sábado, janeiro 26, 2019

A Estupidez Crescente do Comentário Televisivo e a Banalização da Memória


Se há coisa que me incomoda ouvir nas ruas e nos cafés são as discussões doentias sobre futebol, quase sempre distantes do jogo em si, pois fala-se sobretudo de clubes e de árbitros. 

Sim, raramente ouço falar da beleza do jogo, da qualidade técnica dos jogadores ou da sabedoria dos treinadores (ou da falta de ambas as coisas...). 

O amor e o desamor pelos clubes torna impossível a existência de uma conversa normal sobre um jogo de futebol. A "cegueira" e a desconfiança (sempre que uma equipa é beneficiada a primeira coisa que se diz é que "o árbitro estava comprado"...) são mais fortes que tudo o resto.

O mais curioso, é que estas "discussões de café" são alimentadas diariamente em programas transmitidos nos canais de notícias dos principais operadores televisivos, com comentadores que são capazes de dizer hoje uma coisa e amanhã o seu contrário, sem qualquer pudor.

O grave da questão é que esta "clubite", também é, cada vez mais, praticada na política, e pelos próprios dirigentes  partidários (muitos deles também comentadores televisivos, que têm o mesmo comportamento dos seus colegas do desporto, dizem uma coisa hoje e amanhã outra, completamente diferente, como se não existisse memória...

Só assim é que se percebe que quando o líder do maior partido de oposição apoia a existência de "pactos de regime", em áreas sensíveis como a justiça ou a  saúde, defendidas pelo Presidente da República, tenha a oposição de gente do seu partido, que prefere o "bota abaixo", a "intriga" e a "mentira", à defesa dos interesses e das condições de vida dos portugueses e de todos cidadãos que vivem no nosso país.

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)

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