Sei que a receita de sucesso de muitos dos programas televisivos é a exploração da desgraça alheia.
Isso não acontece por acaso. Há muito boa gente que gosta de espreitar a dor dos outros. E se for a "dor" de alguém conhecido - um artista da rádio e tv -, ainda melhor. Exclamam com satisfação, umas para as outras, como se percebessem pela primeira vez que as pessoas que entram em telenovelas e enchem as páginas das revistas coloridas, também são "humanas".
Sei que isto não revela apenas estupidez natural ou défice cultural, espelha sobretudo o vazio das vidas de uma grande parte das pessoas, que precisam de "alegrias e tristezas alheias" para conseguirem sobreviver, neste mundo estranho...
(Fotografia de Luís Eme)
Às vezes penso que as pessoas viveram tantos anos amordaçadas, sem poderem dizer o que lhes ia na alma que não aprenderam a viver quando lhes tiraram a mordaça. Vivem a vida dos outros, amam e odeiam, riem e choram com a vida dos outros, como se elas fossem ocas, e não tivessem as suas próprias alegrias e tristezas para viver. Há muito que não viajo, para fora do país, não sei se isto acontece só em Portugal, ou se a humanidade está a ficar sem rumo.
ResponderEliminarAbraço e bom fim-de-semana
Pois, ainda há a possibilidade de ser um problema universal, Elvira...
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