O futebol é um mundo cada vez mais à parte. Foi desporto durante pouco tempo, rapidamente passou a espectáculo, para depois se tornar num dos negócios que movimenta mais dinheiro em praticamente todos os continentes, quase sempre de uma forma pouco transparente.
Mas nem é sobre isso que quero falar, dos mais de duzentos milhões da transferência de Neymar. É de quase tudo ser permitido às grandes vedetas, como é o caso de Cristiano Ronaldo. Poderia falar das acusações de fuga ao fisco, mas penso que o jogador português é suficientemente esperto para não se colocar a "jeito", num país que sempre olhou para os portugueses de uma forma muito especial. Não é por acaso que se diz que de Espanha não nos chega nem bom vento nem bom casamento...
Quero falar sim do seu comportamento como pai e "chefe de família". Porque ainda hoje me espanta que as palavras do dr. Gentil Martins, na entrevista publicada na "E" (revista do Expresso), a 15 de Julho, não tenham sido sequer discutidas - sei que estive de férias, mas não senti que fossem sequer tema de conversa, nem mesmo nas revistas de "mexericos"...
O dr. Gentil Martins comentou desta forma o facto de ele ter recorrido já por duas vezes a uma barriga de aluguer:
«Considero um crime grave. É degradante, uma tristeza. O Ronaldo é um excelente atleta, tem imenso mérito, mas é um estupor moral. Não pode ser exemplo para ninguém. Toda a criança tem direito a ter mãe.»
Eu antes da entrevista, já achava estranho que este facto não fosse questionado. que ninguém procurasse saber o que levava um atleta, aparentemente saudável e normal, a recorrer a algo que é utilizado para casos extremos, de quem por razões de saúde não pode fazer a gestação normal de nove meses como mãe. Não vou tão longe como o dr. Gentil Martins, mas também penso que toda a criança tem direito a ter um pai e uma mãe.
Se calhar uma boa parte das pessoas é capaz de dizer que o médico é "maluquinho", e que o futebolista da Madeira pode fazer o que quiser da sua vida, entre outras coisas...
(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)
"espanta que as palavras do dr. Gentil Martins [...] não tenham sido sequer discutidas - sei que estive de férias, mas não senti que fossem sequer tema de conversa, nem mesmo nas revistas de "mexericos"
ResponderEliminarPois, exacto, terá sido das férias. Deu berreiro em barda. Redes sociais, artigos de opinião, trocas de insultos, etc.
Pelo que tenho conhecimento, o que se discutiu em "barda", foram as suas considerações sobre homossexualidade e homossexuais.
EliminarEu no meu texto foco apenas as palavras do dr. Gentil Martins sobre a utilização de barrigas de aluguer por Cristiano Ronaldo. Que no meu entender não são menos pertinentes que as sobre homssexualidade...
Mais a homossexualidade. Mas ambas as questões foram discutidas entre trocas de insultos.
ResponderEliminarLuís, relativamente à entrevista do médico, o que deu mais brado foi o que na minha opinião tinha menos razões para dar, o que disse sobre a homossexualidade. Posso voltar aqui para explicar o meu ponto de vista.
ResponderEliminarAgora vou apenas mencionar que o médico foi incorrecto ao chamar estupor ao jogador moral (até também por tomar uma parte pelo todo, mas não só por isso) e por ter ofendido a mãe do jogador (olha o detalhe interessante: vê lá se ele culpou o pai pela educação que lhe deu?!).
Mesmo que eu tivesse dinheiro e estivesse no lugar dele, é provável que não tomasse essa iniciativa. Porque não é da minha natureza e porque tenho um "apelo" diferente no que se reporta à questão de ter filhos. Contudo não critico, até porque me faltam argumentos ao pensar que estes quadros legislativos são também discutidos em sede de comissões científicas e de ética.
Mas a legislação que cobriu o procedimento não obriga a que se deva recorrer a tal apenas por razões extremas como dizes, as de saúde que mencionas. Não admites que para outras pessoas existam outras razões consideradas extremas e que, se a coberto de uma legislação, nada há a opor, a não ser uma opinião pessoal?
Não tenho opinião formada sobre a prática.
Como disse, julgo que não iria por aí.
Não critico quem assim procede.
Não diria incorrecto, Isabel. Inconveniente, sim.
EliminarEm relação à homossexualidade, foi demasiado preconceituoso.
Em relação a Cristiano Ronaldo, pôs o dedo na ferida, ainda que abusasse nos termos.
Houve alteração na lei nas "barrigas de aluguer", mas o que Cristiano Ronaldo fez continua a ser ilegal no nosso país, ou seja, continua a ser crime.
No meu entender, é no mínimo estranho, que alguém aparentemente normal precise de recorrer a este estratagema para ter filhos (provavelmente também estou a ser preconceituoso, ninguém é perfeito.
Há um lapso nas quarta e quinta linha derivado a escapar-me o cursor: queria dizer "estupor moral", que ficou separado.
ResponderEliminar(eu percebi...)
EliminarEle parece ser um bom pai para o seu filho - se pensarmos que de outra forma o seu filho e agora mais dois, os gémeos, não existiriam, como condenar? Vendo-se cada criança como um milagre, os seus três filhos são também milagres e o importante é que sejam amados e bem cuidados agora que já cá estão
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