quinta-feira, outubro 24, 2024

Quando se diz e faz quase tudo...


Marco Paulo deixou-nos hoje e foi homenageado pelas televisões, com um tratamento digno das maiores figuras da cultura do nosso país. 

Em parte, ainda bem que isso aconteceu, contrariando o "esquecimento" de muito boa gente, que tem apenas direito a uma fotografia e uma nota de rodapé, no seu adeus.

Mas não deixa de ser curioso, este tratamento especial. Até porque penso que Marco Paulo nunca teve direito à chamada "unanimidade", especialmente nos meios musicais (e isso não muda apenas porque as televisões lhe oferecem mais horas de emissão, na despedida...). 

O mais curioso, foi ter sido o aparecimento massivo da "música pimba", que fez com que passasse de "cantor piroso" a quase um interprete de culto da nossa música ligeira. Mesmo que nunca tenha sido  esquecido o facto de Marco Paulo ter "apenas" uma bonita voz e de nunca ter composto ou escrito uma canção. Marco limitou-se a cantar versões de autores de outros países, escolhidas a dedo pelo seu produtor. Não tenho grandes dúvidas, que é essa a explicação para a tal ausência da unanimidade, por parte dos seus pares...

Embora tenha ficado feliz por se ter dito, e feito quase tudo, em relação a um dos interpretes mais populares da música portuguesa (que por isso mesmo, usou e foi usado até ao fim, por um canal televisivo), era bom que não se exagerasse na adjectivação. Até porque a história diz-nos que só temos direito a uma "Amália" e a um "Zeca Afonso", por século...

Focando-me essencialmente na memória (cada vez mais selectiva...), mesmo que passe por "lírico", era bom que este exemplo perdurasse, que se acabassem, de vez, com os esquecimentos da tanta gente de qualidade que faz parte da nossa Cultura, especialmente pela dita televisão...


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