sexta-feira, dezembro 12, 2025

"O congresso de migalhas" do primeiro-ministro


Não posso deixar de citar o grande Alexandre O' Neill, que num dos seus textos (De um "Congresso de Migalhas") do seu livro, "Tempo de Fantasmas", podia muito bem estar a referir-se ao espertalhaço do nosso primeiro-ministro.

«Ao grande torneio mandibular que os nossos antepassados introduziram no seu sistema de sobrevivência, com o correr sempre indiferente dos anos, sucedeu este pequeno jogo de migalhas, migalhas de tudo, que ficará como a forma típica do convívio neste tempo.»

A lei laboral, é isso mesmo, um jogo, ainda com mais migalhas, para serem distribuídas para os mesmos de sempre.

É por isso que o "conde de monteverde" é capaz de dizer, sem se rir, que a greve foi pouco geral, de mão dada com o seu querido Amaro, que já se percebeu há muito, que é "pau para toda a obra".

Isso só quer dizer, que não podemos baixar os braços, muito menos aceitar que o nosso patronato, que sempre se esteve borrifando para o crescimento do país (gostam é de ter "bolsos cheios"...), tenha a vida ainda mais facilitada para explorar os seus "colaboradores".

Sim, há coisas que nunca mudam. Uma delas é a filosofia dos "patrões" portugueses.

 (Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


quinta-feira, dezembro 11, 2025

(Greve Geral)

 




terça-feira, dezembro 09, 2025

Não foi apenas o mau tempo no canal...


Não é a primeira vez que os funcionários da maior parte dos transportes públicos (comboio, cacilheiro e metro de superfície...) decidem fazer pequenos ensaios da greve geral (que apoio...), dois dias antes, com a supressão de horários e paragens em alguns estações, apenas porque sim. Ou então, estão com vontade de empatar (e chatear) as pessoas, obrigando-as a chegar fora de horas aos seus trabalhos.

Por não querer descer ao mesmo nível deles, digo apenas que se trata de uma grande falta de respeito por todos nós.

Até por que sei que isto não aconteceu por estar mau tempo no canal.

Talvez eles gostem de ter a maior parte das pessoas contra eles, mesmo as que também estão a pensar fazer greve no dia onze...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


segunda-feira, dezembro 08, 2025

«Passei quase toda a vida a correr à frente e atrás dos homens»


Bastou a passagem de dois polícias pela rua para que todos os "comerciantes sem licença" pegassem nas trouxas e escapassem para outros lugares.

Poucos minutos depois uma mulher com mais de setenta anos de idade sentou-se na mesa ao lado da nossa e pediu um galão. Trazia consigo dois sacos grandes de plástico, cheios de camisas, meias, lençóis, etc. Percebia-se que pertencia ao grupo de vendedores sazonais que andavam a tentar aproveitar a onda dos presentes de Natal, que só passava pela baixa, uma vez por ano.

Pouco tempo depois apareceu outra, mulher mais jovem, que tanto podia ser filha, sobrinha ou simplesmente amiga ou vizinha. Também estava carregada com sacos de material para vender, à piscar o olho à boa vontade das pessoas com os preços baratos dos seus produtos. Um minuto depois apareceu um homem, que quase que apenas entrou e saiu. Deu um recado de ouvido, à mulher mais nova, que já dobrara os quarenta há uma meia dúzia de anos, que a deixou impaciente.

Foi quando começaram a falar das suas vidas, sem se preocuparem com quem estava à volta. Não era preciso ser muito esperto, para perceber que ambas tinham passado parte das suas vidas, nas ruas, em busca de clientes. A meio da conversa a mulher mais madura, aconselhou-a a mudar de homem, para não voltar a cair na armadilha das ruas.

Com a sabedoria dos seus cabelos brancos disse que os últimos anos tinham sido os mais felizes da sua vida e que o melhor que lhe acontecera, fora livrar-se dos homens.

Isto antes de me oferecer a melhor frase do dia, quando confessou: «Passei quase toda a vida a correr à frente e atrás dos homens. Chegou, já não tenho energia nem vontade para isso.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, dezembro 07, 2025

A "cegueira ideológica" dos liberais...


A cegueira ideológica está a atingir níveis impensáveis, tanto dos políticos que nos governam como de alguns jornaleiros, que inventam narrativas e um país que nunca existiu.

Quando li o que um sujeito chamado Ricardo S. Ferreira escreveu no Diário de Notícias, fiquei na dúvida de ele estava a querer enganar-nos, ou se estava a enganar-se a ele próprio. Provavelmente, era as duas coisas...

Quando alguém é capaz de escrever: «Quando o candidato presidencial comunista afirma, num debate, que o liberalismo são "ideias mofas do século XIX", o escândalo não é a sua mentira. Afinal, o comunismo vive da mentira, de reescrever a história. O escândalo é a tirada passar incólume. Mas isso tem uma explicação: nesta sociedade, quase todos os jornalistas inclusive, foram "educados" na mesma escola ideológica que ele.»

O que disse António Filipe, pouco me importa. O que me interessa é a parte final, quando este jornaleiro "explica" que quase todos os jornalistas foram "educados" na mesma escola ideológica que ele, ao ponto de falar da facilidade destes em recitar o "Manifesto Comunista". 

Sei que agora é normal mentir, com todos os dentes ou apenas com metade, na televisão, nos jornais, etc. Mas há limites (ou pelo menos devia haver...).

Em cinquenta anos de democracia, fomos governados apenas pelo PSD, PS e CDS, que não têm nada de socialistas. São eles que têm alimentado o famoso "polvo", que faz com que o líder do Chega, diga, à boca cheia, que temos vivido 50 anos de corrupção. Se nunca fizeram as reformas necessárias, foi por falta de competência técnica e por falta de vontade (o mais importante continua a ser ganhar eleições e não em tornar o nosso país mais competitivo e economicamente mais viável), nunca por questões ideológicas, muito menos "socialistas".

Esta governação social democrata reflectiu-se em praticamente tudo, desde a saúde à educação. Nunca existiram "ilhas" (os Açores e a Madeiras não contam nesta "aritmética").

Talvez o senhor Ferreira ache que tanto Mário Soares como António Guterres ou António Costa, são uns "perigosos marxistas" (não vale a pena colocar Cavaco Silva na equação embora este tenha sido primeiro-ministro durante dez anos)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, dezembro 06, 2025

O verbo "indrominar" está cada vez mais na moda...


O verbo "indrominar" está cada vez mais na moda.

Primeiro foram os políticos, agora é a vez dos comentadores dos debates televisivos entre os candidatos a "marcelo", usarem esta palavra enganadora.

Adoram dar notas e fingir que são professores. E tal como estes, "chumbam" os rapazes e as raparigas com quem não "vão à bola".

E nós não devíamos ser tão inocentes. 

Claro que eles não foram, nem são, escolhidos ao acaso...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, dezembro 05, 2025

Este é "mundo" que está à espera de muitos de nós, depois da esquina...


Há sempre questões polémicas e estranhas para escrever, aqui no "Largo". Tinha prometido a mim mesmo não falar de política e de políticos, durante alguns dias, mas é quase impossível passar ao lado de alguns dramas, cada vez mais assustadores. 

Um dos problemas que se está a tornar cada vez mais visível é o quase desprezo com que se tratam as pessoas de mais idade. Ao ponto de já existir gente com mais de setenta anos, a dormir nas ruas. Muitos delas não conseguem suportar o aumento das rendas e sem filhos para as ajudarem, são forçadas a mudar de vida, entrando no "mundo dos indigentes"...

Quase em paralelo, existe outro problema, não menos grave, que atinge estas mesmas pessoas (e os seus familiares directos).

Estou a falar da falta de lares, de casas de repouso com cuidados continuados, com preços compatíveis com as reformas da maior parte das portugueses. É quase impossível alguém arranjar um lar, de um dia para o outro (a doença faz com que surjam situações imprevistas...), com um valor inferior a 1.500 euros. Ou seja, só uma pequena percentagem dos nossos reformados, tem possibilidade de pagar o alojamento numa casa de repouso ou lar de idosos com vagas.

Como tem acontecido nos últimos anos, em quase tudo (saúde, habitação, justiça, segurança social, etc), o Estado quase que se limita a assobiar parta o lado, usando a técnica de sempre, de fingir que se resolvem os problemas, sem que se resolva coisa nenhuma. Até que os problemas se agravam de tal forma (é o que está a acontecer na saúde e na habitação), que deixa de haver qualquer espaço para fugas... 

É esta falta de soluções que faz com que continuem a surgir, aqui e ali, lares ilegais, onde se usa e abusa quase sempre da fragilidade e da necessidade das pessoas. Como pagam menos que nas "casas de repouso", os seus donos acham-se no direito de as tratar de qualquer maneira, sem que lhes sejam garantidas as condições mínimas de conforto e dignidade.

É muito triste viveremos num país, em que se paga uma brutalidade de impostos, e que se percebe, diariamente, que as coisas em vez de melhorarem, estão cada vez piores.

E ainda é mais triste sermos velhos e sentirmo-nos completamente abandonados por toda a gente...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


quinta-feira, dezembro 04, 2025

Ser outra coisa, distante das "marias que vão com as outras"...


Olho para trás e sinto que esta coisa de querermos ser diferentes, começa logo na infância, com coisas tão simples, como a gastronomia, por exemplo. Não foi por acaso, que os primeiros problemas que tive de enfrentar foram na casa dos meus avós maternos, com uma coisa simples, a sopa.

Habituado à sopinha passada e cremosa da minha mãe, detestava a sopa liquida e com os legumes, completamente à solta, da avó. Em vez de ficar em silencio, como o meu irmão (que neste caso particular gostava mesmo da sopa da avó...), dizia que não gostava e recusava-me a comer...

Recordo-me que os adultos gostavam de me chamar "uma criança difícil", como se nestas idades a nossa missão fosse obedecer religiosamente a todos os adultos.

Cresci e continuei a gostar de pensar pela minha cabeça, de querer a ser eu a escolher o que gostava e queria fazer. Claro que a teimosia e espírito de contradição, fazem com que tenhamos de percorrer caminhos mais longos, apenas porque queremos e sentimos que aquele é que é "o nosso"...

Curiosamente, ou não, tenho a quem sair. Tal como o meu pai, sempre gostei e quis ser "eu". 

Claro que além das rosas, também tive de agarrar alguns espinhos, porque o mundo que nos rodeia não gosta muito de quem não tem vocação para  vestir a pele de "carneiro" ou ser uma "maria que vai com as outras"...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


terça-feira, dezembro 02, 2025

Os filhos não nos tornam melhores pessoas. Tornam-nos sim, pessoas diferentes...


Sei que os filhos não nos tornam melhores pessoas. Tornam-nos, sim, pessoas diferentes...

Pensei nisto depois de conversar com a minha filha sobre a vida, sobre quem nós somos, sobre tudo aquilo que nos une e nos separa. 

Não foi difícil concluir que ter filhos dá-nos uma outra perspectiva, um outro olhar sobre esta coisa que é viver em sociedade. 

Provavelmente também nos tornamos mais frágeis e inseguros. Isso deve acontecer porque temos consciência, de que erramos mais vezes. 

Õ mais curioso, é nunca nos conseguimos livrar dessa sensação. É como se estivéssemos num processo de aprendizagem permanente. 

Talvez seja por isso que há muita gente que não quer ter filhos. Não quer passar a "vida na escola"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, dezembro 01, 2025

«Somos tantos...»


Ela não estava na fila para as escolhas de mais um desses concursos televisivos, em que se percebe que  existe tanta gente que sabe cantar e devia fazer corar de vergonha esses fulanos (as) que em sociedade com as televisões e com os programadores, enchem os fins de semana de música parola. Mas podia estar...

Deu-me vontade rir, ouvi-la dizer, "somos tantos...»

Até porque não estava ninguém à nossa volta.

Embora eu estivesse farto de saber que o mundo não começava e acabava ali, que as multidões estão sempre ao virar da esquina...

Só não percebi se ela estava a querer desistir, antes de conseguir ser qualquer coisa, ou se queria ir à luta e estava ali, a querer ganhar balanço.

Depois disse-me que estava com receio. Questionei-a sem palavras, apenas com o olhar.

E ela levantou-se do chão, mostrou-me um sorriso enigmático, para me contar o seu dilema: «Às tantas começamos a querer muito ser isto e aquilo, perdemos o medo e começamos a andar em frente, sem receio de pisar os outros que já estão à espera de vez, sentados ou deitados...»

Podia dizer-lhe, "bem vinda à selva urbana", mas não ia adiantar muito. Até porque ela já encontrara pelo caminho várias espécies de "animais", capazes de se "transvestir" de leões, zebras, ursos, gazelas, macacos ou serpentes...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, novembro 30, 2025

Nós não nascemos para viver sozinhos...


Mesmo com as mudanças que se têm dado na sociedade, especialmente nos centros urbanos, não é muito difícil, sentir, que nós não nascemos para viver sozinhos.

É por isso que mesmo sem se ter  um marido, uma esposa ou filhos, é normal arranjarmos um animal doméstico para nos fazer companhia, com quem travamos grandes "monólogos", que fingimos ser "diálogos", para nosso conforto pessoal.

Não deixa de ser curioso, que em tantos milhares de anos de existência de humanos, ainda não tenhamos conseguido encontrar a melhor maneira de se viver em comunidade, de conseguirmos respeitar e aceitar as diferenças.

A força continua a ser quem mais ordena, em quase todos os poderes, inclusive no familiar. 

É também por isso que se foge tanto e se procura refúgio na solidão...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, novembro 28, 2025

«Tiraram o lugar a quem? Você vai fazer o que eles fazem, por esses campos fora?»


Sei que estou melhor, mas estou longe de estar curado.

Ainda falo muitas vezes em situações, em que o o bom senso aconselhava o silêncio.

Tudo isto que aconteceu no Alentejo e que reflecte uma realidade que não é apenas do Sul, mas que nos devia envergonhar, a todos, fez-me recordar um episódio. 

Realidade que é quase sempre conhecida e aceite pelos habitantes locais, por razões que continuo sem entender. A única coisa que sei, é que são estas mesmas razões que levaram as pessoas a fazer uma viragem de quase 360 graus, passando a votantes do Chega, depois de andarem  décadas a votar na CDU, por essas planícies fora.

Sei que os seus níveis de instrução são baixos, mas daí a não conseguirem perceber a realidade que lhe entra pelos olhos dentro, é outra coisa... 

Compreendo que não olhem para os sujeitos que trespassaram o café e o mini-mercado, como as melhores pessoas do mundo, até por estarem ali para ganhar dinheiro à custa deles. 

Mas o problema nem é esse, nunca foi. 

É aquela cor de pele, aquele olhar escuro e em desconfiança permanente, que não lhe garante nada de bom. E depois vêm as palavras de ordem que lhes entram pela cabeça dentro, sempre que o "rei dos aldrabões" aparece na televisão. Palavras que ainda os fazem acreditar mais, que aqueles estranhos só vieram para cá para lhes "roubar trabalho".

Foi num destes cafés, perdidos por esse interior fora, quase sem gente, que escutei esta frase sacramental enquanto bebia uma mini na companhia de dois familiares afastados, à passagem pela rua de três "indianos".

Não consegui falar calado e perguntei-lhes, sem qualquer rodeio: «Tiraram o lugar a quem? Você vai fazer o que eles fazem, por esses campos fora?» Olharam um para o outro e não me responderam. 

Só uns dois minutos depois e que um deles disse qualquer coisa como: «Também não é bem assim...»

Nada era bem assim, mesmo que eles fingissem não perceber.

Não disse mais nada mas fiquei a pensar, que a trabalharem desta forma e ser recebidos desta maneira, de Norte a Sul, talvez a melhor coisa que esta gente fizesse, fosse mesmo "ir para a (tal) terra deles"...

(Fotografia de Luís Eme - Beira  Baixa)


quinta-feira, novembro 27, 2025

Um PSD apostado em desregular, desiquilibrar e destruir o País...


A escolha das ministras da Saúde e do Trabalho, foram feitas com um propósito cada vez mais claro, ao ponto de parecerem desenhadas a régua e esquadro.

E pode-se dizer que têm tido sucesso nos seus propósitos.

O SNS é o que se vê, por mais "areia que nos tentem atirar para os olhos", está tudo pior nos hospitais e centros de saúde públicos. Algo que deve agradar - e de que maneira - a todos os grupos privados, que têm construído hospitais e clinicas nas principais cidades do país, com um sentido de oportunidade único. 

O trabalho começa a ser cada vez mais sinónimo de precariedade e salários baixos. E com a nova proposta de lei deste Governo, que segundo a ministra apenas tenta "equilibrar a balança" (segundo ela a lei actual favorece os trabalhadores...), as coisas só podem piorar. 

Só alguém que está ao lado do patronato, é que é capaz de dizer uma coisa dessas.

É uma vergonha para todos nós termos um governo que se diz democrático, mas que se percebe à légua, que está cada vez mais apostado em desregular, desiquilibrar e destruir o país, tanto no campo económico como social.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, novembro 26, 2025

"Olhar Portugal a partir das colecções do MNAA"


Gostei de saber que o Museu Abade de Baçal, em Bragança, reabriu - após obras de requalificação - com a exposição "Olhar Portugal a partir das colecções do MNAA", com obras do Museu Nacional de Arte Antiga e também do museu bragantino.

Acho muito boa ideia a descentralização de obras de arte, que muitas vezes estão em depósito e que agora vão viajar pelo país fora, para que Portugal, com o projecto "O MNAA está aqui", se habitue à arte.

É bom para as localidades que vão beneficiar desta iniciativa e também para o MNAA, que embora feche as suas instalações para obras, promete continuar activo, de Norte a Sul.

Estive na Primavera em Bragança e agora ao saber da exposição "Olhar Portugal a partir das colecções do MNAA", apeteceu-me voltar, só para visitar o museu...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 25, 2025

«O problema não é a festa, é quererem fazer do 25 de Novembro, o que ele nunca foi.»


Sei que "ainda não chegámos à américa", basta falarmos claro e conhecer a história recente, para desmontar as duas ou três mentiras, que tentam passar por cima dos factos.
 
Mais uma vez, socorro-me de uma frase do meu amigo Carlos, que diz tudo sobre o dia de hoje: «O problema não é a festa, é quererem fazer do 25 de Novembro o que ele nunca foi.»

O único partido que poderia acenar a "bandeira da vitória" nos vários episódios que antecederam o 25 de Novembro de 1975, é o PS liderado por Mário Soares. Nem mesmo o PSD, teve voz activa, em todo este processo, provavelmente por o seu líder ter passado quase todo o Verão Quente", em Londres, onde foi operado e fez a sua recuperação.

Mas os socialistas têm consciência que se trata de uma data importante, mas fracturante, especialmente no seio do MFA, onde camaradas tiveram de prender outros camaradas, apenas por pensarem de forma diferente. Foi por isso que os socialistas, tal como o "grupo dos nove", nunca quiseram que o 25 de Novembro fosse o que nunca foi.
 
De uma forma simplista, pode-se dizer que o 25 de Novembro foi uma tentativa, bem sucedida, de voltar a colocar o país no rumo certo, com o regresso daquela democracia, onde se procura que exista espaço para todos.

É por isso que não há um único "militar de Abril", ou de "Novembro", com vontade de participar nesta festa, com ar de farsa, onde a direita mais reacionária, quer sobretudo diminuir o simbolísmo e a verdade histórica do dia 25 de Abril de 1974.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, novembro 24, 2025

Recuar até 24 de Novembro de 1975...


O 24 de Novembro de 1975 foi um dia crucial. Foi o dia onde quase tudo ficou decidido, graças à inteligência do "grupo dos nove" (felizmente eram mais que nove...), que com a ajuda de Costa Gomes, um Presidente da República, com um sentido de Estado raro, conseguiu reduzir de uma forma notória o número de "forças inimigas", ao fazer com que Otelo Saraiva de Carvalho (Copcon), Álvaro Cunhal (PCP) e Rosa Coutinho (Fuzileiros), dessem ordens às forças que dominavam, para que não participassem de uma forma activa na tentativa de golpe militar do dia seguinte.

Penso que só neste dia, quando se "contaram as armas", é que a possibilidade de uma "Guerra Civil" deixou de ser uma ameaça séria. É preciso recordar que tinham sido distribuídas milhares de armas aos partidos políticos, tanto do lado mais esquerdo como do lado mais direito do MFA e que o país estava "partido" ao meio (o Tejo era a fronteira)...

Carlos Guilherme foi dos meus melhores amigos nos últimos vinte anos. Era "Capitão de Abril" e fez parte das operações do 25 de Novembro de 1975. Tivemos muitas conversas sobre algumas datas importantes, como foram o 16 de Março de 1974 (eu tinha um interesse particular por ser de Caldas da Rainha...), o 11 de Março de 1975, e claro, o 25 de Novembro.

Tão boas como as nossas conversas foram os almoços para os quais ele me convidou, na Associação 25 de Abril, onde depois do repasto havia sempre uma palestra com um dos vários intervenientes deste período decisivo para Portugal. Eram sempre contados vários episódios importantes, bastante esclarecedores sobre alguns erros históricos e uma ou outra "mitologia", distante da realidade. Recordo as intervenções de Torcato da Luz e de Almada Contreiras sobre estes acontecimentos (na época estavam no lado esquerdo do MFA...), tal como os contributos de outras camaradas presentes, como realce para Otelo ou Vasco Lourenço.

Todas as movimentações que se deram nestes dias de Novembro, foram sobretudo militares. Mesmo o PS, teve uma importância relativa. A "contagem de espingardas" deu-se entre os militares moderados e os revolucionários, com a vitória dos primeiros, que estavam em maioria e defendiam um regime democrático, com eleições livres, assim como a aprovação de uma nova Constituição, pela Assembleia Constituinte, eleita a 25 de Abril de 1975.

O curioso, é que quem quer fazer, hoje, deste dia uma festa, em 1975 caminhava em sentido contrário. É preciso dizer que as famílias políticas mais conservadoras, que agora agarram o 25 de Novembro com as duas mãos  (como é o caso do CDS e da IL) tinham fugido para Espanha e para o Brasil. Ou então andavam entretidas a incendiar sedes comunistas no Norte do País e a realizar atentados bombistas, que fizeram várias vítimas mortais (o Padre Max é a mais conhecida...). 

Estavam longe de lutar pela democracia, queriam sim, o regresso da ditadura e do sistema social desigual, que lhes tinham roubado e de que tanto gostavam, pois fazia-os sentirem-se "reis" e "rainhas" num país, que ainda era "para menos pessoas" que na actualidade...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, novembro 23, 2025

Só conhecemos os livros depois de os abrirmos e lermos...


Sei que este meu título parece mais uma "lapalissada", que outra coisa, mas é a única forma de chegar ao lugar que quero.

E esse lugar é uma livraria, onde fui à procura de um livro, que não encontrei.

Depois desloquei-me para a estante da poesia - faço quase sempre isso... - e peguei no primeiro livro que estava à minha frente. Abri-o quase a meio e comecei a ler um dos poemas. Agradado, li mais dois. Convencido, trouxe o livro para casa.

O mais curioso, é que apesar de gostar das palavras da poeta (Maria do Rosário Pedreira...), o título dizia-me pouco, levava-me mais para um tratado de anatomia ("O Meu Corpo Humano") que para uma viagem poética.

Ainda bem que estava enganado.

Soube-me muito bem ler todos aqueles poemas, que usavam o corpo humano, quase como um disfarce, para falar de todos nós (sim, andamos todos por ali, no "braço", nos "olhos", no "nariz" ou nos "lábios"...).

Tanta mensagem escondida por debaixo das "unhas" ou do "cabelo"... É preciso ter "cabeça" e "estômago", para escrever coisas tão profundas, bonitas e sérias, num livro de poemas que só é pequeno no tamanho...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, novembro 22, 2025

Quando a fotografia quer ser outra coisa...


A meio da tarde visitei a exposição de fotografia de um amigo e à medida que olhava as suas imagens, ia percebendo, com mais nitidez, que ele já está numa outra "galáxia".

A sua fotografia deixou de ser o mero retrato, caminha cada vez mais para um campo que se alimenta da diferença, da procura do que "ainda não existe", e onde a marca pessoal começa a ser o principal motivo de inspiração.

Quando vinha para casa, pensei que esta "mutação" acontece quando nos dedicamos em demasia a uma arte, quando ela começa a tomar conta de nós. Ou seja, quando o que fazemos não deixa dúvidas a quem vê, de que é aquilo o que faz correr os artistas. 

Sim, não é preciso ser-se crítico de arte para perceber que as fotografias do Modesto Viegas já são outra coisa, ao nosso olhar. Não são pinturas, mas parece que existe aqui e ali, uma "pincelada", que além de alterar as formas, lhes dá uma tonalidade especial.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, novembro 21, 2025

Os velhos "laranjinhas" estão quase a desaparecer no "mapa" do rio...


Como acontece muitas vezes, perdi o cacilheiro por um minuto. Em vez de ficar parado à espera, cirandei pelo cais de Cacilhas, a fazer tempo.

Depois de ter ido até ao Farol e voltado, vi que era uma das velhas barcas laranjas, o "Sintrense", que estava atracada ao cais.

Os "caixotes eléctricos" já andavam por aqui. Já viajara num deles e sabia que daqui a nada os "laranjinhas" desapareciam do mapa...

O que me fazia confusão não era as novas barcas não terem proa, era terem perdido a sua cor característica, que passava a ser apenas um risco na nova imagem de marca. Era aquele laranja que sobressaía tanto nas fotografias e aguarelas que retratavam a travessia, estar prestes a desaparecer.

Mais uma vez fiquei a pensar que era muito conservador, em algumas coisas, mais ou menos tradicionais. Lembrei-me dos eléctricos de Lisboa, que houve um tempo em que estavam a perder a cor para a publicidade excessiva e também dos táxis, que felizmente voltaram à velha cor, ao preto e verde...

Ninguém é perfeito.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quinta-feira, novembro 20, 2025

Quando estranhamos a civilidade, está tudo ao contrário...


Os debates entre candidatos para a presidência da República (como o que agora terminou entre Cotrim de Figueiredo e Gouveia e Melo), demonstram que é possível debater com civilidade, sem se estar constantemente a interromper o adversário, ou a falar mais alto que ele (como se essa fosse uma das permissas de se ganhar ou perder debates...).

Muitas pessoas estranham este comportamento, inclusive uma boa parte dos comentadores, que até dizem "isto não foi um debate, foi uma conversa". Percebe-se que eles querem mais "sangue" que esclarecimentos.

Provavelmente, só os debates onde está o candidato que não quer discutir coisa nenhuma, que só quer falar de corrupção e dos "bandidos" dos imigrantes e dos ciganos - as principais bandeiras erguidas pela sua "seita" -, é que irão ter palavras mais gritadas e as interrupções ao interlocutor do costume...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


quarta-feira, novembro 19, 2025

Tudo isto é tão estranho (mesmo que seja comum no nosso país)...


Não vou falar em particular das buscas de ontem, ligadas à privatização da TAP (feita à pressa pelo governo de Passos Coelho, de uma forma no mínimo duvidosa, com o envolvimento do actual ministro, então secretário de Estado) e à gestão dos dois grupos que geriram a empresa até à pandemia.

Vou falar sim da espera habitual, de anos, da nossa justiça para entrar em campo e fazer buscas. Parece que tanto a Polícia Judiciária como o Ministério Público, gostam sempre de dar tempo aos possíveis arguidos (colectivos ou individuais), para que consigam fazer desaparecer todos os documentos que poderiam servir como provas de crime ou de gestão danosa.

Aconteceu o mesmo com a Operação Marquês, com a venda do Novo Banco ou com os casos de promiscuidade e possível corrupção entre os principais grupos económicos da Madeira e o seu Governo Regional.

Mesmo que seja uma prática comum no nosso país, tudo isto é estranho e pouco normal.

Não é por acaso que quase "todas estas montanhas" na nossa justiça, acabem sempre por "parir (apenas) ratos"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 18, 2025

Quando os extremistas não querem ficar sozinhos na fotografia...


Os últimos tempos dizem-nos, que não é apenas o partido mais da "bagunça" e da "anarquia política", da "extrema-direita", que tenta colocar rótulos aos nossos partidos de esquerda e do centro.

O PSD, sempre que pode, tenta empurrar o PS para o lado da esquerda radical (Alexandra Leitão foi vítima desta prática em Lisboa, como antes já tinha sucedido com Pedro Nuno Santos, que caiu em duas ou três "esparradelas" sociais democratas...), só que, com o líder actual, conservador até mais não, é um pouco difícil fazer esse jogo.

O caso ainda se torna mais de estudo, quando a direita (PSD, IL e Chega) começa a apelidar todos os partidos de esquerda, sem excepção (BE, Livre e PCP), de "extrema-esquerda", como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

Basta comparar  os seus valores e os métodos de fazer política, dentro e fora do parlamento, para se perceber que se trata de mais um embuste político. 

Embuste que conta com a parcialidade de muitos dos comentadores políticos, que falam e escrevem com dois braços direitos.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, novembro 17, 2025

Descobrir diferenças entre o trabalhar para o bem comum e o trabalhar para o "nosso bolso"...


Fui um dos convidados para participar num convívio familiar onde se comemorava o nonagésimo de um homem, que sempre pautou a sua vida pela discrição, embora estivesse presente, nos momentos mais importantes da vida da sua colectividade, dos anos sessenta até ao começo do século XXI.

Sabia quem o António era, mas só o conheci, verdadeiramente, nos últimos dez anos. O facto de ser extremamente culto nunca foi o melhor cartão de visita no meio onde estava inserido. Num tempo em que já não se liam livros como na sua juventude, ele continuava com vontade de descobrir e ler autores novos. Foi o Romeu Correia que nos aproximou, com os seus livros e as suas histórias de vida. Mas falámos de muito mais livros e autores, de Almada e do Mundo.

Curiosamente, quem falou mais naquela tarde longa, foi um companheiro, dois anos mais novo. Ele foi desfiando algumas das memórias vividas em conjunto, especialmente como bibliotecários. Embora não estivéssemos a ver nenhum álbum de fotografias, a sensação era quase a mesma, à medida que a história ia passando pelos dois homens.

A meu lado, estava uma terceira pessoa, também da mesma geração, que nunca foi um associativista. Enquanto os outros andaram dentro das colectividades ele ia fazendo pela vida, comprando lojas aqui e ali (chegou a ter três estabelecimentos comerciais no centro de Almada...). Em apenas duas ou três frases que disse, percebi que se tinha em grande conta. Achava que tinha sido mais importante para a comunidade que os dois amigos, mesmo assim, como se via, passara ao lado da história (pelo menos daquela)...

Não tive tempo nem vontade de lhe explicar que eram coisas diferentes, trabalhar para o bem comum e trabalhar para o "nosso bolso". Fiquei sim, a pensar, que ele nascera no tempo errado. O tempo dele era hoje, em que o "eu" é quem mais ordena...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, novembro 16, 2025

O tempo em que as pessoas se uniam e associavam para resolver os seus principais problemas...


Quando somos convidados para falar sobre a história do associativismo almadense e da Incrível Almadense (anda por cá há três séculos, desde 1848...), não é possível fugir do país que existia há 150, 100 ou 60 anos. E não é difícil concluir que a nossa sociedade evoluiu mais nas últimas cinco décadas, que em século e meio.

Mudámos para melhor em todos os aspectos. 

Olhamos para trás e descobrimos um país tão diferente, em que as pessoas estavam entregues a elas próprias, sem que existisse Estado para o que quer que fosse.

Discute-se tanto a falta de habitação, e há menos de um século, a maior parte dos bairros cresciam clandestinamente, num tempo em que a electricidade, a água canalizada e o saneamento, eram um luxo, ao alcance de uma minoria de portugueses.

Da saúde nem vale a pena falar. Apenas em Lisboa, no Porto e em Coimbra existiam unidades de saúde dignas desse nome. O resto do país socorria-se dos médicos particulares, de pequenas únidades de saúde e das associações de mutualidade.

E a educação? Se excluirmos os três centros urbanos referidos anteriormente, os liceus existentes de Norte a Sul contavam-se pelos dedos das duas mãos. Mais de metade dos portugueses nem sequer pisavam um estabelecimento escolar. E daqueles que se inscreviam na primeira classe, uma boa parte desistia a meio. Há cem anos, as pessoas que sabiam ler e escrever ultrapassavam ligeiramente os 25% da população...

Mas a grande mudança que Abril nos trouxe, foi a alteração do papel da mulher na sociedade, deixou de estar atrás (pelo menos na Constituição...) e passou a estar ao lado do homem, no que toca a direitos e deveres.

O problema, é que entre a assistência destes encontros, raramente se encontra um jovem com menos de quarenta anos...

E para estes, o país que existia em 1850, 1900, 1950 ou 1974, pouco lhes interessa. As diferenças que existem são tantas, que ao ouvirem-nos até são capazes de pensar que estamos a inventar...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, novembro 15, 2025

O mundo que gostamos de virar contra nós...


Não somos muito bons a aproveitar as coisas boas que inventamos para nos melhorarem o dia a dia. Nunca fomos.

O outro "lado da moeda", a coroa,  revela-se quase sempre mais poderoso, ignorando as "boas intenções" da cara... É por isso que raramente conseguimos manter a ideia inicial, do que quer que seja, que tinha como principal objectivo, tornar o "futuro" numa coisa melhor para todos, e não apenas para alguns.

Não só acabamos por escolher o caminho mais fácil, como também gostamos de olhar para as "novidades" como uma coisa nossa e para nós. É por isso que não é preciso esperar muito tempo, para vermos o tal "futuro" a ser direccionado  para o benefício próprio de alguém, sem que este ignore as possibilidades que lhe são oferecidas, para "lixar" o próximo. 

Outra coisa engraçada - sem ter graça nenhuma -, é  verificarmos que são as pessoas com mais limitações, que aderem de imediato às "modas novas". Além de não se questionarem se estão ir no caminho certo, banalizam o erro com a maior das naturalidades, porque o que querem mesmo, é ser "modernos"...

Isso já está acontecer com a Inteligência Artificial, que se percebe que só irá substituir as mentes humanas que não gostam muito de pensar (parece que começam a estar em maioria à nossa volta...) e tomam qualquer coisa como certa, mesmo que "cheire" a "maior asneira do mundo"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, novembro 14, 2025

A arte de brincar com coisas sérias


Meio a brincar meio a sério, falámos sobre qual seria o "nosso preço", para fazermos daquelas coisas que nos violam os princípios, que podiam ir de simples fretes a que assistimos no dia a dia (dizer bem ou mal de alguém apenas por causa da cor da gravata ou do penteado...) até quase ao "linchamento público".

O Carlos começou logo com as suas graçolas e disse que havia pessoas que nasciam logo em saldo, que estavam preparadas para "vender o pai ou a mãe", logo na infância e às primeiras, trocando-as por um doce qualquer.

O Rui veio com as suas filosofices e perguntou-nos, o que é que era isso dos princípios. Ninguém lhe respondeu. E ele não se ficou.

Sem se rir, disse que andava demasiado baralhado, para estar numa mesa de café, a montar e desmontar princípios, como se estes fossem peças de lego.

O Carlos disse que estava desiludido, por não o ouvirem. Acabara de falar exactamente das pessoas para quem os princípios eram isso mesmo, "peças de lego", que eram usadas para colocar no lugar certo.

A Carla disse que éramos todos demasiado idiotas e parvos para andarmos por aí com um "preço" na testa. E lá se partiu para outros lados, sem que alguém de "descosesse" em relação ao seu preço...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, novembro 13, 2025

Ser simpático deveria ser a décima primeira qualidade de um treinador...


A selecção de futebol portuguesa está longe de ser a "melhor do mundo", como muitos comentadores e jornalistas a "pintam".

Quanto muito, tem alguns jogadores de nível mundial.

E não vai ser com "sonhos" e "palavras simpáticas" que se chega lá. É preciso muito trabalho, porque isto de se ser capaz de fazer uma grande equipa, com grandes jogadores, não é para todos.

Já percebi há algum tempo, que este seleccionador - apesar de ser muito simpático, falar português e tratar o Cristiano Ronaldo como "sua alteza" -, está longe de ter a qualidade técnica necessária, para construir a tal "equipa de sonho", capaz de desafiar qualquer outra selecção por esse mundo fora.

Embora se trate de uma mera opinião pessoal, não tenho grandes dúvidas que na actualidade, os únicos treinadores portugueses com capacidade para construírem a tal "grande equipa", seriam Jorge Jesus, Abel Ferreira ou Leonardo Jardim.

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


quarta-feira, novembro 12, 2025

O tempo vai passando, mas é impossível fechar os olhos a um primeiro-ministro manhoso e a duas ministras vingativas...


Provavelmente devem existir alguns ministros competentes no governo do "conde de monteverde". Não serão com toda a certeza as ministras da Saúde e do Trabalho, cujas primeiras acções políticas que tiveram foi criarem condições para as demissões de Fernando Araújo e Ana Jorge.

Normalmente a sabedoria popular não se engana, e o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita...

Isso explica o estado da nossa Saúde e a contestação que está a merecer a proposta da nova "lei do Trabalho".

Também não deixa de ser curiosa a reacção do "conde de monteverde", que continua a assobiar para o ar em relação à empresa que continua a ter dentro de casa, mas que não teve qualquer dúvida a apontar o dedo aos malvados comunistas, que ainda mandam na CGTP e querem "parar" o país, por causa de uma lei, que só quer facilitar as relações laborais.

E tem razão. Se se tornar mais fácil despedir trabalhadores, isso facilita, e de que maneira, as relações laborais. Então para os patrões...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 11, 2025

A memória de Eusébio que vai desaparecendo...


Eusébio, o nosso primeiro grande ídolo planetário do desporto português nasceu em Moçambique, com um tom de pele ligeiramente mais escuro que o comum dos portugueses.

Começou a dar nas vistas bastante cedo, graças à sua qualidade como "jogador da bola", despertando o interesse dos dois grandes clubes lisboetas, com o Benfica a conseguir levar a melhor (embora ele tivesse de se esconder e de viajar como "Rute"...) e a trazê-lo para a Metrópole.

Eusébio era de tal forma talentoso, que em pouco tempo a equipa do Benfica, Campeão Europeu, passou a ser composta por ele e mais dez.

Embora hoje se fale pouco nisso, o facto de Eusébio ser o "melhor de todos", foi muito importante para se esbater a diferença de cor de pele na sociedade de então, ao ponto de muitos dos seus patrícios do Continente, se tornarem um bocadinho menos racistas e  quase fingirem que ele era "branco".

Até mesmo o ditador Oliveira Salazar se enchia de orgulho quando cumprimentava o "King", ao ponto de o ter classificado como "património de Portugal".

Escrevo sobre isto, porque fico com a sensação de que hoje há quase uma urgência no nosso país, em se arranjar um novo craque, de pele mais escura, com dimensão planetária. 

Talvez assim deixassem de mandar as pessoas de cor mais acastanhada, para a "sua terra", mesmo que estas tenham nascido em Portugal e tenham os mesmos direitos e deveres de qualquer cidadão português...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, novembro 10, 2025

Apesar de vários "jogos" e "habilidades" governativas, a comunicação social vai conseguindo fazer a diferença (embora seja cada vez mais difícil)


A actuação da AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo) com alguns estrangeiros que vivem em Portugal chega a ser vergonhosa, contrariando o próprio nome.

Felizmente, há quem não cale a sua revolta e venha para a praça pública denunciar casos concretos, dizer como funciona esta agência estatal (o seu normal é não responder a e-mails, não atender telefonemas e "obrigar" as pessoas que precisam dos seus serviços, a passarem a noite à sua porta, para obterem uma senha e serem atendidas).

É preciso que pessoas como Lilian Kopke, que vive no nosso país há 38 anos, onde trabalhou até se reformar, com dois filhos portugueses, falem publicamente das dificuldades que têm em conseguir renovar o seu estatuto de residente permanente (renovável de cinco em cinco anos). 

Tudo indica que foi graças ao seu testemunho público, que a documentação que tinha desaparecida no sistema, voltou a aparecer, em poucos dias...

É uma pena que a nossa democracia ainda não tenha chegado a muitas instituições publicas (como a AIMA...), que ainda não perceberam que o seu principal papel é ajudar as pessoas a cumprirem a lei, informando-as correctamente dos seus direitos e deveres, e não em dificultar-lhes a vida, como acontece diariamente.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, novembro 09, 2025

Necessidades, oportunismos e "passa culpas"...


Estava a ler a notícia sobre o "passa culpa" entre a Câmara de Almada e o IHRU, tutelado pelo Governo sobre os bairros clandestinos do Concelho e percebi a mensagem de ambos.

Como de costume, sei que não irão fazer coisa nenhuma, a não ser que aconteça algo de grave, uma morte ou um acidente que coloque os vários poderes em causa. 

Se isso acontecer, a GNR ou a PSP serão enviadas de imeadiato para o local, tal como as máquinas para deitar abaixo algumas das barracas, que entretanto podem começar a ser construídas nas "terras de alguém" (até agora segundo se diz estes bairros estão eregidos em "terra de ninguém")...

Claro que este crescimento dos bairros da Penajóia, Raposo e companhia, deve-se a dois factores, que dificilmente se conseguem separar: os vários oportunismos de quem se habituou a "viver do nada" e dos "rendimentos mínimos" (até há quem já se dedique a "alugar barracas"...) e a necessidade de muitas famílias, que apesar de trabalharem, não conseguem ter dinheiro suficiente para alimentar o agregado familiar e alugar uma casa com condições mínimas de habitabilidade.

Nota: Texto publicado inicialmente no "Casario do Ginjal".

(Fotografia de Luís Eme - Feijó)


sábado, novembro 08, 2025

Coisas que aparecem dentro das fotografias...


Às vezes penso que Lisboa tem cada vez mais coisas para fotografar.

Sei que é apenas mais uma daquelas patranhas que oferecemos a nós próprios, por nos darem jeito, funcionando quase como um "empurrão" para andar por aí a tirar retratos a quase tudo o que nos rodeia, seja bonito ou feio, tenha ou não história.

E como sou cada vez mais adepto do retrato instantâneo, muitas vezes só em casa é que olho, com olhos de ver, para os pormenores que existem em cada fotografia.

Por exemplo, só em casa, a olhar para esta fotografia, é que me lembrei que um dos meus primeiros amores, se chamava Júlia e sim, ainda era uma menina...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, novembro 06, 2025

SNS, "juramentos de hipócrates" e "galinhas de ovos de ouro"...


É impossível passar ao lado dos problemas que afectam o SNS, que se têm agravado, ano após ano. Só faltavam mesmo as ameaças dos tarefeiros, que prometem fazer tudo para que não acabem com a  sua "galinha dos ovos de ouro" (até falam em paralisar as urgências por três dias...).

É triste perceber que o mau funcionamento do SNS, começa e acaba nos médicos, que esquecem cedo demais o "Juramento de Hipócrates" que fazem no início da profissão...

(Fotografia de Luís Eme - Setúbal)


quarta-feira, novembro 05, 2025

Hoje apetece-me ser novaiorquino


Hoje apetece-me ser novaiorquino.

Estou bastante satisfeito pela lição que os habitantes da maior urbe dos Estados Unidos da América deram ao homem "cor de laranja", que finge ser o "todo poderoso" do mundo e arredores.

Não tiveram medo das ameaças do presidente nem tão pouco se preocuparam com o facto de Zohran Mamdani ser muçulmano.

Querem sim, voltar a sentir que vivem num país democrático.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 04, 2025

A forma como julgamos os outros...


Julgamos tantas vezes os outros, partindo apenas das nossas convicções e da nossa experiência de vida...

Pensei nisso depois de ouvir um desconhecido a divulgar, alto e bom som, numa rua movimentada de Lisboa (o senhor queria muito ser ouvido por quem passava por ali, naquela "encenação"...), que «podia haver igual, mas mais honesto que ele, não havia ninguém na terra». 

Sorri sem parar e sem perceber muito bem se o alcance daquele "terra" era mesmo planetário. Provavelmente era...

Nunca fui capaz de dizer algo do género, talvez por ter sido educado a nunca dizer algo do género. São conclusões que devem ser tiradas por terceiros e nunca por nós próprios.

Lembrei-me logo de duas pessoas: um primeiro-ministro, que transformou o país de uma forma miserável (continuamos a pagar por isso, sobretudo na forma egoísta como olhamos para o dinheiro e para as coisas do mundo...), que se vangloriou que "estava para nascer a pessoa mais séria que ele", mesmo que tivesse atrás de si, pelo menos dois ou três rabos de palha... A outra personagem que me veio à cabeça foi  João Noronha Lopes. Quando o vi na televisão a mostrar publicamente as suas declarações de rendimentos e a gabar-se dos milhões que ganhara como empresário, deixei de sentir confiança nele, deixou de ser o tal "candidato da mudança"...

É possível que exista algum preconceito nesta forma de olhar e julgar os outros. Mas somos o que somos, muito pelo que nos ensinaram e pelo que vivemos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)