sábado, abril 09, 2016

O Bom das Entrevistas e das Memórias...

Hoje estive à conversa com um amigo sobre o jornalismo que se fazia há vinte cinco anos e o que se faz hoje. Não com um objectivo crítico, mas apenas para desfiar memórias...

Recordamos muitas coisas, desde o barulho das máquinas de escrever - os primeiros computadores tinham surgido há pouco tempo (estavam longe de ser para todos e ainda tinham o écran escuro ("ms dos"), sem as vantagens do programa das "janelas", que surgiria pouco depois.

Recordámos companheiros de todas as idades, num ambiente onde existia mais liberdade de acção e também mais "desenrascanço", pela escassez de meios. Ainda não existiam telemóveis nem internet, algo que veio revolucionar as redacções e o jornalismo.

Perderam-se e ganharam-se coisas. Por exemplo, penso que nos dias de hoje era impossível ter uma página em que fosse eu a escolher as pessoas que queria entrevistar, sem interferências das chefias. E isso aconteceu no princípio dos anos 1990, nas páginas do "Record"...

Durante esses anos fiz quase quatrocentas entrevistas, a gente especial, alguns dos quais foram tão especiais que mantive contacto e sempre que nos víamos era tratado com grande companheirismo e em alguns casos mesmo amizade (Romeu Correia, Henrique Mota, Dinis Machado, Carlos Pinhão, Agostinho da Silva, Mário Viegas, Lagoa Henriques, Artur Semedo ou Fernando Lopes).

Falámos de coisas curiosas, como o facto de ter entrevistado o António Lobo Antunes num gabinete sombrio do hospital Miguel Bombarda... ou de ter conversado com o José Mourinho quando era apenas o terceiro treinador do Sporting (com Bobby Robson e Manuel Fernandes...) e que tinha sido meu companheiro nos iniciados do Caldas... ou de ter recebido a entrevista (a única em que enviei as perguntas antecipadamente...) das mãos de Álvaro Cunhal, na Soeiro Pereira Gomes.

(Fotografia de Luis Eme)

10 comentários:

  1. Quando eu tinha 15 anos, decidi que queria ser jornalista. Não uma jornalista qualquer, mas de desporto. Devorava tudo o que era programa de desporto (naquela altura também não havia assim tantos :), os meus dias terminavam com a sequência: Financial Times, Remate e Acontece. Depois fui parar a Letras e perdi o bichinho, embora ainda tenha dado para fazer umas pesquisas nas sedes de A Bola e Record. :)

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    1. Se calhar ainda nos cruzámos por aí, Carla. :)

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  2. Excelente postagem, Luis. Gosto de lê entrevistas e autores memorialistas.Um abraço.Realmente, há grande diferença entre o que se faz hoje em jornalismo e o que era feito 30 ou 20 anos atrás. Tive um irmão jornalista (falecido) e hoje tenho dois sobrinhos no meio jornalístico. Parabéns, pela sua imensa produção.Bela foto!
    Um abraço.
    Lúcia

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    1. Muita diferença. Lúcia.

      São outros tempos, outros meios, outros interesses...

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  3. Acho que o bom foi também recordar tudo já vivido, fica-se com um sabor bom, algo nostálgico :)

    Beijinhos

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    1. Sim, o passado se for bom, só nos faz bem, só nos abraça, Glória. :)

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  4. Antes que me esqueça: boa chapa! Local de paragem obrigatória quando vou a Lisboa, como aconteceu hoje. :)

    Luís, e até eu fui às memórias.
    Quase no final da licenciatura, tive um contacto mais estreito com um jornal que julgo ainda existir. Foi o Jornal da Costa do Sol. Duas ou três vezes por semana ficava em Oeiras, na casa de uma colega, e íamos para lá 'estudar os públicos'.

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    1. Sim, é sempre um lugar agradável e cheio de gente, Isabel. :)

      As memórias são parte de nós.

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  5. Boas recordações para memória futura. E uma boa fotografia.
    Um abraço

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