Um bom exercício era metermos na cabeça, de uma vez por todas, que mandar alguém para a sua terra, apenas por que nos incomodou, por isto ou aquilo, nunca foi uma piada, mesmo que se esconda quase sempre na lista de piadas de mau gosto: é racismo!
Ao fazermos isto, não precisamos de "apagar" o passado ou o presente, de fingirmos que ele nunca existiu, apenas porque nos incomoda. Muito menos deixar de usar a palavra "preto", mesmo o mundo que nos rodeia nunca tenha sido a "preto e branco" (nem mesmo nos primórdios do cinema, havia sempre uma vasta camada de cinzentos...).
Até porque normalmente as pessoas que "mandamos" para a sua terra, são pessoas que trabalham (não o fazemos com vagabundos ou membros de "gangues"...), que executam tarefas que nós não gostamos, nem queremos fazer...
E depois existe ainda o lado "oficial da coisa". Aos olhos da nossa Constituição, somos todos iguais, nos direitos e deveres, sem que exista qualquer alínea que diferencie os amarelos dos azuis ou os verdes dos vermelhos...
(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)
Volto à questão do racismo.
ResponderEliminarA raça é só uma das muitas características que suscitam a diferenciação, que definem o estranho!
Farto-me de diferenciar brancos só porque me suscitam o estranho, algo que vai do alheamento ao repúdio.
A treta do racismo, no modo como é estúpida e oportunisticamente explorada, só resulta em formar nas pessoas um sentimento de exclusão actuando em duplo sentido: a suspeição de ser excluído e a suspeição de insincera inclusão.
A raíz do racismo teve um fundamento 'científico' hoje de todo afastado.
Cambada de ignorantes que ainda carregam o esclavagismo em cima da cor preta (ou negra, já nem sei qual é o corretês), como se não tivesse havido milhares de escravos brancos no norte de África, para não recuar mais no tempo que o séc.XVI.
A questão não é assim tão simples como parece.
EliminarAinda temos entre nós gente que fez a guerra colonial e gente que viveu nas nossas ex-colónias, e que não conseguem olhar para os pretos como olham para os brancos.
Muito do racismo, parte desta diferença de olhares. Muitas destas pessoas, se mandassem, criavam bairros e transportes públicos só para pessoas de cor diferente...
E enquanto se pensar desta forma, o racismo não deixará de existir...
'Muitas destas pessoas, se mandassem, criavam bairros e transportes públicos só para pessoas de cor diferente..'
EliminarHá séculos que vivemos e convivemos com gente de outras raças.
Há mais sangue negro em Portugal do que em qualquer outro país da Europa.
E só agora é que uma balela dessas tem audiência e merece ser mencionada?
Anda desde há muito uma matilha de cretinos a trabalhar para isso.
Cretinos para quem um 'motivo de luta' é o meio de se sentirem interventivos sem nada de trabalhoso e de significante fazerem para de outro modo se sentirem ouvidos.
Transcreveu muito bem: "Muitas destas pessoas se mandassem..."
EliminarFelizmente não mandam. O que não quer dizer que lhes facilitem a vida ou lhes retirem o "selo" de cidadãos de segunda ou terceira.
Fica-lhe bem o paternalismo de convivermos há séculos com gente de outras raças. Também pode dizer que como colonos, não tínhamos qualquer problema de nos misturarmos com mulatas lindas e fazermos-lhes filhos, ao contrário dos ingleses ou holandeses...
O que quiser quanto ao do costume.
EliminarMas mantenho que tenho o mesmo direito de ignorar um preto quanto o tenho em relação a um branco, e o paternalismo anda por aí a querer negar-mo...
Há muito racismo. Não podemos negar isso.
ResponderEliminarGostei do texto que escreveu. É muito lúcido.
Uma boa semana.
Um abraço.
Nós só temos duas coisas a fazer, olhamos o problema de frente ou continuamos a "enterrar a cabeça na areia", Graça...
Eliminar