Durante o almoço de ontem, falámos de muitas coisas, até de histórias de outros tempos (que não são os meus...) e da sabedoria de algumas pessoas cuja experiência de vida lhes dizia, logo no dia 26 de Abril de 1974, que não iríamos conseguir viver em democracia, porque não sabíamos pensar por nós, nem sabíamos o que queríamos.
Devo acrescentar que estas palavras ditas após a Revolução foram o desabafo de um oposicionista, culto, cansado de lutar contra a corrente, desde a sua juventude, quando fez parte do MUD Juvenil.
Meses depois entretinha-se a olhar para os "comunistas novos" que subiam aos palanques para discursar. Gente que nunca encontrara nas batalhas que travou contra o salazarismo e o marcelismo. O mais curioso era olhar sem sentir qualquer estranheza.
Ele conhecera muita gente e lera muitos livros (talvez demais, se isso existe...). Por isso, sabia melhor que ninguém, que nas "guerras pelo poder" eram mais importantes os oportunistas que os idealistas... da mesma forma que sabia que precisávamos de viver pelo menos 50 anos em democracia, para nos habituarmos a ser donos das nossas acções e ideias.
Eu escutara em silêncio o filho a retratar o pai, com um orgulho desmedido. E com razões para isso. Foi também por essa razão que me apeteceu homenageá-lo, aqui, no Largo.
O óleo é de Alberto Godoy.
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