quarta-feira, abril 20, 2016

A Bondade Humana Dentro de um "Mundo" Sem Concerto...

Se compararmos as notícias de hoje com as de há vinte anos (para não recuar mais no tempo...), ficamos com a sensação de que na actualidade toda a gente usa óculos com lentes de aumentar. A televisão então é pródiga em exemplificar o pior e o melhor que há em cada um de nós. Apesar de eu saber que o "meio termo" nunca foi notícia... e nem é preciso vir com a história do homem que mordeu o cão... acho que se está a exagerar. 

Exemplos? Os telejornais são o que são. Embora não seja consumidor do "negócio", fico com a sensação que há demasiados vilões nas nossas telenovelas. E nem vou nas séries policiais americanas, onde tudo é possível de acontecer... 

Talvez seja apenas uma "colagem" ao tal "mundo" que nos é oferecido pela comunicação social. E como as catástrofes e misérias alheias sempre conseguiram agarrar muito mais o nosso olhar - tal como as vozes dos "profetas da desgraça" - que os sorrisos do actual presidente da República, facilmente chegamos à conclusão que o "mundo" está mesmo sem conserto...

Talvez seja também por isso que  falamos cada vez menos com desconhecidos. Ou seja, estamos a deixar de acreditar que alguém poderá querer falar connosco, apenas porque tem curiosidade em querer saber qualquer coisa simples, como qual é o melhor  caminho para o "Cristo Rei", sem nos querer impingir alguma coisa ou tentar enganar-nos.

Às vezes penso que nunca foi tão fácil desconfiar da bondade humana. Qualquer dia até somos capazes de concluir que ser boa pessoa é um defeito...

(Fotografia de Robert Doisneau)

8 comentários:

  1. Sobre as notícias, muitas parecem "fabricadas", ou seja são empoladas, assuntos de nada tornam-se "crises". Acho mesmo que há um falso alarmismo em relação a tudo. A "não notícia" passa a notícia.

    Sobre o se falar com estranhos, há uns anos, estava em viagem e constatei que tinha um pneu vazio. Parei na estação de serviço e solicitei ajuda a um senhor que estava próximo da bomba de ar. O senhor primeiro quase fugiu de mim! Além de achar estranho eu lhe pedir ajuda.Foi um filme :)

    Beijinhos

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    1. Sou contra as "censuras", mas andam por ai demasiadas meias verdades e meias mentiras, Glória.

      O que é facto é que falamos cada vez menos com os outros. Estamos mais atentos ao telemóvel que ao que nos rodeia...

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  2. ~~~
    Ventos agrestes sopram sobre a Europa, parecendo haver
    um retrocesso civilizacional...
    Porém,
    eu acredito no triunfo da hombridade e ética intrínseca
    a cada pessoa, logo, creio que a humanidade, apesar
    dos percalços, vai continuar a evoluir ao seu ritmo de
    sempre, ou seja, ''a passo de caracol''...

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    1. Há mesmo retrocesso, Majo.

      E isso é cíclico nas sociedades.

      Eu também continuo a acreditar na natureza humana, apesar dos exemplos...

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  3. eu acredito que um dia uma série de coisas possam ser revertidas, Luís...

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    1. Eu também, Laura.

      Mas se calhar isso acontece por sermos optimistas. :)

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  4. Luís, ainda embevecida com o concerto do Einaudi, vou apenas centrar-me nos dois últimos parágrafos.

    Eu não sei se actualmente essa situação se agudizou. E não sei por duas razões: não tenho dados suficientes e a experiência pessoal baralha-me o entendimento, no sentido de perceber qual o lado que leva a melhor.

    Assim, de repente, ocorrem-me várias experiências que se encaixam, ora num lado, ora no outro.
    - Por três vezes, sozinha na estrada, parada devido a avarias e acidente, pessoas vieram ajudar-me sem que o tivesse pedido. Trataram de tudo. Um era médico.
    - Há uns meses, ao presenciar um crime e apercebendo-me de que um homem estava a esvaír-se em sangue, um elemento de forças de segurança disse-me: "Não se preocupe; o nosso corpo aguenta muito."
    - Já tive de gritar por socorro e dizer 'ajudem-me, por favor'. Não estava logo gente por perto. Mas tive ajuda.
    - Há uns meses, no metro em Lisboa, de uma ponta da carruagem apercebi-me que um senhor tinha deixado cair a carteira e que quem o rodeava e não havia dúvidas de se ter apercebido, não fez nada. Corri de onde estava para o ajudar.
    - Já ouvi algumas vezes: "Eu não vou lá... ainda arranjo problemas e depois tenho de ir responder."
    - Contaram-me que um homem que viu uma colega cair não a foi ajudar porque ela tinha a saia levantada e receou ser acusado de abusos sexuais.
    - Há uma série de anos, alguém que não conheço, no aeroporto de Malpensa, sem ter obrigação, saiu da sua zona de conforto, para me auxiliar. Uma ajuda preciosa.
    ...
    Não sei se estamos melhor ou pior no que a esta temática diz respeito... Não sei há uma tendência para se sentir e dizer que os 'nossos tempos' correm mais perigo no que respeita à generosidade de que falas.

    E gosto muito da foto. Doisneau... Um dos melhores.

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    1. Claro que se agudizou, Isabel, ainda que de forma involuntária.

      Queres melhor exemplo que o facto de as pessoas cada vez repararem menos uns nos outros, porque querem é jogar ou saber do mundo através das "máquinas" que inventámos?

      Não sei se estamos piores, estamos sim mais condicionados.

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