segunda-feira, julho 14, 2025

«Estamos todos a ficar sem "travões". O normal é dizerem-se coisas cada vez mais parvas e ofensivas uns aos outros.»


O Carlos continua a "incendiar" a nossa mesa com frases, que, começam por se estranhar, para depois se entranharem, e serem aceites por todos nós, mesmo que isso aconteça duas ou três voltas depois.

Quando ele disse: «Estamos todos a ficar sem travões. O normal é dizerem-se coisas cada vez mais parvas e ofensivas uns aos outros», ficámos a olhar uns para os outros.

Houve alguém que falou de sermos menos hipócritas. Claro que é mentira. Esta sociedade onde o mérito fica vezes demais a porta, convive bem com a hipocrísia, o fingimento e o "lambe-botismo".

Foi a Carla que disse que era algo mais profundo, que tinha a ver com os valores que recebíamos em casa, onde se aprendia a respeitar e a tolerar o outro, mesmo quando nos apetecia mandá-lo para aquela parte.

Se em casa, na escola, no trabalho ou no café, quem fala mais alto é que acha que está certo, com a conivência de quem lhe devia chamar a atenção, e dizer que conversar é outra coisa, que o monólogo não faz parte da família do diálogo.

 «E nós, vamos começar a falar mais baixinho?», soltou em tom provocador, o Carlos.

A gargalhada geral respondeu pela mesa. Precisamos todos de colocar "pastilhas" nos travões...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


1 comentário: