Embora não frequente todos os jornais, pelo que que vou lendo penso que a figura do "provedor do leitor" desapareceu (a excepção era a RTP, que ainda mantinha o provedor do espectador, que também me parecer ter terminado com a morte recente de Jaime Fernandes), como se não fizesse falta num meio onde se cometem tantos "atropelos", por se fingir, vezes demais, que não existe o "contraditório".
Quando me perguntam porque é que se deixou de ler jornais, sei que não existe apenas uma razão. Mas a falta de credibilidade da comunicação social tem uma boa quota parte de responsabilidade.
O que me faz mais confusão é que quem exerce a função de jornalista, não consiga (ou não queira...) separar a notícia do comentário. É ensinado a qualquer estudante de jornalismo que a notícia deve ser o relato do que aconteceu (o famoso e velhinho, "quando, onde e porquê"...), sem que se comente ou apontem dedos acusatórios a quem quer que seja...
Nos últimos anos alguns jornais e televisões tornaram-se peritos nos "linchamentos públicos", misturando meias-mentiras com meias-verdades, com o maior desplante, ao ponto de interferirem na investigação dos casos de justiça mais mediáticos, colocando em causa todo o processo. Com esta prática os "jornalistas" e "comentadores" acabam por ajudar sobretudo os "criminosos", que se "agarram" a tudo aquilo que pode pôr em causa os investigadores e os juízes.
O caso torna-se ainda mais grave quando alguns arguidos, mesmo culpados, até são capazes de colocar acções em tribunal contra o Estado, pela deturpação que é feita dos factos na opinião pública...
Tudo isto que vai acontecendo diz-nos que o jornalismo, embora caminhe cada vez mais pelas "ruas da amargura", tem a perfeita noção do poder que exerce na sociedade. Se está em terceiro, quarto, quinto ou sexto na lista, isso nem é relevante. O que é relevante é no que se tornou. É quase um "prostituto", pronto a vender-se a quem pagar mais...
(Óleo de Lesser Ury)
Absolutamente de acordo amigo. Há dias disse mais ou menos isso num comentário de um também jornalista. E a resposta, foi que é isso que o público quer. Que aos leitores não interessam essas noticias. O que ainda lhes faz comprar jornais, são as especulações à roda delas. Acredita?
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Dizermos que é isso que o povo quer, é entrarmos na negação da cultura e do papel educativo do jornalismo, Elvira.
EliminarDurante muitos anos os jornais foram os "livros" dos portugueses...
Inteiramente de acordo com tudo o que escreveu, Luís. Mas, eu até iria mais longe. Tal como na mais velha profissão do mundo, neste aspecto da especulação noticiosa fazer vender mais jornais, tudo parte da procura que faz elevar a quantidade da oferta, ou seja, o público parece gostar de escândalos, notícias sensacionais e quanto mais escabrosas mais atractivas. Por sua vez, jornais e jornalistas, para vender, entram no esquema da especulação. É o vale tudo...o salve-se quem puder!
ResponderEliminarE o pior é que a comunicação social é mesmo o quarto poder...
Boa noite.
O povo sempre gostou de mexericos, Janita.
EliminarMas se se lhe der qualidade e ensine a ler e a pensar livremente, deixam de ser tão facilmente manipulados...
Claro que ninguém está para isso.
É isso que dizes, Luís.
ResponderEliminarPapel educativo do jornalismo, como vejo ali numa resposta? É melhor procurar com lupa. Está a ocorrer-me o seguinte exemplo recente: o muro EUA / México. Foi explicado que boa parte da estrutura já existe há bastante tempo? Não. Foi omitido, para que o efeito sensação jogasse a favor da máquina.
Há cada vez mais manipulação e até diversão sobre coisas sérias, Isabel...
EliminarÉ confrangedor ouvir a maior parte dos comentadores televisivos, seja de futebol ou de política.
Arrojado, provocatório mas necessário ponto de vista.
ResponderEliminarQuando há uns anos o tribunal constitucional foi o derradeiro fiscalizador de algumas decisões que se estavam a tomar, surgiram vozes que relembravam a dúvida existencial aplicada à justiça: quem policia o polícia?
Penso que tal dilema aplica-se na íntegra ao jornalismo.
Pois aplica, Marcelo.
EliminarPor isso se fala tanto de uma "ordem dos jornalistas", embora não saiba se seria a solução...