segunda-feira, fevereiro 08, 2016

Há Mentiras que só têm Graça por Serem, isso Mesmo, Mentiras


O Eça qualquer coisa estava a passar na rua e ficou estarrecido a ver dois homens bem vestidos, entretidos, cada um a morder a sua meia. Embora visse pouca televisão, os seus rostos não lhe eram totalmente desconhecidos. 

Um pouco mais à frente viu um pobre diabo, vestido de farrapos, completamente descalço a contar um pequeno molho de notas, sem conseguir esconder um sorriso largo, quase de quem ganhara a sorte grande.

Continuou a pensar nos dois homens que vira anteriormente e pela protuberância do nariz do mais pequeno desconfiou que era um tal de Portas. E outro só podia ser um Coelho, que já fora primeiro-ministro e gostava de fazer a corte a uma alemã loura, meio homem meio mulher, que tinha a mania que era a "rainha da Europa".

Mas ao cruzar-se com o conhecido Pacheco, cronista afamado pelas suas histórias de escárnio e maldizer, este contou-lhe que um tal António que tinha dado à Costa, além de conseguir ser o chefe de governo sem ganhar eleições também conseguira ver o orçamento, amaldiçoado por quase todos, ser aprovado em Bruxelas. E pelo caminho chegara a acordo com os donos da TAP, para que o controle da companhia dos aviões fosse administrado a "meias" pelo Estado e pela nova gerência.

E como resultado havia uma gentinha maluca que além de serem apanhados com frequência a dar cabeçadas nas paredes, também andavam por aí a comprar meias quase em decomposição, porque um fulano, que toda a gente chama de "Múmia", que vivia em Belém, disse que as ditas faziam milagres para a azia e dores de fígado, de dentes, de corno ou de outra coisa qualquer.

Quem não cabe de contente são os sem-abrigo, que começam a não ter mais meias daquelas que ficam de pé para vender. Até dizem que o Natal desta vez chegou muito mais cedo à Cidade. Nem sequer são obrigados a tomar banho para tomar um refeição decente ou a fazer uma vénia à sotora Jonet, "mãe dos pobrezinhos"...

(Óleo de Georges Coronimas)

4 comentários:

  1. A ironia do que escreves é excelente e muito, muito oportuna.
    Um abraço, Luís.

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    1. Nunca vi uma direita tão trauliteira como esta, Graça.

      O que fazem para ser poder. Mas as contas têm saído trocadas.

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  2. Assertivamente irónico. Gostei.
    Um abraço e bom Carnaval

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    1. Temos de nos rir com isto tudo, Elvira. Caso contrário ficamos "azedos"...

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