Posso começar pelo dinheiro, que cada vez condiciona mais as nossas vidas. Quando um primeiro-ministro contrata um secretário-geral para o seu governo, que vai ganhar seis mil euros mensais, e tem o desplante de dizer que este "vai pagar para trabalhar", insulta quase dez milhões de portugueses, que nem um terço deste valor recebem das suas ocupações profissionais.
Mais graves são as "comparações" que tenta fazer entre as manifestações contra o racismo e a favor deste, tentando armar-se em "balança". Além da desproporção entre as manifestações e os manifestantes (a manifestação contra a discriminação racial trouxe para a rua dezenas de milhares de pessoas, de todos os quadrantes políticos - até sociais democratas - enquanto a promovida pelo Chega contou com pouco mais de uma centena de pessoas, todos racistas...).
Mas os números nem são o mais importante. A questão de fundo é comparar quem luta pelos direitos humanos e pela igualdade de tratamento entre todos as pessoas, independentemente da sua cor de pele, naturalidade ou credo religioso, com gente racista, que aproveita todas as oportunidades para colocar em causa que é diferente deles...
Embora seja um lugar cada vez mais comum, é triste percebermos que estes políticos não aprenderam nada, continuam agarrados aos mesmos vícios do final do século dezanove, tão bem caracterizados na escrita pelo grande Eça de Queirós e na arte do desenho humorístico pelo enorme Rafael Bordalo Pinheiro.
(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)
Esse Eça de grande e farta cabeleira não tem qualquer semelhança com aquele que temos aqui na Póvoa, terra onde nasceu! Ou não é ele que aparece na foto?
ResponderEliminarEste é o Rafael Bordalo Pinheiro e o seu Zé Povinho, Tintinaine.
Eliminar"Moram ambos na rua mais movimentada das Caldas da Rainha (conhecida como Rua das Montras).