Antes do atentado de Paris, tinha tido uma conversa extremamente rica com um homem fascinante, o Filipe, sobre a tentativa (frustrada, diga-se de passagem...), de me condicionarem enquanto homem de letras e de pensamento livre (sobre algumas "postas" publicadas no Casario do Ginjal , sobre o Poder Político Almadense).
Ele sorriu quando lhe contei o que tinha passado e afirmou: «o mundo está cheio de donos de qualquer coisa, até da liberdade, a única coisa que nunca devia ter dono.»
Depois contou-me o que lhe sucedera durante o PREC, a ele que sempre fora oposicionista da ditadura, terminando desta forma: «Ainda hoje, quando penso que fiquei aliviado com o 25 de Novembro em 1975, não me sinto muito confortável. Mas é a verdade. Fiquei aliviado porque se caminhava para outro tipo de ditadura, pelos grandes defensores da liberdade de então.»
Para que eu não ficasse com qualquer dúvida, deu-me a explicação mais simples que alguém poderia dar: «Luís, antes do 25 de Abril chamaram-me mais que uma vez comunista. Depois da Revolução, também me chamaram, mais que uma vez, fascista. Nada que me preocupasse muito. Ainda hoje é assim, nunca fui com a "manada", sempre gostei de pensar pela minha cabeça.»
O óleo é de Olga Sergeevna.
Distinguir-se da manada, assumir o seu próprio sentido.
ResponderEliminarGostei da frase «o mundo está cheio de donos de qualquer coisa, até da liberdade, a única coisa que nunca devia ter dono.»
Bom fim de semana, Luís.
mas infelizmente há por aí muitos donos de qualquer coisa, Filoxera.
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