Hoje festeja-se a poesia, a natureza, dentro da estação com mais cores do mundo.
Mesmo assim, ao folhear o quase livro onde guardo "quase todos os meus poemas", parei no "Palhaço sem Circo", porque a realidade amarga muito mais do que parece...
Palhaço
sem Circo
Ninguém acreditava
Que o circo tivesse voado com o vento
E que ao palhaço pobre,
Velho, cansado e sem companhia,
só lhe restasse a rua
Para vaguear e sonhar
Com a cumplicidade
E os aplausos da lua...
Assim que começava a anoitecer
Vestia a roupa gasta e colorida,
Pintava-se ao espelho do seu quarto
E depois partia de viagem
Sem destino e sem palco.
Quem parava para ver o espectáculo
Ficava quase sempre encantado
Com a magia com que pintava a avenida
Despertando pombos e vagabundos
Com a sua graça e fantasia.
As pessoas que passavam na rua
Voltavam a sorrir por momentos
Enquanto fazia vénias aos candeeiros,
Que iluminavam o palco da sua vida,
Pulava bancos de jardim e cantava
Extasiado com os aplausos da lua...
Ninguém acreditava
Que o circo tivesse voado com o vento
E que ao palhaço pobre,
só lhe restasse a rua
E os aplausos da lua...
(poema de Luís Alves Milheiro, óleo de Luís de Souza)
Excelente Luís.
ResponderEliminarObrigado pela partilha.
Um abraço e por favor, não deixe que poemas como este, adormeçam numa gaveta.
Abraço, Elvira.
EliminarLuís
ResponderEliminarque poema tão belo!
já li e reli, e gostei muito.
beijinho
:)
E eu gostei que gostasses, Piedade. :)
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