terça-feira, fevereiro 21, 2017

A "Bofetada" e a Mudança de Mentalidades...

Fiquei parado  a ler um artigo assinado pela  historiadora M. Fátima Bonifácio, publicado no "Público", numa já distante sexta-feira treze, de Janeiro de 2006, que abordava as mudanças da mulher na sociedade, ao longo dos tempos. 

Fátima deu um realce especial à pílula, que não só emancipou a mulher como a libertou. Assim como a sua entrada em massa no mercado de trabalho, apesar de todas as desigualdades existentes - e que continuam sem sofrer grandes alterações -, pois para o mesmo trabalho as mulheres recebem quase sempre menos que os homens.  

O texto tem como título "A Importância da Bofetada". Há uma parte que relata a violência doméstica, que não escolhe classe ou meio social, ao mesmo tempo que destaca a facilidade de a mulher conseguir o divórcio  nos nossos dias (também aqui se libertou...).

Mas o mais importante para mim foi mesmo o "remate final" da historiadora no texto: «Não acredito que a situação se possa alterar por meio de uma voluntária e generosa "mudança de mentalidades", pelo motivo de que ninguém muda de mentalidade contra os seus próprios interesses.»

Eu também penso da mesma forma. A mudança de mentalidades infelizmente vai ter de ser mesmo forçada, e ocorrerá quando as mulheres passarem a ocupar os cargos mais importantes no mercado de trabalho e a terem uma situação económica e social privilegiada, pelo menos quando comparada com a dos homens.

Talvez existam uns tempos de "bofetadas" (acredito que uma boa parte da violência doméstica tem origem em complexos de inferioridade masculinos, quase sempre escondidos...).

(Óleo de Charles Courtney Curran)

6 comentários:

  1. Luís, fiquei ali a pensar na mudança de mentalidades forçada... não sei se é sempre assim ou se nunca é assim. A mudança de mentalidades é sempre desencadeada por algo, mas ao mesmo tempo 'não se dá bem' com força.
    É importante que haja paridade no acesso aos cargos mais relevantes no mercado de trabalho, mas não é muito importante que as mulheres os ocupem. Nem sempre querem, mesmo tendo oportunidade. Conheço muito disso à minha volta.
    Para trabalho igual, salário igual, sem dúvida.

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    1. Infelizmente é muitas vezes forçada pelas circunstâncias, Isabel.

      Claro que é desencadeada por algo. O 25 de Abril foi uma coisa extraordinária para todos nós, mas especialmente para as mulheres. Até aí até a lei a entendia em muitos casos como "propriedade masculina"...

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  2. Sempre pensei, que somos nós que contribuímos para a nossa posição subalterna.
    Repare. Somos nós mulheres que parimos os homens, que os amamentamos, que os educamos. Atualmente já existem muitos professores, mas o Luís sabe que era antigamente uma profissão quase exclusivamente feminina. Então não seremos nós que os fazemos assim? Lembro de quando era menina. A minha mãe dizia para nós, eu e minha irmã, limparmos a casa lavarmos a loiça etc. Então e o Arménio, perguntávamos nós. E a minha mãe, o Arménio é rapaz, não cuida da casa. Eu não eduquei assim o meu filho. Tanto assim que quando a minha nora esteve internada e eu fui lá a casa para dar uma ajuda, ele me respondeu que não havia nada para fazer, já tinha cuidado de tudo. Penso que a mentalidade que tem que mudar é a nossa. Depois de nós eles mudarão naturalmente, porque os ensinaremos de meninos a pensar de outro jeito.
    Um abraço

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    1. Concordo com tudo isso, Elvira.

      Tudo começa nas nossas casas...

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  3. Ola! Me siga no Google+ e no Blog, que eu sigo de volta. abraços

    http://nintudo.blogspot.com.br/

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