terça-feira, janeiro 27, 2015

Voltou a Morrer-se em Casa, quase Pacificamente, por esse Interior Fora...


O jornalismo mudou muito e para pior, Não se anda à procura de notícias, espera-se que as notícias batam à porta. E quando batem é um corropio, com reportagens para quase todos os gostos.

É por isso que os jornais e as televisões montam piquetes nas urgências dos hospitais, à espera de mais mortes enquanto se espera a vez. E por razões que a razão desconhece, continuam atentos a quem passa pelo estabelecimento prisional de Évora...

Num outro país, longe dos hospitais e onde os centros de saúde fecharam, muitos avós, perdidos nas aldeias do interior, morrem calmamente, sem que tenham de viajar para o "purgatório" que conhecem da televisão, onde tanto se morre da cura como do mal, pelo menos é o que pensam.

Se não há dinheiro para todos os medicamentos, menos haverá para pagar um táxi até à cidade mais próxima, quase sempre a trinta, quarenta quilómetros...

Os governantes e os jornalistas estão longe deste país. As terras longínquas dão poucos votos e ainda menos notícias.

Nada que incomode muito os velhos destas terras votadas ao abandono. Se lhes perguntarem se querem ir para o hospital, não abrem a boca mas abanam a cabeça, e dão uma resposta negativa. Se puderem escolher, morrem em casa, preferencialmente durante o sono, mesmo que seja breve... 

O óleo é de Célia Reisman.

Sem comentários:

Enviar um comentário