quinta-feira, novembro 27, 2025

Um PSD apostado em desregular, desiquilibrar e destruir o País...


A escolha das ministras da Saúde e do Trabalho, foram feitas com um propósito cada vez mais claro, ao ponto de parecerem desenhadas a régua e esquadro.

E pode-se dizer que têm tido sucesso nos seus propósitos.

O SNS é o que se vê, por mais "areia que nos tentem atirar para os olhos", está tudo pior nos hospitais e centros de saúde públicos. Algo que deve agradar - e de que maneira - a todos os grupos privados, que têm construído hospitais e clinicas nas principais cidades do país, com um sentido de oportunidade único. 

O trabalho começa a ser cada vez mais sinónimo de precariedade e salários baixos. E com a nova proposta de lei deste Governo, que segundo a ministra apenas tenta "equilibrar a balança" (segundo ela a lei actual favorece os trabalhadores...), as coisas só podem piorar. 

Só alguém que está ao lado do patronato, é que é capaz de dizer uma coisa dessas.

É uma vergonha para todos nós termos um governo que se diz democrático, mas que se percebe à légua, que está cada vez mais apostado em desregular, desiquilibrar e destruir o país, tanto no campo económico como social.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, novembro 26, 2025

"Olhar Portugal a partir das colecções do MNAA"


Gostei de saber que o Museu Abade de Baçal, em Bragança, reabriu - após obras de requalificação - com a exposição "Olhar Portugal a partir das colecções do MNAA", com obras do Museu Nacional de Arte Antiga e também do museu bragantino.

Acho muito boa ideia a descentralização de obras de arte, que muitas vezes estão em depósito e que agora vão viajar pelo país fora, para que Portugal, com o projecto "O MNAA está aqui", se habitue à arte.

É bom para as localidades que vão beneficiar desta iniciativa e também para o MNAA, que embora feche as suas instalações para obras, promete continuar activo, de Norte a Sul.

Estive na Primavera em Bragança e agora ao saber da exposição "Olhar Portugal a partir das colecções do MNAA", apeteceu-me voltar, só para visitar o museu...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 25, 2025

«O problema não é a festa, é quererem fazer do 25 de Novembro, o que ele nunca foi.»


Sei que "ainda não chegámos à américa", basta falarmos claro e conhecer a história recente, para desmontar as duas ou três mentiras, que tentam passar por cima dos factos.
 
Mais uma vez, socorro-me de uma frase do meu amigo Carlos, que diz tudo sobre o dia de hoje: «O problema não é a festa, é quererem fazer do 25 de Novembro o que ele nunca foi.»

O único partido que poderia acenar a "bandeira da vitória" nos vários episódios que antecederam o 25 de Novembro de 1975, é o PS liderado por Mário Soares. Nem mesmo o PSD, teve voz activa, em todo este processo, provavelmente por o seu líder ter passado quase todo o Verão Quente", em Londres, onde foi operado e fez a sua recuperação.

Mas os socialistas têm consciência que se trata de uma data importante, mas fracturante, especialmente no seio do MFA, onde camaradas tiveram de prender outros camaradas, apenas por pensarem de forma diferente. Foi por isso que os socialistas, tal como o "grupo dos nove", nunca quiseram que o 25 de Novembro fosse o que nunca foi.
 
De uma forma simplista, pode-se dizer que o 25 de Novembro foi uma tentativa, bem sucedida, de voltar a colocar o país no rumo certo, com o regresso daquela democracia, onde se procura que exista espaço para todos.

É por isso que não há um único "militar de Abril", ou de "Novembro", com vontade de participar nesta festa, com ar de farsa, onde a direita mais reacionária, quer sobretudo diminuir o simbolísmo e a verdade histórica do dia 25 de Abril de 1974.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, novembro 24, 2025

Recuar até 24 de Novembro de 1975...


O 24 de Novembro de 1975 foi um dia crucial. Foi o dia onde quase tudo ficou decidido, graças à inteligência do "grupo dos nove" (felizmente eram mais que nove...), que com a ajuda de Costa Gomes, um Presidente da República, com um sentido de Estado raro, conseguiu reduzir de uma forma notória o número de "forças inimigas", ao fazer com que Otelo Saraiva de Carvalho (Copcon), Álvaro Cunhal (PCP) e Rosa Coutinho (Fuzileiros), dessem ordens às forças que dominavam, para que não participassem de uma forma activa na tentativa de golpe militar do dia seguinte.

Penso que só neste dia, quando se "contaram as armas", é que a possibilidade de uma "Guerra Civil" deixou de ser uma ameaça séria. É preciso recordar que tinham sido distribuídas milhares de armas aos partidos políticos, tanto do lado mais esquerdo como do lado mais direito do MFA e que o país estava "partido" ao meio (o Tejo era a fronteira)...

Carlos Guilherme foi dos meus melhores amigos nos últimos vinte anos. Era "Capitão de Abril" e fez parte das operações do 25 de Novembro de 1975. Tivemos muitas conversas sobre algumas datas importantes, como foram o 16 de Março de 1974 (eu tinha um interesse particular por ser de Caldas da Rainha...), o 11 de Março de 1975, e claro, o 25 de Novembro.

Tão boas como as nossas conversas foram os almoços para os quais ele me convidou, na Associação 25 de Abril, onde depois do repasto havia sempre uma palestra com um dos vários intervenientes deste período decisivo para Portugal. Eram sempre contados vários episódios importantes, bastante esclarecedores sobre alguns erros históricos e uma ou outra "mitologia", distante da realidade. Recordo as intervenções de Torcato da Luz e de Almada Contreiras sobre estes acontecimentos (na época estavam no lado esquerdo do MFA...), tal como os contributos de outras camaradas presentes, como realce para Otelo ou Vasco Lourenço.

Todas as movimentações que se deram nestes dias de Novembro, foram sobretudo militares. Mesmo o PS, teve uma importância relativa. A "contagem de espingardas" deu-se entre os militares moderados e os revolucionários, com a vitória dos primeiros, que estavam em maioria e defendiam um regime democrático, com eleições livres, assim como a aprovação de uma nova Constituição, pela Assembleia Constituinte, eleita a 25 de Abril de 1975.

O curioso, é que quem quer fazer, hoje, deste dia uma festa, em 1975 caminhava em sentido contrário. É preciso dizer que as famílias políticas mais conservadoras, que agora agarram o 25 de Novembro com as duas mãos  (como é o caso do CDS e da IL) tinham fugido para Espanha e para o Brasil. Ou então andavam entretidas a incendiar sedes comunistas no Norte do País e a realizar atentados bombistas, que fizeram várias vítimas mortais (o Padre Max é a mais conhecida...). 

Estavam longe de lutar pela democracia, queriam sim, o regresso da ditadura e do sistema social desigual, que lhes tinham roubado e de que tanto gostavam, pois fazia-os sentirem-se "reis" e "rainhas" num país, que ainda era "para menos pessoas" que na actualidade...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, novembro 23, 2025

Só conhecemos os livros depois de os abrirmos e lermos...


Sei que este meu título parece mais uma "lapalissada", que outra coisa, mas é a única forma de chegar ao lugar que quero.

E esse lugar é uma livraria, onde fui à procura de um livro, que não encontrei.

Depois desloquei-me para a estante da poesia - faço quase sempre isso... - e peguei no primeiro livro que estava à minha frente. Abri-o quase a meio e comecei a ler um dos poemas. Agradado, li mais dois. Convencido, trouxe o livro para casa.

O mais curioso, é que apesar de gostar das palavras da poeta (Maria do Rosário Pedreira...), o título dizia-me pouco, levava-me mais para um tratado de anatomia ("O Meu Corpo Humano") que para uma viagem poética.

Ainda bem que estava enganado.

Soube-me muito bem ler todos aqueles poemas, que usavam o corpo humano, quase como um disfarce, para falar de todos nós (sim, andamos todos por ali, no "braço", nos "olhos", no "nariz" ou nos "lábios"...).

Tanta mensagem escondida por debaixo das "unhas" ou do "cabelo"... É preciso ter "cabeça" e "estômago", para escrever coisas tão profundas, bonitas e sérias, num livro de poemas que só é pequeno no tamanho...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, novembro 22, 2025

Quando a fotografia quer ser outra coisa...


A meio da tarde visitei a exposição de fotografia de um amigo e à medida que olhava as suas imagens, ia percebendo, com mais nitidez, que ele já está numa outra "galáxia".

A sua fotografia deixou de ser o mero retrato, caminha cada vez mais para um campo que se alimenta da diferença, da procura do que "ainda não existe", e onde a marca pessoal começa a ser o principal motivo de inspiração.

Quando vinha para casa, pensei que esta "mutação" acontece quando nos dedicamos em demasia a uma arte, quando ela começa a tomar conta de nós. Ou seja, quando o que fazemos não deixa dúvidas a quem vê, de que é aquilo o que faz correr os artistas. 

Sim, não é preciso ser-se crítico de arte para perceber que as fotografias do Modesto Viegas já são outra coisa, ao nosso olhar. Não são pinturas, mas parece que existe aqui e ali, uma "pincelada", que além de alterar as formas, lhes dá uma tonalidade especial.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, novembro 21, 2025

Os velhos "laranjinhas" estão quase a desaparecer no "mapa" do rio...


Como acontece muitas vezes, perdi o cacilheiro por um minuto. Em vez de ficar parado à espera, cirandei pelo cais de Cacilhas, a fazer tempo.

Depois de ter ido até ao Farol e voltado, vi que era uma das velhas barcas laranjas, o "Sintrense", que estava atracada ao cais.

Os "caixotes eléctricos" já andavam por aqui. Já viajara num deles e sabia que daqui a nada os "laranjinhas" desapareciam do mapa...

O que me fazia confusão não era as novas barcas não terem proa, era terem perdido a sua cor característica, que passava a ser apenas um risco na nova imagem de marca. Era aquele laranja que sobressaía tanto nas fotografias e aguarelas que retratavam a travessia, estar prestes a desaparecer.

Mais uma vez fiquei a pensar que era muito conservador, em algumas coisas, mais ou menos tradicionais. Lembrei-me dos eléctricos de Lisboa, que houve um tempo em que estavam a perder a cor para a publicidade excessiva e também dos táxis, que felizmente voltaram à velha cor, ao preto e verde...

Ninguém é perfeito.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quinta-feira, novembro 20, 2025

Quando estranhamos a civilidade, está tudo ao contrário...


Os debates entre candidatos para a presidência da República (como o que agora terminou entre Cotrim de Figueiredo e Gouveia e Melo), demonstram que é possível debater com civilidade, sem se estar constantemente a interromper o adversário, ou a falar mais alto que ele (como se essa fosse uma das permissas de se ganhar ou perder debates...).

Muitas pessoas estranham este comportamento, inclusive uma boa parte dos comentadores, que até dizem "isto não foi um debate, foi uma conversa". Percebe-se que eles querem mais "sangue" que esclarecimentos.

Provavelmente, só os debates onde está o candidato que não quer discutir coisa nenhuma, que só quer falar de corrupção e dos "bandidos" dos imigrantes e dos ciganos - as principais bandeiras erguidas pela sua "seita" -, é que irão ter palavras mais gritadas e as interrupções ao interlocutor do costume...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


quarta-feira, novembro 19, 2025

Tudo isto é tão estranho (mesmo que seja comum no nosso país)...


Não vou falar em particular das buscas de ontem, ligadas à privatização da TAP (feita à pressa pelo governo de Passos Coelho, de uma forma no mínimo duvidosa, com o envolvimento do actual ministro, então secretário de Estado) e à gestão dos dois grupos que geriram a empresa até à pandemia.

Vou falar sim da espera habitual, de anos, da nossa justiça para entrar em campo e fazer buscas. Parece que tanto a Polícia Judiciária como o Ministério Público, gostam sempre de dar tempo aos possíveis arguidos (colectivos ou individuais), para que consigam fazer desaparecer todos os documentos que poderiam servir como provas de crime ou de gestão danosa.

Aconteceu o mesmo com a Operação Marquês, com a venda do Novo Banco ou com os casos de promiscuidade e possível corrupção entre os principais grupos económicos da Madeira e o seu Governo Regional.

Mesmo que seja uma prática comum no nosso país, tudo isto é estranho e pouco normal.

Não é por acaso que quase "todas estas montanhas" na nossa justiça, acabem sempre por "parir (apenas) ratos"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 18, 2025

Quando os extremistas não querem ficar sozinhos na fotografia...


Os últimos tempos dizem-nos, que não é apenas o partido mais da "bagunça" e da "anarquia política", da "extrema-direita", que tenta colocar rótulos aos nossos partidos de esquerda e do centro.

O PSD, sempre que pode, tenta empurrar o PS para o lado da esquerda radical (Alexandra Leitão foi vítima desta prática em Lisboa, como antes já tinha sucedido com Pedro Nuno Santos, que caiu em duas ou três "esparradelas" sociais democratas...), só que, com o líder actual, conservador até mais não, é um pouco difícil fazer esse jogo.

O caso ainda se torna mais de estudo, quando a direita (PSD, IL e Chega) começa a apelidar todos os partidos de esquerda, sem excepção (BE, Livre e PCP), de "extrema-esquerda", como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

Basta comparar  os seus valores e os métodos de fazer política, dentro e fora do parlamento, para se perceber que se trata de mais um embuste político. 

Embuste que conta com a parcialidade de muitos dos comentadores políticos, que falam e escrevem com dois braços direitos.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, novembro 17, 2025

Descobrir diferenças entre o trabalhar para o bem comum e o trabalhar para o "nosso bolso"...


Fui um dos convidados para participar num convívio familiar onde se comemorava o nonagésimo de um homem, que sempre pautou a sua vida pela discrição, embora estivesse presente, nos momentos mais importantes da vida da sua colectividade, dos anos sessenta até ao começo do século XXI.

Sabia quem o António era, mas só o conheci, verdadeiramente, nos últimos dez anos. O facto de ser extremamente culto nunca foi o melhor cartão de visita no meio onde estava inserido. Num tempo em que já não se liam livros como na sua juventude, ele continuava com vontade de descobrir e ler autores novos. Foi o Romeu Correia que nos aproximou, com os seus livros e as suas histórias de vida. Mas falámos de muito mais livros e autores, de Almada e do Mundo.

Curiosamente, quem falou mais naquela tarde longa, foi um companheiro, dois anos mais novo. Ele foi desfiando algumas das memórias vividas em conjunto, especialmente como bibliotecários. Embora não estivéssemos a ver nenhum álbum de fotografias, a sensação era quase a mesma, à medida que a história ia passando pelos dois homens.

A meu lado, estava uma terceira pessoa, também da mesma geração, que nunca foi um associativista. Enquanto os outros andaram dentro das colectividades ele ia fazendo pela vida, comprando lojas aqui e ali (chegou a ter três estabelecimentos comerciais no centro de Almada...). Em apenas duas ou três frases que disse, percebi que se tinha em grande conta. Achava que tinha sido mais importante para a comunidade que os dois amigos, mesmo assim, como se via, passara ao lado da história (pelo menos daquela)...

Não tive tempo nem vontade de lhe explicar que eram coisas diferentes, trabalhar para o bem comum e trabalhar para o "nosso bolso". Fiquei sim, a pensar, que ele nascera no tempo errado. O tempo dele era hoje, em que o "eu" é quem mais ordena...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, novembro 16, 2025

O tempo em que as pessoas se uniam e associavam para resolver os seus principais problemas...


Quando somos convidados para falar sobre a história do associativismo almadense e da Incrível Almadense (anda por cá há três séculos, desde 1848...), não é possível fugir do país que existia há 150, 100 ou 60 anos. E não é difícil concluir que a nossa sociedade evoluiu mais nas últimas cinco décadas, que em século e meio.

Mudámos para melhor em todos os aspectos. 

Olhamos para trás e descobrimos um país tão diferente, em que as pessoas estavam entregues a elas próprias, sem que existisse Estado para o que quer que fosse.

Discute-se tanto a falta de habitação, e há menos de um século, a maior parte dos bairros cresciam clandestinamente, num tempo em que a electricidade, a água canalizada e o saneamento, eram um luxo, ao alcance de uma minoria de portugueses.

Da saúde nem vale a pena falar. Apenas em Lisboa, no Porto e em Coimbra existiam unidades de saúde dignas desse nome. O resto do país socorria-se dos médicos particulares, de pequenas únidades de saúde e das associações de mutualidade.

E a educação? Se excluirmos os três centros urbanos referidos anteriormente, os liceus existentes de Norte a Sul contavam-se pelos dedos das duas mãos. Mais de metade dos portugueses nem sequer pisavam um estabelecimento escolar. E daqueles que se inscreviam na primeira classe, uma boa parte desistia a meio. Há cem anos, as pessoas que sabiam ler e escrever ultrapassavam ligeiramente os 25% da população...

Mas a grande mudança que Abril nos trouxe, foi a alteração do papel da mulher na sociedade, deixou de estar atrás (pelo menos na Constituição...) e passou a estar ao lado do homem, no que toca a direitos e deveres.

O problema, é que entre a assistência destes encontros, raramente se encontra um jovem com menos de quarenta anos...

E para estes, o país que existia em 1850, 1900, 1950 ou 1974, pouco lhes interessa. As diferenças que existem são tantas, que ao ouvirem-nos até são capazes de pensar que estamos a inventar...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, novembro 15, 2025

O mundo que gostamos de virar contra nós...


Não somos muito bons a aproveitar as coisas boas que inventamos para nos melhorarem o dia a dia. Nunca fomos.

O outro "lado da moeda", a coroa,  revela-se quase sempre mais poderoso, ignorando as "boas intenções" da cara... É por isso que raramente conseguimos manter a ideia inicial, do que quer que seja, que tinha como principal objectivo, tornar o "futuro" numa coisa melhor para todos, e não apenas para alguns.

Não só acabamos por escolher o caminho mais fácil, como também gostamos de olhar para as "novidades" como uma coisa nossa e para nós. É por isso que não é preciso esperar muito tempo, para vermos o tal "futuro" a ser direccionado  para o benefício próprio de alguém, sem que este ignore as possibilidades que lhe são oferecidas, para "lixar" o próximo. 

Outra coisa engraçada - sem ter graça nenhuma -, é  verificarmos que são as pessoas com mais limitações, que aderem de imediato às "modas novas". Além de não se questionarem se estão ir no caminho certo, banalizam o erro com a maior das naturalidades, porque o que querem mesmo, é ser "modernos"...

Isso já está acontecer com a Inteligência Artificial, que se percebe que só irá substituir as mentes humanas que não gostam muito de pensar (parece que começam a estar em maioria à nossa volta...) e tomam qualquer coisa como certa, mesmo que "cheire" a "maior asneira do mundo"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, novembro 14, 2025

A arte de brincar com coisas sérias


Meio a brincar meio a sério, falámos sobre qual seria o "nosso preço", para fazermos daquelas coisas que nos violam os princípios, que podiam ir de simples fretes a que assistimos no dia a dia (dizer bem ou mal de alguém apenas por causa da cor da gravata ou do penteado...) até quase ao "linchamento público".

O Carlos começou logo com as suas graçolas e disse que havia pessoas que nasciam logo em saldo, que estavam preparadas para "vender o pai ou a mãe", logo na infância e às primeiras, trocando-as por um doce qualquer.

O Rui veio com as suas filosofices e perguntou-nos, o que é que era isso dos princípios. Ninguém lhe respondeu. E ele não se ficou.

Sem se rir, disse que andava demasiado baralhado, para estar numa mesa de café, a montar e desmontar princípios, como se estes fossem peças de lego.

O Carlos disse que estava desiludido, por não o ouvirem. Acabara de falar exactamente das pessoas para quem os princípios eram isso mesmo, "peças de lego", que eram usadas para colocar no lugar certo.

A Carla disse que éramos todos demasiado idiotas e parvos para andarmos por aí com um "preço" na testa. E lá se partiu para outros lados, sem que alguém de "descosesse" em relação ao seu preço...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, novembro 13, 2025

Ser simpático deveria ser a décima primeira qualidade de um treinador...


A selecção de futebol portuguesa está longe de ser a "melhor do mundo", como muitos comentadores e jornalistas a "pintam".

Quanto muito, tem alguns jogadores de nível mundial.

E não vai ser com "sonhos" e "palavras simpáticas" que se chega lá. É preciso muito trabalho, porque isto de se ser capaz de fazer uma grande equipa, com grandes jogadores, não é para todos.

Já percebi há algum tempo, que este seleccionador - apesar de ser muito simpático, falar português e tratar o Cristiano Ronaldo como "sua alteza" -, está longe de ter a qualidade técnica necessária, para construir a tal "equipa de sonho", capaz de desafiar qualquer outra selecção por esse mundo fora.

Embora se trate de uma mera opinião pessoal, não tenho grandes dúvidas que na actualidade, os únicos treinadores portugueses com capacidade para construírem a tal "grande equipa", seriam Jorge Jesus, Abel Ferreira ou Leonardo Jardim.

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


quarta-feira, novembro 12, 2025

O tempo vai passando, mas é impossível fechar os olhos a um primeiro-ministro manhoso e a duas ministras vingativas...


Provavelmente devem existir alguns ministros competentes no governo do "conde de monteverde". Não serão com toda a certeza as ministras da Saúde e do Trabalho, cujas primeiras acções políticas que tiveram foi criarem condições para as demissões de Fernando Araújo e Ana Jorge.

Normalmente a sabedoria popular não se engana, e o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita...

Isso explica o estado da nossa Saúde e a contestação que está a merecer a proposta da nova "lei do Trabalho".

Também não deixa de ser curiosa a reacção do "conde de monteverde", que continua a assobiar para o ar em relação à empresa que continua a ter dentro de casa, mas que não teve qualquer dúvida a apontar o dedo aos malvados comunistas, que ainda mandam na CGTP e querem "parar" o país, por causa de uma lei, que só quer facilitar as relações laborais.

E tem razão. Se se tornar mais fácil despedir trabalhadores, isso facilita, e de que maneira, as relações laborais. Então para os patrões...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 11, 2025

A memória de Eusébio que vai desaparecendo...


Eusébio, o nosso primeiro grande ídolo planetário do desporto português nasceu em Moçambique, com um tom de pele ligeiramente mais escuro que o comum dos portugueses.

Começou a dar nas vistas bastante cedo, graças à sua qualidade como "jogador da bola", despertando o interesse dos dois grandes clubes lisboetas, com o Benfica a conseguir levar a melhor (embora ele tivesse de se esconder e de viajar como "Rute"...) e a trazê-lo para a Metrópole.

Eusébio era de tal forma talentoso, que em pouco tempo a equipa do Benfica, Campeão Europeu, passou a ser composta por ele e mais dez.

Embora hoje se fale pouco nisso, o facto de Eusébio ser o "melhor de todos", foi muito importante para se esbater a diferença de cor de pele na sociedade de então, ao ponto de muitos dos seus patrícios do Continente, se tornarem um bocadinho menos racistas e  quase fingirem que ele era "branco".

Até mesmo o ditador Oliveira Salazar se enchia de orgulho quando cumprimentava o "King", ao ponto de o ter classificado como "património de Portugal".

Escrevo sobre isto, porque fico com a sensação de que hoje há quase uma urgência no nosso país, em se arranjar um novo craque, de pele mais escura, com dimensão planetária. 

Talvez assim deixassem de mandar as pessoas de cor mais acastanhada, para a "sua terra", mesmo que estas tenham nascido em Portugal e tenham os mesmos direitos e deveres de qualquer cidadão português...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, novembro 10, 2025

Apesar de vários "jogos" e "habilidades" governativas, a comunicação social vai conseguindo fazer a diferença (embora seja cada vez mais difícil)


A actuação da AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo) com alguns estrangeiros que vivem em Portugal chega a ser vergonhosa, contrariando o próprio nome.

Felizmente, há quem não cale a sua revolta e venha para a praça pública denunciar casos concretos, dizer como funciona esta agência estatal (o seu normal é não responder a e-mails, não atender telefonemas e "obrigar" as pessoas que precisam dos seus serviços, a passarem a noite à sua porta, para obterem uma senha e serem atendidas).

É preciso que pessoas como Lilian Kopke, que vive no nosso país há 38 anos, onde trabalhou até se reformar, com dois filhos portugueses, falem publicamente das dificuldades que têm em conseguir renovar o seu estatuto de residente permanente (renovável de cinco em cinco anos). 

Tudo indica que foi graças ao seu testemunho público, que a documentação que tinha desaparecida no sistema, voltou a aparecer, em poucos dias...

É uma pena que a nossa democracia ainda não tenha chegado a muitas instituições publicas (como a AIMA...), que ainda não perceberam que o seu principal papel é ajudar as pessoas a cumprirem a lei, informando-as correctamente dos seus direitos e deveres, e não em dificultar-lhes a vida, como acontece diariamente.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, novembro 09, 2025

Necessidades, oportunismos e "passa culpas"...


Estava a ler a notícia sobre o "passa culpa" entre a Câmara de Almada e o IHRU, tutelado pelo Governo sobre os bairros clandestinos do Concelho e percebi a mensagem de ambos.

Como de costume, sei que não irão fazer coisa nenhuma, a não ser que aconteça algo de grave, uma morte ou um acidente que coloque os vários poderes em causa. 

Se isso acontecer, a GNR ou a PSP serão enviadas de imeadiato para o local, tal como as máquinas para deitar abaixo algumas das barracas, que entretanto podem começar a ser construídas nas "terras de alguém" (até agora segundo se diz estes bairros estão eregidos em "terra de ninguém")...

Claro que este crescimento dos bairros da Penajóia, Raposo e companhia, deve-se a dois factores, que dificilmente se conseguem separar: os vários oportunismos de quem se habituou a "viver do nada" e dos "rendimentos mínimos" (até há quem já se dedique a "alugar barracas"...) e a necessidade de muitas famílias, que apesar de trabalharem, não conseguem ter dinheiro suficiente para alimentar o agregado familiar e alugar uma casa com condições mínimas de habitabilidade.

Nota: Texto publicado inicialmente no "Casario do Ginjal".

(Fotografia de Luís Eme - Feijó)


sábado, novembro 08, 2025

Coisas que aparecem dentro das fotografias...


Às vezes penso que Lisboa tem cada vez mais coisas para fotografar.

Sei que é apenas mais uma daquelas patranhas que oferecemos a nós próprios, por nos darem jeito, funcionando quase como um "empurrão" para andar por aí a tirar retratos a quase tudo o que nos rodeia, seja bonito ou feio, tenha ou não história.

E como sou cada vez mais adepto do retrato instantâneo, muitas vezes só em casa é que olho, com olhos de ver, para os pormenores que existem em cada fotografia.

Por exemplo, só em casa, a olhar para esta fotografia, é que me lembrei que um dos meus primeiros amores, se chamava Júlia e sim, ainda era uma menina...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, novembro 06, 2025

SNS, "juramentos de hipócrates" e "galinhas de ovos de ouro"...


É impossível passar ao lado dos problemas que afectam o SNS, que se têm agravado, ano após ano. Só faltavam mesmo as ameaças dos tarefeiros, que prometem fazer tudo para que não acabem com a  sua "galinha dos ovos de ouro" (até falam em paralisar as urgências por três dias...).

É triste perceber que o mau funcionamento do SNS, começa e acaba nos médicos, que esquecem cedo demais o "Juramento de Hipócrates" que fazem no início da profissão...

(Fotografia de Luís Eme - Setúbal)


quarta-feira, novembro 05, 2025

Hoje apetece-me ser novaiorquino


Hoje apetece-me ser novaiorquino.

Estou bastante satisfeito pela lição que os habitantes da maior urbe dos Estados Unidos da América deram ao homem "cor de laranja", que finge ser o "todo poderoso" do mundo e arredores.

Não tiveram medo das ameaças do presidente nem tão pouco se preocuparam com o facto de Zohran Mamdani ser muçulmano.

Querem sim, voltar a sentir que vivem num país democrático.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 04, 2025

A forma como julgamos os outros...


Julgamos tantas vezes os outros, partindo apenas das nossas convicções e da nossa experiência de vida...

Pensei nisso depois de ouvir um desconhecido a divulgar, alto e bom som, numa rua movimentada de Lisboa (o senhor queria muito ser ouvido por quem passava por ali, naquela "encenação"...), que «podia haver igual, mas mais honesto que ele, não havia ninguém na terra». 

Sorri sem parar e sem perceber muito bem se o alcance daquele "terra" era mesmo planetário. Provavelmente era...

Nunca fui capaz de dizer algo do género, talvez por ter sido educado a nunca dizer algo do género. São conclusões que devem ser tiradas por terceiros e nunca por nós próprios.

Lembrei-me logo de duas pessoas: um primeiro-ministro, que transformou o país de uma forma miserável (continuamos a pagar por isso, sobretudo na forma egoísta como olhamos para o dinheiro e para as coisas do mundo...), que se vangloriou que "estava para nascer a pessoa mais séria que ele", mesmo que tivesse atrás de si, pelo menos dois ou três rabos de palha... A outra personagem que me veio à cabeça foi  João Noronha Lopes. Quando o vi na televisão a mostrar publicamente as suas declarações de rendimentos e a gabar-se dos milhões que ganhara como empresário, deixei de sentir confiança nele, deixou de ser o tal "candidato da mudança"...

É possível que exista algum preconceito nesta forma de olhar e julgar os outros. Mas somos o que somos, muito pelo que nos ensinaram e pelo que vivemos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, novembro 03, 2025

O jornalismo de ontem e o de hoje...


Acordei cedo e a pensar no jornalismo, que eu fiz e que se fazia no século passado.

Escrever desta forma faz pensar que é mesmo uma coisa antiga, "do século passado"... E na realidade, acaba por ser, mesmo que tenham passado pouco mais de duas décadas.

Estava no "Record" no começo dos anos 1990, quando este começou a "morder os calcanhares à "bíblia", que ficava logo ali, a poucos metros, na Travessa da Queimada (e até a vender em algumas edições números próximos dos 100 mil...). Nessa altura a rivalidade atingiu pontos estranhos, ao ponto de numa entrevista que fiz ao escritor Manuel da Fonseca, a pessoa que editou a minha página, ter substituído "A Bola" por "outro jornal". Tirando essas pequenas diabruras, havia muito mais independência e liberdade na prática do jornalismo.

Era um jornalismo que vivia sobretudo da venda de jornais nas bancas, com a publicidade a ter um papel secundário. Um dos segredos do sucesso do "Record" eram as manchetes de primeira página e também a melhoria de qualidade do seu jornalismo, até porque não tinha os "monstros sagrados" do rival, como eram os casos de Carlos Pinhão, Alfredo Farinha ou Carlos Miranda, que eram um bom exemplo da qualidade literária, de um jornalismo que nunca teve nada de menor em relação ao outro, mais generalista...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa - um retrato raro, tirado este ano junto ao Campo Pequeno...)


domingo, novembro 02, 2025

Eu sei, o mais difícil é deixá-los a falar sozinhos...


Sei que ainda não se chegou ao ponto, de existir uma quase urgência, em unir fileiras, no combate ao extremismo e populismo. 

Mesmo assim, sente-se que algo está a mudar. Há várias vozes que começam a tentar encontrar a forma mais eficaz, de se combater as provocações diárias do grupo de "pseudo-fascistas" (acho que nem eles sabem muito bem o que são, para além de populistas e oportunistas...), com assento parlamentar.

Até porque até agora, o combate não tem sido muito feliz, dentro e fora do Parlamento. 

A semana que passou foi um bom exemplo. Desde o advogado que chefiou um dos partidos mais estranhos da nossa democracia e que apresentou uma queixa na justiça para a extinção da "seita", ao deputado socialista que se levantou de um estúdio televisivo, onde debatia com um "provocador" (que conseguiu o que queria...) e quase que se fingiu uma "virgem ofendida". 

Ambos fizeram o que o "bando" esperava (deve ter dado umas gargalhadas sonoras à conta dos dois "papalvos")...

Eu penso que só quando se chegar à conclusão de que a televisão das notícias existe para informar e não para entreter e polemizar (provavelmente, já não se consegue lá chegar, porque as notícias são quase sempre transmitidas como "folhetins novelescos"...), é que as coisas mudam.

Quando fizerem com o senhor Ventura, o que já fizeram com o "animal feroz" (deixá-lo a falar sozinho à porta do tribunal...), as coisas começarão a mudar. 

Só não sei se quem manda nos canais informativos está muito interessado nisso, assim como os vários comentadores do "nada", que falam na televisão e escrevem nos jornais.

Sim, apesar dos nomes das suas antenas, há bastante tempo que eles vivem mais da "confusão" que da informação...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, novembro 01, 2025

Sim, podíamos falar de coisas mais interessantes, que essa coisa a que chamamos trabalho, mas...


Eu sei... Num feriado devia ser proibido falar de trabalho.

Mas não é da actividade em si, que vou falar, é mais da sua definição. Até porque nunca tinha pensado que "era tantas coisas".... e não apenas aquilo que fazemos como actividade profissional e remunerada.

Viajámos por muitos lados, até chegámos aquele senhor que  alguém quer que venha em dose tripla, graças à FNAT (que a liberdade transformou em INATEL...).

A conversa tornou-se ainda mais confusa, quando muitos de nós ganham (ou ganharam...) dinheiro a conversar, Sim, o jornalismo também é "conversar", dentro e fora das entrevistas. Para sabermos coisas temos de andar por aí a fazer perguntas.

Andámos por muitos mais sítios, por todas aquelas profissões que não oferecem felicidade a ninguém, Com alguma naturalidade também entrámos no mundo do funcionalismo público, onde quase que se fazem concursos, para ver quem consegue chegar ao fim do dia sem "mexer uma palha".

Depois entrámos na rua dos voluntários, onde ainda ficámos mais baralhados. Sim, hoje há muito voluntariado remunerado, porque algumas ocupações se foram tornando profissões (os bombeiros, por exemplo). Como devem imaginar, a confusão tornou-se ainda maior.

Como de costume, em vez de querermos chegar a alguma conclusão, preferimos derrubar um ou outro mito, como a expressão popular de que "trabalhar por gosto não cansa".

Sim, a maior parte de nós, por termos trabalhos, de alguma forma criativos, sempre fizemos coisas de que gostávamos. E não foi por isso que chegávamos o fim do dia menos cansados que os "infelizes" com quem nos cruzávamos diariamente nos transportes públicos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, outubro 31, 2025

Um Outubro que se despede em tons de cinzento...


Da minha janela, virada para o Tejo, olho o "melhor rio do mundo", pintado de cinzento.

Curiosamente, continua belo, mesmo sem ter os tons verdes e azuis habituais, graças às nuvens que escondem o Sol. 

Mas o Sol não se rende e tenta furar as nuvens que lhe dão banho, oferecendo novas tonalidades de cinzento e iluminando as águas do rio...

É o Outubro a despedir-se, quase num quadro a preto e branco, memorável...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, outubro 29, 2025

O desvio das atenções e um dos prováveis "pais da criança"...


No nosso pequeno "microcosmos" social, onde misturamos o café com palavras, o elemento mais desbocado, é também aquele que é capaz de ver mais longe e fazer o papel de "bombeiro", quando percebe que há um ou outro elemento com menos paciência para escutar os outros. Usa quase sempre o humor...

É sempre bom o Carlos trazer para a mesa alguma serenidade, quando a realidade nos começa a irritar, quase a sério. Até mesmo os elementos mais conservadores, deixaram de perceber o que se está a passar com as pessoas, que só se preocupam com o acessório, que se esquecem dos hospitais, do preço das rendas e dos ovos, deixando que lhes enfiem "burcas" na cabeça.

Graças às piadas secas do Carlos, sorrimos e concluímos que o problema está longe de ser apenas do cidadão comum ou das redes sociais. Não há uma televisão que consiga ficar indiferente às tiradas populistas do "coleccionador de salazares" ou aos seus cartazes provocatórios. Os seus editores são os primeiros a tornar notícias que deviam ser de rodapé, em "casos nacionais", obrigando os jornalistas a fazerem "sprints" atrás de mais palavras polémicas.

O mais curioso, foi estarmos todos de acordo, que o Ricardo Araújo Pereira, é o suspeito número um de ser o "pai da criança"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, outubro 28, 2025

Conversas, olhares, teorias e práticas...


Sei que há mais que uma forma de olhar para as coisas que nos rodeiam, da mesma forma que também sei, que a própria realidade é muitas vezes deturpada. Isso acontece pelas leituras erradas que se fazem e também pela vontade de se ser "o dono da verdade"...

Sinto isso nas conversas de café que tenho com amigos. Além de sermos teimosos, temos ainda a mania que estamos mais bem informados que o comum dos mortais. É por isso que nas questões mais polémicas, raramente chegamos a um consenso.

Não é nada de preocupante, sabemos que são apenas conversas. É por isso que nunca nos chateámos a sério e quando as coisas começam a querer "azedar", o humor instala-se na mesa e volta tudo ao normal (grande Carlos!).

Foi por isso que tivemos alguma dificuldade em chegar a acordo, sobre o "valor da vida" de todos aqueles que fazem parte das forças de autoridade, segurança e protecção (polícias e bombeiros). 

A morte de um elemento da GNR, numa operação contra o narcotráfico, no Guadiana, que provocou uma grande operação policial em busca dos assassinos, nos dois lados da fronteira, fez com que de início, poucos concordássemos com o envolvimento de mais meios, do que se fosse um cidadão normal. A troca de argumentos fez com que nos aproximássemos e sentissemos, pelo menos teoricamente, que a vida de quem passa o tempo a garantir a nossa protecção e de bens públicos, deve merecer mais respeito e ser mais valorizada, por todos nós.

O ponto de discórdia, não tinha nada a ver com este acontecimento, mas sim com a prática diária dos agentes da autoridade, que muitas vezes inspiram mais o medo e a desconfiança, que a segurança, junto das comunidades.

Mas no plano teórico, estivemos todos de acordo. A vida de quem tem como profissão e missão a nossa protecção, deve ser sempre valorizada e enaltecida.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, outubro 27, 2025

Talvez a maldade humana não tenha limites...


Uma das lições que o progresso nos dá, é a facilidade que temos em utilizar a maior parte das coisas que são pensadas e criadas para melhorar as nossas vidas, da pior maneira.

Ainda não sabemos muito bem, quais são os sectores onde podemos usar de uma forma mais eficiente a Inteligência Artificial, para nos facilitar o dia a dia, já ela anda nas "bocas do mundo", pelas piores razões. 

A "chico-espertice" do costume, de mão dada com a maldade humana, já a começaram a usar em todos os géneros de burlas e roubos de identidade, ao ponto de já ser olhada de lado, por uma grande parte da população mundial... 

Somos o que somos. 

Provavelmente, a maldade humana não tem limites...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, outubro 26, 2025

As palavras bonitas (e compreensíveis) da Sophia...


Continuo a ler muita poesia.

Foi um hábito que ficou da pandemia, em que finalmente fiz uso do cartão de leitor da Biblioteca Municipal de Almada.

Já tinha os meus poetas preferidos (todos temos...). Pouco ou nada mudou, dezenas de poetas lidos depois.

A Sophia de Melo Breyner Andresen e o José Gomes Ferreira, continuam a ser grandes, nas palavras bonitas que escolhem para nos transmitirem as suas emoções, os seus encantos e desencantos, sem fugirem do mundo concreto, de tudo aquilo que nos cerca.

Poderia falar também de Alexandre O'Neill, de Ruy Belo, e de pelo menos, mais meia dúzia de poetas, que são de uma linha poética mais compreensível (pelo menos para mim...). Sim, eu gosto de ler, sentir e perceber a mensagem poética que está a ser transmitida.

Lá estou eu a fugir... Só queria transcrever por aqui, as palavras escritas, a lápis, que me ficaram depois da leitura de mais um dos livros da Sophia (Obra Poética II):

«Ao ler a poesia da Sophia, sinto-me maravilhado. A forma como ela consegue dar beleza e sentido poético às palavras, é única. Palavras que nunca se perdem no espaço, nunca querem ser estrelas, querem ser apenas poemas. Poemas que conseguem ser sentidos e maravilhar qualquer pessoa que seja sensível e goste de poesia.»

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, outubro 25, 2025

Cada vez mais espectáculo e menos informação


Não sei se fale no poder do futebol, se no poder do Benfica, para este dia, quase integralmente dedicado ao "glorioso" (que já se sabe que bateu o recorde do mundo em número de votantes em eleições para clubes desportivos).

Ou talvez deva falar de uma forma de fazer televisão, cada vez mais virada para o espectáculo e menos para a informação, dando quase sempre mais atenção aos "casos e casinhos", que ao que realmente importa para todos nós.

Quem se tem aproveitado bem destas novas linhas editoriais são os partidos políticos que estão no poder, que também preferem apostar mais no "entretinimento" que na "arte de governar"...

Curiosamente, encontrei uma crónica de Vasco Pulido Valente (que estava longe de ser o meu cronista preferido...), datadas de 8 de Março de 2015, que nos oferece um retrato demasiado real dos canais televisivos - com a excepção do agora RTP Notícias - dez anos depois...

Eis as palavras do Vasco, no "Público": «Basta ligar a televisão para se perceber o estado de indigência intelectual e política a que chegou o país. A informação, que já foi sofrivelmente sensata, embora parcial e sumária, tem hoje o critério editorial do antigo semanário O Crime e da imprensa cor-de-rosa e desportiva.
Para começar, os portugueses são presenteados com horas do que antigamente se chamava “casos crapulosos”: a facada, o tiro, o roubo, a violência doméstica, histórias de tribunal, considerações de réus, de testemunhas, de advogados, de “populares”, da polícia e de um ou outro comentador de serviço. Depois do “crapuloso” vem o “acidente” e a catástrofe: desastres de avião e de automóvel, incêndios, tempestades de vento ou neve, inundações, tudo o que meta feridos, mortos, miséria e sangue.»

Não se trata apenas dos "retratos" do CMTV ou do NOW, a CNN e a SIC Notícias estão logo ali, depois da esquina...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, outubro 24, 2025

A vida, entre a realidade e as percepções...


Continuo a acreditar mais em percepções que num aumento de violência nas ruas (pelo menos de uma forma significativa), mesmo sabendo que há pessoas e pessoas, e há ruas e ruas...

Sempre existiram vários "guetos", onde quem era de fora, não era bem recebido. Havia "covas da moura" nos vários concelhos que rodeiam Lisboa, mesmo que não fossem tão fechados, labirínticos e perigosos. A Margem Sul tinha (e tem...) pelo menos meia dúzia deles...

Normalmente só se fala destes bairros, quando se percebe que cresceram demasiado (em vez de centenas de pessoas, acolhem milhares...) e que se tornaram mais sujos e mais violentos, lançando o alarme em quem vive nas proximidades. 

Infelizmente, estes lugares estão longe de alojar apenas "marginais". Há cada vez mais gente a procurar estas zonas para viver (até foi criado um novo nicho de mercado, pois há quem enriqueça com o aluguer de "barracas"...), porque não conseguem alugar uma casa a preços acessíveis. 

Não se pode esperar, que quem cresce nestes lugares, viva apaziguado. Eles sabem que há "quem tenha tudo" e que "eles não têm quase nada"...

É por isso que me faz confusão, que os políticos fechem os olhos à existência destes bairros, sem o mínimo de condições para alojar seres humanos, ao mesmo tempo que continuam a alimentar a percepção do aumento de violência, um pouco por todo o lado...

(Fotografia de Luís Eme - Trafaria)


quinta-feira, outubro 23, 2025

A forma dúbia (e estúpida) como tratamos quem chega de fora...


De uma forma geral sempre fomos assim, o caráter nunca foi um traço muito forte da personalidade dos portugueses.

As mitologias que por vezes tentam transportar Viriato ou Afonso Henriques, para o nosso tempo, não passam disso mesmo, mitologias...

É por isso que o normal, especialmente nos pequenos poderes, foi sempre ser fraco com os fortes e forte com os fracos. Ainda hoje é assim, especialmente nas mentes mais conservadoras e retrógadas, que atravessam todas as classes sociais. Talvez a ditadura salazarista tenha sido demasiado impositiva neste aspecto, mas está muito longe de explicar tudo...

Esta forma de estar, explica em parte a forma como recebemos os emigrantes. Se for gente, aparentemente endinheirada (mesmo que sejam bandidos da pior espécie...), que compram "palacetes, carros de 100 mil euros, quem mora na sua rua, até é capaz de lhes fazer uma vénia. Se foram simples trabalhadores, que vieram fazer aquilo que já nos achamos demasiado importantes para fazer, seja na hotelaria, restauração ou serviços de limpeza, são olhados de lado e apontados a dedo, se faltar alguma galinha na capoeira da vizinha (por ela não saber contar muito bem)...

Esquecemos que é graças a estes "endinheirados" (os "traficantes" que tiveram a porta aberta graças aos "vistos de ouro", mas também a gente famosa do cinema, da moda, os reformados das europas e das américas, e ainda, essa profissão estranha e vasta, como o nome de "nómadas digitais"), que se está a tornar um "luxo" viver no nosso país, especialmente nos grande centros urbanos. 

É graças a eles que o preço das casas sobe a níveis quase de Paris, Londres ou Nova Iorque, assim como as diárias de hotéis, as ementas de restaurantes e até os preços das batatas, dos tomates e das cenouras nos mercados.

Mas bom é seguirmos a "lenga-lenga" da direita e culpar quem vem para cá trabalhar e tem uns tons de pele ligeiramente mais escuros que nós. Gente que além de ser mal paga, é mal tratada e olhada de lado, por uma população cada vez mais incapaz de pensar pela sua própria cabeça, que engole todas as "percepções" que vão dando jeito a quem nos governa e que vão tornando o nosso país cada vez mais miserável e desigual.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)