Quando ele disse: «Estamos todos a ficar sem travões. O normal é dizerem-se coisas cada vez mais parvas e ofensivas uns aos outros», ficámos a olhar uns para os outros.
Houve alguém que falou de sermos menos hipócritas. Claro que é mentira. Esta sociedade onde o mérito fica vezes demais a porta, convive bem com a hipocrísia, o fingimento e o "lambe-botismo".
Foi a Carla que disse que era algo mais profundo, que tinha a ver com os valores que recebíamos em casa, onde se aprendia a respeitar e a tolerar o outro, mesmo quando nos apetecia mandá-lo para aquela parte.
Se em casa, na escola, no trabalho ou no café, quem fala mais alto é que acha que está certo, com a conivência de quem lhe devia chamar a atenção, e dizer que conversar é outra coisa, que o monólogo não faz parte da família do diálogo.
«E nós, vamos começar a falar mais baixinho?», soltou em tom provocador, o Carlos.
A gargalhada geral respondeu pela mesa. Precisamos todos de colocar "pastilhas" nos travões...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Vivo num mundo de gente bem educada! 😃
ResponderEliminarAbraço