sábado, fevereiro 25, 2017

O Difícil é Fugir...


Tenho alguns amigos funcionários públicos que conseguem fugir ao espírito da "coisa", mas são raros. 

Há um ritmo de trabalho (devagar, devagarinho, parado...) que com o tempo acaba por se apoderar de nós... Porque quem tem demasiada energia (essa enorme dificuldade em estar parado...) acaba por fazer o seu serviço e de uma boa parte da secção, sem que os outros se mostrem muito incomodados com isso...

Nunca esqueço o Nascimento, um "cromo" adepto da "paz e do amor", que era capaz de andar o dia inteiro com o mesmo papel na mão, a cirandar de secção em secção, sempre cheio de amabilidades e simpatias, a dar à língua, mas incapaz de "mexer uma palha", para desespero do chefe, que viu-se obrigado a declará-lo como um "caso perdido", o que na função  pública acaba por ser sempre uma "promoção"...

Dizem que as coisas estão a mudar. É provável, mas muito lentamente, no tal ritmo: devagar, devagarinho, parado...

(Ilustração de Robert Brault)

9 comentários:

  1. Luís, creio já ter dito pela bloggosfera que sou funcionária pública há muitos anos, há volta de três décadas.
    Não vou contrariar nada do que disseste, embora saiba que existem diferenças significativas entre determinados sectores da função pública. Não quero aqui especificar por razões éticas que julgo me assistirem.
    E sem entrar em detalhes, duma coisa eu tenho a certeza: não é o funcionário que é culpado por fazer pouco ou a um ritmo lento, mas sim as chefias, a administração. Que culpa tem o funcionário por não lhe darem trabalho ou por não lhe fixarem prazos? Não será muitas vezes uma estratégia para o encostarem. Já vi demasiado destes jogos. Mais: então, admitindo que a culpa é do funcionário, porque não é chamado à atenção e não há mais processos a nível disciplinar?
    Não dará jeito "à máquina" este estado de coisas que, não é muito difícil de perceber, assim alimenta clientelismos?
    Nessa onda de que o funcionário público não faz e é cobras e lagartos em termos de cumprimento, há quem defenda que se a pessoa é empenhada deve ir à procura de trabalho, "inventar", sugerir... Não será colocar a questão ao contrário? A experiência já daria para escrever um tratado sobre o assunto.
    Portanto, basicamente estou de acordo contigo, embora considere que o principal alvo não deva ser o funcionário.
    As coisas estão a mudar? Oxalá essa mudança seja transversal.

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    1. Concordo com muito do que dizes, Isabel.

      E sei que fui injusto para com os bons funcionários, que sabem muito bem o que têm à sua volta... e dos chefes nem é bom falar foi por isso que voltei hoje ao tema....).

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  2. há casos e casos, e nalguns até se trabalha e bem, mas há excepções claro, e devem haver muitos Nascimentos por aí, oh se há!
    beijinho
    :)

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    1. São a maior parte, Piedade.

      Eu sou do tempo que se dizia que a função pública eram empregos para a vida inteira e onde não se fazia nada...

      É também por isso que acho que se mudem os maus hábitos.

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  3. Na Função Pública há de tudo, Luís. Há os que trabalham e que são competentes no que fazem e há aqueles que nada fazem e ainda riem dos que trabalham. E até há aqueles que são impedidos de trabalhar...
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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    1. Sim, Graça. Sei o que é isso de quase nos impedirem de trabalhar, por termos "mais mudanças"...

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