Tenho saudades de ter conversas quase malucas, distantes do país dos "larápios" que têm como segunda profissão, políticos ou banqueiros. Conseguir fingir que uma música, um poema, um filme, um quadro ou uma fotografia, são mais importantes que tudo o resto que gira à nossa volta.
Mas o capitalismo é tão cabrão, que já nos espia em quase todas as esquinas da vida.
Se ele fosse o "adamastor" dos nossos tempos como o Adriano lhe chama, ainda havia alguma esperança de se virar este "cabo das tormentas". Mas é muito pior que isso.
Talvez a Rita tenha razão, quando diz que lhe andamos a facilitar a vida, diariamente. Tornámos tudo mais visível, mais fácil de espiar e espiolhar. É quase como se andássemos todos vestidos de roupas transparentes, oferecendo a possibilidade aos outros de descobrirem as cores da roupa interior (quem usa...).
E se até o jornalismo perdeu o respeito pela verdade e pela notícia, desde que ganhou o hábito de inventar, quando não sabe, não nos podemos admirar que ande tanta gente por aí a dar cambalhotas...
Mas o mais grave é não vermos fim à vista deste "pesadelo", cada vez mais próximo das ditaduras. Pesadelo alimentado por toda esta gente mentirosa, bem vestida e bem falante, que olha para o mundo e em vez de ver pessoas só vê a "merda" do dinheiro...
(Fotografia de Luís Eme)
Este post dá pano para mangas... Muito bom, Luís.
ResponderEliminarManusearei o pano mais tarde porque hoje a empreitada pela frente é grande.
Se dá, Isabel.
EliminarVivemos uns tempos muito complicados. Ou seja, conseguimos complicar de uma forma completamente estúpida a nossa vidinha...
Admirável este post absolutamente admirável, absolutamente real!
ResponderEliminarE o pior é que quase toda esta gente já foi engolida pela merda do dinheiro (ricos, pobres, ordenados mínimos, miseráveis, velhos, novos, tudo, vai tudo de arrasto...) é um autêntico cilindro e estamos de tal modo envoltos e enrolados (por esta seita de Bruxelas, Durões Barrosos e quejados) que dificilmente conseguiremos escapar.
Pois fomos, Severino.
EliminarTemos tantas coisas para agradecer ao Cavaco. Esta é mais uma. Foi ele que nos vendeu a ilusão de que nem sequer precisávamos do mar e da terra, para vivermos bem (e lá vendemos o país a esta Europa...).
Luís, primeiro, tenho saudades das conversas. Por aquilo que vivo e pelo que me é dado a observar, na generalidade, as pessoas cada vez conversam menos. Não me parece que tal se deva só à substituição do real pelas novas tecnologias. A interacção dá trabalho, implica compromisso, quer opinião e tomada de posição, e isso pode não ser conveniente.
ResponderEliminarO Sérgio bem que avisou a Rita que a vida era dura... E continua a dizê-lo sem nesga de mentira. Põe-te em guarda.
De jornalismo saberás tu opinar, contudo estou em crer que a facção que defende que não há objectividade - no limite, não; ok, mas não é isso - e que a notícia é feita de olhares, tem contribuído para um faits divers inusitado a que ajuda interesses duvidosos.
Apesar de concordar que o fim do pesadelo da desigualdade não parece vislumbrar-se, quero continuar a pensar que cada um, nalguma medida, pode fazer a diferença. Ou seja, que não embarquemos no desalento de que não há nada a fazer e o substituamos pela memória de uma frase batida de esperança.
Olha, ela voltou! (é quase título de canção).
EliminarSim fala-se menos, Isabel, até porque os problemas que enfrentamos diariamente são praticamente os mesmos. E não nos apetece desenrolar a "cassete".
E é isso que nos leva à "anestesia"...
O jornalismo há muito tempo que não é livre. Existe neste momento um monopólio que não existia na ditadura, do poder económico, que não lhe interessa que se levantam muitas ondas contra os seus negócios e contra os seus amigos...
Estamos quase num beco sem saída...
muito bom este post, e quando escreves que,
ResponderEliminarcito :
E se até o jornalismo perdeu o respeito pela verdade e pela notícia, desde que ganhou o hábito de inventar, quando não sabe, não nos podemos admirar que ande tanta gente por aí a dar cambalhotas...
como se encaixa com o "jornalismo" que lemos por aí.
a foto que suponho ser tua está muito original, porque, se fosse uma foto com duas pessoas na esplanada era apenas mais uma foto, mas esta tem um pormenor belíssimo e que lhe deu a originalidade "as mantas" tão giro!
beijinho
:)
Às vezes preciso de me libertar, Piedade.
EliminarEstou farto da passividade das pessoas do nosso país.
Difícil na era actual, ter essas conversas.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Elvira, ainda hoje, logo de manhã (antes das nove), quando fui às compras ouvi uma mulher dizer, apressada, tenho de ir trabalhar. Ter um trabalho é muito bom.
EliminarAchei aquilo tão antigamente, quando as pessoas se sujeitavam a tudo para terem um bocado de pão.
E depois vemos todos estes ladrões a delapidarem o Estado (que somos todos nós) em milhões e assistimos a isto como se estivéssemos a ver um filme.
Já começo a não ter paciência para ser português.