Gostei particularmente do "Tempo Escandinavo", os contos do meu companheiro José Gomes Ferreira, que têm coisas que só lembrariam mesmo ao grande Zé Gomes. É um livro demasiado humano. Ele ainda nos tenta "ludibriar", quando diz logo no começo: «Todos os episódios e personagens desta narrativa foram totalmente inventados, para serem mais reais e verdadeiros.»
Claro que Ele "aparece por todo o lado"... Como quando sentiu o que qualquer estrangeiro sente fora do país: «Eu continuava a parecer estúpido. Com o perfil mutilado. Só sei fingir de inteligente em Português.» Ou, quando teve uma visitante em casa: «Lê muito não? - Tirou os olhos da estante e fitou-me surpreendida com a possibilidade de me caberem tantas palavras na cabeça.» Ou ainda: «Aquela ninharia de ouvir chamar "Tejo" a um cão que ladrava em norueguês, lisonjeou-me.»
Coisas tão simples e tão importantes (para mim, claro)...
Entre prosa e poesia, li mais meia-dúzia de livros, mas nenhum com a "verdade" do Zé Gomes (que devia detestar ser o senhor Ferreira...).
(Fotografia de Luís Eme - Algarve)
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