "caricaturas", há por ali muitas coisas, mesmo pequeninas, que caracterizam essa coisa estranha que é ser-se português.
O Eric, cansado da mediocridade que o cercava, apontou a dedo a meia-dúzia de pessoas que fazia parte do "Coro dos Coitadinhos" e andava com uma mão dada à "Senhora Inveja" e outra esticada, a ver se lá vai parar alguma coisa. Acabámos todos a sorrir, por conhecermos bem demais algumas daquelas "peças".
Por pudor ou cobardia, nunca tínhamos feito um desenho tão aproximado daquela gente que andava sempre à espera que lhe fosse parar alguma coisa dos outros às suas mãos. Invejavam descaradamente o talento dos colegas, sem nunca se esquecerem de colocar a casca de ovo do Calimero na cabeça.
Aquela conversa foi despoletada pela utilização indevida de uma fotografia do Eric no "facebook", por uma "artista", que nem sequer se dignou a dar-lhe qualquer satisfação, como se não existissem direitos de autor nas redes sociais. O Eric não só a obrigou a retirar a fotografia, como lhe disse que roubar continuava a ser feio, mesmo que fosse um simples texto ou uma imagem, acrescentando que o que havia mais por aí eram cursos de escrita criativa e de fotografia. E era boa ideia inscrever-se, podia ser que aprendesse qualquer coisa.
A rapariga como era de choro fácil, em menos de nada fez o número da "coitadinha". Teve logo dois ou três colegas com lenços de papel a enxugarem-lhe os olhos e a destilarem "raiva" para cima do Eric, com vontade de o mandarem para a terra dele.
O Eric não foi em choros e disse que não estava a brincar. E quando ouviu os outros falarem de pena, disse-lhes que não havia por ali nenhum galinheiro.
E eu, depois de toda aquela conversa, fiquei por ali a pensar na dificuldade que temos em chamar à razão quem não tem qualquer talento e se acha o "melhor do mundo" em qualquer coisa. Ou pior ainda, quem é capaz de usar o talento dos outros para proveito próprio, como foi o caso. Não sei se é do nosso sangue quente, sei que nos falta muitas vezes a frieza do Eric, para chamar alguns elementos do "Coro dos Coitadinhos" à razão...
(Óleo de Juan Gris)
E fez muito bem o Eric.
ResponderEliminarConcordo consigo, Luís. Nem sempre somos capazes de chamar os outros à razão...
Um bom fim de semana.
Um abraço.
Pois não, Graça. Muitas vezes por confundirmos as coisas e pensarmos que é "má educação" dizer as verdades incómodas...
EliminarLuís, penso que essa dificuldade em chamar-se à atenção assim como a de emitir certas opiniões que não colam no ram-ram da maioria, em boa parte se deve ao medo da solidão, ao medo de se ficar só ou mais só. Precisa-se, ou pensa-se que se precisa, de existir em grupos e que fora do grupo se é menos.
ResponderEliminarNão vou tanto por ai, Isabel, por esse medo, vou mais pelo "politicamente correcto", por não querermos sair mal das situações (a frontalidade gera quase sempre conflitos...).
EliminarLuís, e o evitar-se esse tipo de confronto (não tem de ser conflito)não é pelo medo de se ficar isolado, pelo medo dessa solidão?
EliminarTambém pode existir, Isabel.
EliminarNo trabalho por exemplo as pessoas são cobardes, raramente defendem os colegas quando são vitimas de injustiça por parte dos chefes. Ficam em silêncio.
Só nas costas dos chefes é que nos dizem que temos razão...
O Eric procedeu bem.
ResponderEliminarNão se pode pactuar com quem procede assim.
Um abraço e bom domingo
Nós portugueses, temos demasiadas "nove horas", Rlvira. :)
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