Quando escrevemos ficção, escrevemos sobre nós e também sobre os outros (os maus normalmente são parecidos com umas pessoas de quem não gostamos e os bons o contrário..). E às vezes uma personagem são duas e três pessoas juntas.
Na espécie de romance que estou a escrever, falo de jornalismo, com desencanto, claro. Até por saber que muitos dos idealistas de palavras (das crónicas sensíveis...) são uns bons filhos da puta. Ou seja, quem lê as suas palavras, não imagina o que lhes vai verdadeiramente na alma...
Estou a escrever na primeira pessoa e num dos capítulos escrevi:
«Não sei se fui eu que desisti do
jornalismo, se foi o jornalismo que desistiu de mim. Talvez tenham sido as duas
coisas.
Claro que a história teve dedo humano,
como quase tudo o que acontece de bom e de mau nas nossas vidas. As pessoas são
como os carroceis, giram à nossa volta, só que nem sempre se movem pelas
melhores razões, por muitos sorrisos que distribuam.
Foi um editor de má memória, conhecido pelo “Sem Pescoço”, que me começou a empurrar para fora do jornal. Era gajo
para apostar com alguém que me iria derrotar pela impaciência, perante a
indiferença ou complacência do chefe de redacção. Mandava-me fazer reportagens
e depois resolvia não as publicar, quase sempre à última hora, obrigando-me a
fazer uma figura próxima de charlatão junto das pessoas com quem falava e
informava naturalmente da data, que em princípio sairia a matéria.»
O óleo é de Angela Bandurka.
[...Até por saber que muitos dos idealistas de palavras (das crónicas sensíveis...) são uns bons filhos da puta]
ResponderEliminarO Luís lá sabe muito melhor do que eu. Mas tenho a percepção sensível que assim é.
é o velho ditado, Carlos: «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço.»
ResponderEliminarNão sei se posso confiar na minha memória mas tenho a sensação de que o amigo fez anos no dia 3. Pelo que lhe deixo um abraço de parabens e lhe desejo que o ano que ora começou concretize os seus sonhos.
ResponderEliminarBom fim de semana
fiz. :)
ResponderEliminargrato Elvira.
Um romance? Já estou a esperar. E gostei do disse sobre pessoas e personagens. Também penso assim.
ResponderEliminarE eu tento escrever romances. Mas me corto nos espinhos.
acho que já tenho personagens a mais, Letícia. :)
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