sábado, agosto 16, 2025

"O que é meu é meu, o que é teu é nosso..."


Esta semana devolvi a chamada de um amigo (com mais de uma semana de atraso...), que me queira falar da publicação misteriosa de um dos seus trabalhos no "facebook". Até porque a sua aguarela tinha sido feita propositadamente para a capa de um dos meus livros.

Ele estranhou o facto, por calcular que se ele não tinha "oferecido" a imagem ao sujeito pequenino, que sempre foi hábil a usar as costas dos outros, para chegar ao alto das "montanhas da vida", eu muito menos.

Ficou incomodado, eu nem por isso. 

Sei que este mundo está mais do lado da "criatura", que do nosso, porque ele sempre agiu daquela maneira engraçada de que, "o que é meu é meu, o que é teu é nosso..." E, infelizmente, as redes sociais continuam adequadas à forma cobarde como ele age no dia a dia.

Claro que sabia por terceiros que "copiavam" textos e fotografias minhas e que as publicavam nestes lugares - onde o ar se torna irrespirável, mais vezes do que devia -, ignorando a autoria, como se fossem eles os seus criadores. 

Foi este sentimento de impunidade que sempre me afastou das redes sociais. Não preciso de me chatear (como acontece com o meu amigo e com muitas outras pessoas...), por estes lugares terem sido tomados por cobardes que se escondem atrás de um "nick name" e acham que podem fazer tudo, desde insultar as pessoas de quem não gostam a roubar os textos e as imagens dos outros, para "embelezarem" as suas "pocilgas"... 

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, agosto 15, 2025

As palavras têm cada vez menos importância no mundo. Até já há quem as escreva por nós...


Não é de hoje, é de sempre. 

Sim, as pessoas sempre olharam mais para as coisas. É uma das coisas mais fáceis e naturais do mundo. Escrever ou ler sempre foram tarefas mais complicadas e trabalhosas.

É também por isso que se diz que uma imagem vale por mil palavras. E muitas vezes vale (falei disso com a minha filha, ontem, quando visitámos a exposição de fotografia "Venham mais Cinco", na minha terceira visita...)

Lá estou eu a fazer um "desvio na conversa"... 

Mas por ser feriado, vou deixar o "outro assunto" para amanhã. Fico-me mesmo pela importância, cada vez maior das imagens, ao mesmo tempo que a arte de escrever continua a ser desvalorizada, ao ponto de haver já gente a decretar o fim da literatura (há quem adore decretar "fechos" e "fins", já aconteceu com os jornais e livros de papel e até com a história...).

O que poderá acontecer, é a banalização da escrita de autor. Graças ao talento da Inteligência Artificial, uma ferramenta essencial para quem não tem "arte e engenho", a escrita bonita parece ficar ao alcance de todos...

Voltando ao segundo parágrafo, não é por acaso, que a imagem continua a ser hipervalorizada, hoje, graças aos "smarphones", que transformam os milhões de "telefonadores", que nos rodeiam, em "fotógrafos de excelência"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quinta-feira, agosto 14, 2025

A Solidão do Filipe no areal da praia...


Durante dias seguidos dois casais jovens e duas crianças montavam um "acampamento" próximo do nosso velho chapéu verde e por ali ficavam, até ao final do dia, presos ao "rectángulo mágico", provavelmente, a correr mundo, uns deitados na toalha outros sentados nas cadeirinhas de riscas para a época.

As duas crianças eram completamente diferentes, uma menina de oito,  nove anos, incapaz de partir partos e um garoto de cinco seis anos, que assim que podia pegava na bola de futebol e afastava-se ligeiramente do "acampamento", para dar toques na sua "mais que tudo", inventando jogos, enquanto chutava para o ar e corria atrás da bola, para um lado para o outro, gritando umas vezes pelo Benfica e outras pelo Sporting...

Na dezena de dias que  partilhámos a praia nunca vi o pai ou o tio, levantarem-se, um da toalha outro da cadeira, para inventarem um "adversário a sério", ou um "companheiro de equipa", nos jogos diários do Filipe.

Ao fim do segundo, terceiro dia, já tinha pensado no quanto esta criança precisava de um amigo de férias, para enganar a solidão, ou mesmo de um primo ou prima, que fosse diferente da irmã, que gostasse como ele, de correr e saltar no areal da praia...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)

Nota: segunda "crónica algarvia".


quarta-feira, agosto 13, 2025

Todos sabíamos que havia mais que uma definição de silêncio...


Às vezes acontece, a crítica a um livro "dá corda" a conversas que não precisam nem querem um termo. O livro, História do Silêncio, de Alain Corbel, prestou-se a isso, mesmo sem o termos lido, com apenas a leitura das palavras da Cláudia Carvalho Silva (Público).

Houve logo uma frase que deu tecido mais que suficiente para as mangas, que não fazem falta nenhuma neste Verão excessivo: "A língua da alma é o silêncio". Ninguém a conseguiu contrariar.

Entre outras variações, houve uma que não trouxe consensos, eu sorri, por gostar de me reencontrar de uma maneira e de outra. Mas claro que a possibilidade de escutar o mar, as árvores quando abraçam o vento, o piar de uma ave ou até os passos de alguém na rua (à noite há sempre mais coisas para escutar...). A frase foi "o silêncio é uma forma do individuo se ouvir, de se reencontrar". Pois é, nós urbanos além de vermos sempre poucas estrelas no céu, também não conhecemos muitos sons que invadem os campos e suplantam as vozes humanas...

E é por isso que ganhamos a capacidade de nos "reencontramos" no meio da multidão.

Vinha para casa a pensar que há demasiadas pessoas dentro das cidades a precisarem de passar um mês, numa das muitas aldeias, quase desertas do país (não é dessas de "brincar ao turismo"...), porque o silêncio não é quando o mundo fica sem som, é quando o que está à nossa volta ganha vida...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


terça-feira, agosto 12, 2025

As praias privadas, e as outras, que são só para quem as conhece...


Este ano notei que a minha praia dos últimos quinze anos (a Praia do Cabeço, sem vigilância e concessionário...), está a perder qualidades. Começou a ser descoberta e já não tem aquele aspecto de "paraíso", com muito mais areia que chapéus e pessoas.

Sorri, ao pensar nos "condes da Comporta", que sabem que o dinheiro compra quase tudo, ao ponto de terem o privilégio de ter praias apenas para eles, a família e os amigos.

A falta de acessos vai continuar, porque há muito tempo que o "povo" perdeu aquela "batalha de Tróia", que se prolonga desta bonita praia até Melides. Os preços dos bilhetes dos ferrys que fazem a travessia entre Setúbal e a Margem Sul (aposto que nenhum ricaço de Tróia lhe chama isso...) e os obstáculos pouco naturais, que dificultam a chegada ao mar, são um bom exemplo de quem quer praias sem a presença dos "outros"...

Curiosamente, em nenhum momento quis ter "uma praia só para mim", até por saber que isso é possível, lá para Outubro. 

Claro que dispensava a companhia tão próxima dos espanhóis que falam pelos cotovelos e parecem ter um autofalante na boca. Apesar de terem quase toda a praia para eles, gostam de colocar o chapéu a menos de cinco metros de quem preferia estar por ali, sossegado, a ler e a ouvir apenas as ondas do mar...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve) 

Nota: primeira das minhas "crónicas algarvias".


segunda-feira, agosto 11, 2025

Problemas que existem mas, que, com uns truques (quase de magia) "deixam de existir"...


Até podia ser o refrão de uma canção, este título que escolhi, quase com o ritmo da "bossa nova".

Mas é a definição de uma forma de fazer política destes tempos modernos, levada ao extremo pelo Governo de direita do nosso país, com a cumplicidade das redes sociais e de um jornalismo cada vez mais subserviente e com menos capacidade de se ver ao espelho.

Eles perceberam que se inventarem um "não problema", que seja dito por alguém com poder (as ministras do trabalho e da saúde são boas a desempenhar este papel...), este acaba por esconder os verdadeiros problemas que afectam o país, pelo menos durante semanas.

Claro que nem tudo lhes corre bem. Como têm tiques autoritários e revelam mau perder, quando as coisas não correm como esperavam, quase que sopram pelos ouvidos. Foi o que aconteceu com a nova lei da imigração, que depois de fiscalizada pelo Tribunal Constitucional, volta ao Parlamento. Esse "mau perder" revela-se nas acusações contra os juízes que votaram maioritariamente contra, a passos de serem considerados uns "perigosos esquerdistas", quando apenas se limitaram a fazer cumprir a nossa Lei maior...

E entretanto, não se fala da saúde, da limpeza que não se fez das matas (nem sequer em volta de casas e de aldeias...) ou das casas que não se constroem... 

Como também se costuma dizer, é "fácil empurrar os problemas para canto". Pois é, os votantes das direitas, mesmo os que não passem de uns "pobretes e alegretes", até são capazes de desculpar estes governantes, por fazerem o mesmo que eles...

É por causa desta gente, que me apetecia acabar estas palavras com um palavrão, que caracteriza "alguns portugueses", que parecem ser sempre mais do que realmente são...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, agosto 10, 2025

Contradições e mentiras da gente que finge que governa...


Este governo deve ser o mais contraditório - e mentiroso - da história da democracia. 

Entre outras coisas, em vez de governar, gosta de inventar problemas. Problemas que depois "tapam" outros problemas, graças a um jornalismo mais imaginativo que informativo, que também ele foge da realidade como o diabo foge da cruz.

Isso explicará que num dos países com a mais baixa taxa de natalidade da Europa, uma ministra seja capaz de inventar a ficção de que as "mães amamentam os filhos até à idade da primária" (a taxa só não é mais baixa porque os imigrantes tão "maus" para a nação, continuam a fazer filhos, ao contrário dos portugueses, e disfarçam a coisa...). E depois se ande semanas e semanas a discutir um "não assunto".

Na habitação também se finge resolver o problema, através da criação de números. O Governo fala da construção de novas casas, que só existem nas suas "cidades de papel", ao mesmo tempo que tenta "calar" e "prender" os elementos das associações capazes de denunciar, com marcas de tinta (de Norte a Sul), a existência de milhares de casas devolutas. Casas essas, cuja maioria pertence ao Estado e que poderiam resolver os problemas de muitos jovens e de muitos imigrantes, a curto e médio prazo...

Claro que isso seria "inventar" um novo problema para a banca e para as construtoras, que continuam a somar milhões, com a habitação nova, pois veriam o valor das casas a baixar, assim como os pedidos milionários de empréstimos, ao alcance de apenas um número reduzido de jovens...

E não vale a pena apontar o dedo e falar dos problemas cíclicos dos incêndios, dos negócios de milhões que envolvem aviões, helicópteros, autarcas e governantes, por respeito aos Homens que andam dias a fio por montes e vales, a tentar defender as pessoas e os seus bens...

Felizmente, com todos estes dramas, deixaram de existir "urgências fechadas" e a ministra da Saúde poderá gozar férias descansada, em qualquer praia dos trópicos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, agosto 09, 2025

«Cuidado! Ele é capaz de prometer este mundo e o outro, para obter o que quer.»


Havia uma conversa mais acesa numa mesa ao lado da nossa, composta apenas por mulheres, de pelo menos três gerações. Sim, podiam ser a avó, a mãe e as duas filhas.

Quando as olhei, discretamente, percebi que as duas miúdas giras, não falavam. Limitavam-se a sorrir, em relação aos avisos dados pelas duas mulheres maduras, como se estes não fossem para ser levados muito a sério.

Deve ter sido esta indiferença, que fez com que a "mãe" lhes dissesse, num tom pouco amigável: «Cuidado! Ele é capaz de prometer este mundo e o outro, para obter o que quer.»

Na minha mesa estavam tão presos ao quotidiano, que ninguém ligou aquela frase. À maneira do bom "Zé Gomes", pensei que talvez só estivessem a falar alto para mim...

Não era nada estranho, darem-me espaço para "roubar" palavras, enquanto pensava em várias coisas. Comecei por desculpar a personagem de que falavam, por estar dentro deste tempo, em que os valores com que se rege a sociedade parecem ser outros. Sim, ele é tudo menos parvo. E ainda bem para ele.

Depois, o meu lado de "contador de estórias" fez-me pensar que não há muitas mulheres capazes de resistir à chamada "canção do bandido", onde se oferecem, entre outras coisas, bilhetes para duas ou três viagens imaginárias, que deixam qualquer apaixonada, mesmo que já seja cinquentona, a sonhar acordada.

Não era nada de novo, Camilo, Eça e outros bons contadores de histórias de amor, mesmo de outros séculos, exploraram o "filão".

E lá fui à minha vida, com assunto de sobra para pensar, para escrever e para contar...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, agosto 08, 2025

Estou farto de saber que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, mas...


Dei uma volta grande pela cidade, para finalmente chegar aquele lugar, mais oriental.

Depois foi entrar e descobrir a recepção e uma senhora que era segurança (a farda não engana...), fazer a pergunta, querer saber de fulano tal, e a mulher não fazer ideia quem era o senhor, mesmo que fosse ele o "pai e a mãe" daquela instituição.

A senhora já não era uma jovem, nem tinha qualquer sotaque, que a levasse para o território imigrante. Insisti, até lhe fui dando alguns pormenores biográficos. Percebi que dali não levava nada pelo que perguntei se não havia ninguém da empresa que me pudesse ajudar. Que não, já não estava lá ninguém da administração. Sei que Portugal é um país especial, é sexta-feira e o relógio indicava 12 horas e 12 minutos. Pois é, há sempre quem faça fins de semana prolongados, especialmente num Agosto quente e que não tenha um horário de trabalho das nove às cinco...

Quando me preparava para ir à minha vida, eis que apareceu uma senhora por ali, a quem a funcionária fez a "pergunta sacramental".

De repente o mundo deu uma volta e fiquei a saber o que queria. Sim, o mundo voltou a ser "simpático e culto"...

Já na rua, fiquei a pensar que a senhora não tinha culpa da "inutilidade" e da sua "irrelevância", porque era segurança e não recepcionista. Estava ali para não deixar "entrar bandidos" e não para dar informações sobre o histórico da instituição.

Nada que eu não soubesse. Pois é, estou farto de saber que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. 

O problema, é que estamos sempre à espera de ser surpreendidos, pela positiva, neste nosso pequenino país...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, agosto 07, 2025

Esta coisa de se viver mais tempo levanta uma série de questões...


Esta coisa de de viver mais tempo levanta uma série de questões. 

Ao escrever sobre isso, estou a pensar sobretudo na qualidade de vida que se vai perdendo, à medida que fingimos ultrapassar o próprio tempo.

Penso nas fragilidades humanas, que se tornam cada vez mais visíveis, tanto físicas e mentais. Até nos pode dar a sensação de que se "inventaram" novas doenças, se nos esquecermos que o nosso corpo não está preparado para a "eternidade"...

Quem tem familiares entre os oitenta e os cem anos de idade, sabe do que estou a falar, assiste diariamente à perda de faculdades. É natural e tem de ser aceite de forma pacífica.

Claro que sei que há doenças que também vão aparecendo mais cedo, devido sobretudo ao modelo de vida citadino, muito menos saudável do que devia. O facto de se lidar diariamente com o "stress", de certeza que contribui para casos de demência, que por vezes surgem ainda antes da idade da reforma.

E não vou falar das questões sociais que se levantam, diariamente, em relação aos cuidados de saúde, por se perceber que o nosso país, não está estruturado para ter tanta gente de idade avançada.

O mais curioso, é notar que muitas destas pessoas, apesar das suas debilidades, não pensam "desistir de viver". Habituam-se a conviver diariamente com a dor e com as dezenas de comprimidos que lhes dizem que garante uma "vida mais saudável".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, agosto 06, 2025

A aparente ilusão de que as mulheres são melhores governantes que os homens...


Uma das coisas em que gostamos de acreditar, é que as mulheres são melhores governantes que os homens, mesmo que isso continue por se provar, porque o mundo continua a dar-lhes poucas hipóteses de chegaram ao topo, em qualquer área de poder. 

Há por isso, alguma dose de ilusão, nesta quase teoria, baseada na sua maior sensibilidade para as questões sociais e também por se deixarem guiar, mais vezes, pelo bom senso.

Mas depois surgem exemplos práticos tramados, como são os casos das nossas duas ministras, com as pastas da Saúde e do Trabalho, que se têm esforçado por provar exactamente o contrário. 

Além da sua cada vez mais visível, incompetência, têm tudo menos bom senso. Logo no início, ainda no governo anterior, entraram as duas "a pés juntos", contra o director geral do SNS e contra a provedora da Santa Casa da Misericórdia, provocando as suas demissões, ao mesmo que colocavam em causa a sua honorabilidade.

O mais normal (para mim claro), era as duas senhoras não terem sido reconduzidas nas suas pastas pelo primeiro-ministro. Mas o "conde monteverde" gosta do seu perfil, de serem melhores a destruir que a construir, o que acaba por ser bom, na transformação do Estado social numa outra coisa, que é boa, sobretudo para quem tem dinheiro e poder...

Pois é, podem ser a excepção que confirma a regra, mas acho que não. Estou cada vez mais convencido de que o poder não tem sexo...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


terça-feira, agosto 05, 2025

Um mundo que nos escapa, cada vez mais (quase sempre por vontade humana)...


Nunca irei perceber a cobardia de quem é capaz de destruir um bom comum, como é um parque natural, que devia ser partilhado e defendido por todos, da mesma forma que não entendo o uso da força, através da guerra, por ditadores, que destroem países, quase sempre por meros interesses pessoais.

Aquilo que nos devia definir, e fazer toda a diferença, o humanismo, é ignorado por quase todos. Somos cada vez mais, "bestas humanas", preparados para levar tudo à frente. 

Nem mesmo a própria natureza, que se vai vingando, pela forma egoísta e brutal com que é tratada, através de tempestades,  tsunamis, tornados, terramotos ou vulcões, nos faz mudar de vida.

E depois, acontecem mortes completamente inesperadas, como a de hoje, de Jorge Costa, que por ser uma figura pública, vai merecer horas e horas de atenção na televisão, com muita gente a interrogar-se, "porquê?". 

Porque somos de facto pequeninos. Fingimo-nos muito poderosos (mesmo ditadores como  Putin, Trump ou Nethanyau, não conseguem escapar ao "destino"...), mas não passamos de simples seres mortais, cada vez mais insignificantes e autodestruitivos...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


segunda-feira, agosto 04, 2025

Todos querem entrar e ficar na "caixinha mágica"


Faz-me alguma confusão o fascínio que a televisão exerce numa boa parte das pessoas, ao ponto de muitas fazerem fila para entrar, e depois, tentam ficar por lá, nem que seja num cantinho. 

Sei que noutros tempos a "caixinha mágica" era mais selectiva e muito menos democrática, estava longe de ser para todos, como finge ser nos nossos dias. Havia dois aspectos importantes para se conseguir entrar pela porta da frente: ter uma boa imagem e possuir uma voz clara e convincente.

Hoje há espaço para quase todos, sejam eles (e elas) gordos, magros, feios, bonitos, bem falantes, mal falantes.

De todos estes pormenores, o que mais me incomoda é ver e ouvir alguém que não sabe falar, que mastiga as palavras ou as esconde debaixo da língua.

Há vários exemplos. Mas o caso mais gritante (para mim, claro...), é o jornalista do "Observador", Luís Rosa, que quando abre a boca na CNN, lembra-me de imediato o Pato Donald...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


domingo, agosto 03, 2025

Regresso (quase festivo) ao Ginjal


Ontem, tal como hoje, o dia estava quente, demasiado quente.

Tínhamos acabado de regressar.

Duas três frases batidas e a pergunta: porque não ir dar uma volta, ir passear ao lado do Tejo?

E fomos. 


O Ginjal esperava-nos. Tinha sido aberto de novo às pessoas, depois das "demolições".

Num primeiro olhar, parece mais amplo, por não ter paredes nem sombras. No Inverno, ainda se irá notar mais, embora também se esteja mais desprotegido do "mau tempo no Cais"...


Quem deve dar vivas, a este caminho aberto, são os dois restaurantes, com filas enormes, para quem quer ter o prazer de se sentar e estar duplamente a dar de beber e comer aos sentidos...

(Fotografias de Luís Eme - Ginjal)


Coisas normais de quem regressa a casa...


Não devia ser estranho, normalmente é assim. É domingo e as férias acabaram.

Normais são também os vestígios de quem acabou de regressar a casa, que se acumulam pelas várias divisões da casa. 

As coisas parecem não querer voltar aos lugares. É todos os anos a mesma coisa... 

Devemos ser nós, que estamos com pouca vontade de pensar que amanhã é segunda-feira.

Por isso é melhor mudar de assunto.

Estive a ver as fotografias que tirei nas férias e como algumas estão ligadas a coisas que fui vendo e escrevendo (além de ler, também escrevi bastante...), talvez ensaie uma coisa chamada "crónicas algarvias", uma ou duas vezes por semana aqui no "Largo". 

Talvez...

(Fotografia de Luís Eme - Mar)


sexta-feira, agosto 01, 2025

Não vale a pena olhar para trás


Não vale a pena olhar para trás.

O tempo de férias é sempre mais curto que o de trabalho, mesmo quando os dias não estão tão convidativos como deviam.

O "relógio humano" sempre foi tramado a fazer contas, os segundos que cabem num minutos tanto podem subir como descer, fruto das conveniências...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quinta-feira, julho 31, 2025

Os bons companheiros de toalha (no Sul ou em qualquer outro lugar)...



Agora que as férias pelo Sul estão quase na despedida, o mar ficou com ondas e a água voltou a uma temperatura mais mediterrânea que atlântica, e voltei a ler bastante (é a vantagem de não outras ferramentas de leitura, além do papel...), apetece-me falar de um livro...

Gostei particularmente do "Tempo Escandinavo", os contos do meu companheiro José Gomes Ferreira, que têm coisas que só lembrariam mesmo ao grande Zé Gomes. É um livro demasiado humano. Ele ainda nos tenta "ludibriar", quando diz logo no começo: «Todos os episódios e personagens desta narrativa foram totalmente inventados, para serem mais reais e verdadeiros.»

Claro que Ele "aparece por todo o lado"... Como quando sentiu o que qualquer estrangeiro sente fora do país: «Eu continuava a parecer estúpido. Com o perfil mutilado. Só sei fingir de inteligente em Português.» Ou,  quando teve uma visitante em casa: «Lê muito não? - Tirou os olhos da estante e fitou-me surpreendida com a possibilidade de me caberem tantas palavras na cabeça.» Ou ainda: «Aquela ninharia de ouvir chamar "Tejo" a um cão que ladrava em norueguês, lisonjeou-me.»

Coisas tão simples e tão importantes (para mim, claro)...

Entre prosa e poesia, li mais meia-dúzia de livros, mas nenhum com a "verdade" do Zé Gomes (que devia detestar ser o senhor Ferreira...).

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


terça-feira, julho 29, 2025

Coisas "feias", num Verão pouco perfeito...


Eu sei que é feio ouvir a conversa dos outros, e ainda pior reproduzir o seu conteúdo, mas ninguém é perfeito...

A prenuncia do Norte não deixava dúvidas sobre a origem da mulher, que falava para toda a esplanada, apesar dos toques no braço de uma moçoila novita, que devia ser filha.

Quando olhei para a minha companheira, percebi que ela não fazia tenção de se levantar, perante a possibilidade de assistir a "teatro de borla". Além disso, nem sequer tive tempo para pensar, porque o tom de voz da senhora que devia ter ultrapassado os cinquenta anos de idade há pouco tempo, espantava qualquer tipo de pensamento para bem longe...

Um homem parou e perguntou-lhe pelo marido. Ela respondeu, sem olhar para ele: «sei lá onde é que anda esse estupor.» E ele seguiu o seu caminho, sem mais palavras.

Foi quando outra senhora, que falava de uma forma mais suave, trouxe para a conversa a nora, que a estava a virar do avesso, pois não fazia nadinha lá em casa.

E lá veio a resposta, para todos escutarem. «Vim uma vez de férias com os meus cunhados, jurei para nunca mais. Em vez  de criada de três, passei a ser criada de seis. A fina da minha cunhada, além de estragar as unhas a lavar a loiça, dizia que não sabia cozinhar para tanta gente.» Uma outra senhora interrogou-a, «E ficou-se?» A mulher ainda respondeu mais alto: «Isso é que era bom! Aproveitei a deixa e disse que ela tinha razão, era muita gente, o melhor era cada uma de nós cozinhar para a sua família. Sabe o que fizeram?» ninguém sabia, mas a resposta não tardou: «Começaram a ir comer fora. Foi um sossego lá em casa às refeições.» 

«No ano seguinte queriam mais férias com a Tina, mas eu mandei-os para o hotel. Lá é que eles estavam bem, não precisavam de mexer uma palha, tinham criados para tudo.»

Repetiu a expressão, «Está a ver o filme, não está?», pelo menos três vezes. Talvez a pensar na malta que estava na esplanada. E estávamos todos deliciados com a fita, mesmo quem fazia cara de caso...

Foi quando nos levantámos e seguimos viagem, ainda antes do "pano baixar"...

Enquanto caminhava fiquei a pensar que havia ali algo de mais feliniano que de "pátio das cantigas"...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


segunda-feira, julho 28, 2025

Uma sociedade cada vez mais "classificada" e classicista


Nem todos damos por isso, mas realidade é o que é, e diz-nos que os nativos de qualquer cidade com manias de grandeza, há já algum tempo que são tratados como cidadãos de segunda.

E se estiverem na "base" deste grupo, correm o risco de serem empurrados para os subúrbios da cidade com cada vez "menos sonhos", para que algum espertalhaço lhes surrupie a casa e ganhe mais uns tostões (antes que a "galinha" decida não colocar mais "ovos"...). 

A tal primeira linha está reservada para o grupo que vem de fora, a que chamamos turistas, não de pé descalço, mas de "sandália e meinha" (desde que tragam dinheiro para gastar em comida, dormida, "recuerdos" e museus, todo o mau gosto é permitido...) e para as gentes como o "conde monteverde", os alcaides de Lisboa e de Grândola, ou ainda a senhora que finge que governa Almada. Todos eles fazem questão de ir "vendendo o país a retalho".

E depois há a terceira linha, que agora está na moda "desancar" e fingir "correr para fora", que são o suporte económico de toda esta "fantasia". Têm muitos mais deveres que direitos, trabalham muito e recebem pouco e chegam ao nosso país quase sempre com uma mão à frente e outra atrás, sem o conforto e a liberdade dos donos dos "vistos de ouro" (que até podem ter a mesma cor e o mesmo cheiro deles, mas usam carteiras diferentes). 

Não era para escrever sobre isto, mas os dedos decidiram ir para aqui, talvez a pensar nos "turcos" que nos servem o café, e que devem estar alojados num qualquer "galinheiro" das traseiras do edifício comercial... ou então, chateado por ver a "idade média" a aproximar-se, mesmo que parecesse uma daquelas coisas inimagináveis.

A conversa interessante que escutei (sem querer, até me apeteceu tapar os ouvidos...) fica para amanhã...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


domingo, julho 27, 2025

A beleza feminina continua mais "bonita" que a outra...


Hoje sei que nem sequer é muito poético dizer que todas as mulheres são bonitas, como um dos meus professores de português disse, numa turma já com "miúdas-mulheres".

Talvez ele dissesse isso, porque além de ser um "falso charmoso", usava óculos e não tinha sido muito abonado pela beleza. Coisas que o faziam descobrir em cada mulher uma musa...

Claro que com os anos descobrimos que há mais que um tipo de beleza, embora isso não consiga eliminar a existência de pessoas feias à nossa volta.

Mas há outro factor que pode influenciar o bonito do feio, é o estatuto social. Sim, as mulheres ricas-feias, sem sempre olhadas de outra forma que as mulheres pobres-feias. Isso acontece em parte, porque elas têm "tempo e dinheiro" para quase se disfarçarem de "mulheres interessantes", através das roupas que usam e da elegância que lhes é proporcionada, algo que é apenas um parente afastado da beleza...

Sei que estou a ser ligeiramente "sexista" (pois é, o homem continua a ter padrões de beleza bem mais ligeiros), mas isto só acontece porque me cruzei ontem com uma mulher feia, que percebia-se à légua que tinha qualquer coisa de interessante...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


sábado, julho 26, 2025

Os "artistas" que fazem parte do "cenário" dos políticos (quando estes estão à frente das câmaras)


Não sei como lhes chame. Na maior parte das vezes são personagens secundárias, embora também existam ministros a fazer esse papel. Por vezes parecem espantalhos, outras figurantes, mas se puderem, não falham a presença na "caixa mágica".

Ficam ao lado e atrás (mas quase encostados, para também aparecerem nas notícias da televisão...). As suas expressões são engraçadas e diversas. Uns ficam com os olhos a brilhar, como se "lambessem" todas as palavras de quem fala (ou então é a emoção de aparecer na televisão...), outros fazem cara séria, porque "aquilo não é uma brincadeira", outros sorriem, porque "tristezas não pagam dívidas", outros ainda, não conseguem estar quietos, talvez porque assim seja mais fácil centrar as atenções lá por casa, se bem que também podem ter essa coisa que chamam, "bicho de carpinteiro"...

A única coisa de que não tenho dúvidas, é que são todos bonecos, bonecos televisivos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, julho 25, 2025

O tempo e os tremeliques da terra...


Uma das melhores coisas que acontecem, quando estamos de férias, é perdermos a noção dos dias da semana. 

Se não trouxermos "chatices" coladas aos calções, nem outras coisas que tenham o condão de sinalizar os dias, sinto que amanhã tanto pode ser quinta, sexta ou sábado...

(Claro que também sei que há sempre alguém que nos lembra, e diz: «olha que amanhã é sábado»)

E mesmo que não queira saber do mundo nem veja notícias, eis que a minha filha me dá a novidade que de madrugada houve um sismo, que veio da Madeira até ao Continente e que em Lisboa ultrapassou o número cinco da escala...

E é a falar dos tremeliques da terra - que se chegaram ao Sul, não dei por nada -, que vou ali e já venho...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quarta-feira, julho 23, 2025

O "lixo televisivo" e os seus vários cúmplices...


Uma das ultimas conversas que tive com amigos antes de vir de férias, foi sobre "lixo televisivo", inclusive o noticioso.

Houve quem utilizasse até a palavra "cumplicidade", quando falava de uma Clara de Sousa, de um Rodrigo Guedes de Carvalho ou de João Adelino Faria, que deviam fazer a diferença (o mesmo já não esperavam de Sandra Felgueiras ou do jeitoso do Rodrigues dos Santos...).

Não estive de acordo. Eles são apenas os "mensageiros", e provavelmente até alteram os textos de algumas notícias (pelo menos eu penso que têm estatuto para isso...), que lhes dão para lerem.

É todo um sistema informativo que está mal, cada vez mais "populista", assim como a forma como se interpretam as audiências.

Também se falou da manipulação que se faz das emoções humanas. Faz-nos confusão a todos, que os programas da manhã e da tarde, não consigam passar um dia, sem descerem mais um degrau e explorarem os sentimentos e as desgraças alheias.

O mais curioso é todos olharem para o CMTV de cima para baixo, mas depois acabam todos por ir atrás daquele modelo populista de fazer televisão, porque além de estar virado para o espectáculo, repete-se e repete-se (são capazes de "matar" a mesma pessoa cem vezes por dia...), e claro, adora as "meias-verdades" e as "meias-mentiras".

Claro que todos temos a alternativa de desligar o botão ou de mudar de canal. Mas isso não muda nada no "aterro televisivo" nacional...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, julho 22, 2025

A palavra talvez...


Talvez seja um problema de personalidade... Talvez seja algo que já nasce dentro de nós.

Olho para trás e sei que andei quase sempre pelos caminhos mais longos e difíceis, mas não me importei muito em demorar mais tempo a chegar a Roma.

Sei apenas que habita dentro de nós, vezes de mais, a palavra talvez...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


domingo, julho 20, 2025

Muito barulho e saudades de porrada


A senhora com mais de oitenta anos discursava na mercearia, como se estivesse num parlamento como o nosso, com gente com ideias estranhas sobre o mundo.

Tinha saudades do tempo em que os pais "educavam" os filhos à "porrada", em que o medo se juntava ao respeito, com a maior das facilidades.

Deixei-a com as saudades dela, em silêncio.

Claro que quando vinha para casa, pensei na educação e nos meus filhos. Nunca fui de bater, mesmo assim lembro-me dos desafios e das provocações do meu filho, a pedir uma ou duas palmadas... Em relação à minha filha, nem me lembro de lhe ter dado uma palmada (mas deve ter acontecido, aqui e ali...).

Mas a senhora estava errada, o respeito não tem nada a ver com pancada. Com o medo, sim...

Acho que o maior problema da educação nos nossos dias não tem nada a ver com pancada. Tem sim, a ver com o uso da palavra "não", que devia ser utilizada com firmeza e não "meio a brincar"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, julho 19, 2025

Poesia com (várias) guerras lá por dentro


Dois dos meus autores preferidos são a Maria Judite de Carvalho e o José Gomes Ferreira. Sempre que me vêm parar às mãos livros das suas autorias, viajo agradado dentro das suas páginas.

Hoje acabei de ler a "Poesia II" do Zé Gomes, com poemas escritos de 1938 a 1943, alguns muito sofridos, devido à Guerra que estava a destruir a Europa.

Transcrevo um dos poemas pela mistura de sentimentos, num tempo estranho, quase como aquele que estamos a viver. Embora ainda não estejamos em ditadura, como acontecia nesses anos sombrios...

                                                                                    (Subo lentamente a rua para casa...)

No céu, a lua e as estrelas...
Na terra, silêncio e gatos...

E, eu às três de madrugada
com passos de rasgar o chão
a ouvir ranger nos sapatos
o violoncelo da minha solidão...

(esta triste solidão de deus do avesso
onde até a Morte apodreço.)


(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)


sexta-feira, julho 18, 2025

O turismo, sempre ele (justifica todos os crescimentos)...


O turismo (a galinha que "põe" ovos de cor amarela para os governos...) fez crescer muitas coisas, ao ponto de tornar a vida dos habitantes fixos das cidades maiores, um pesadelo cada vez maior.

Há outras coisas que também crescem, quase em paralelo, umas quase "invisíveis", como são os carteiristas e outras demasiado visíveis, como são os pedintes.

Tanto uma como outra, tornaram-se quase uma profissão (até "indústria"), graças aos romenos, que devem ser uma chatice para os mendigos portugueses...

Lá estou eu a "esticar-me"... Só queria falar do facto de nenhum dos meus companheiros da "indústria das palavras", dar esmolas (a excepção são os cegos do metro, quando temos moedas nos bolsos...) a esta gente "profissional".

Mas eles continuam espalhados pelas ruas, nas esquinas e à entrada de casas comerciais. Ou seja, devem garantir o seu "rendimento" diário.

E lá vieram os turistas, que segundo o nosso ponto de vista, não são apenas a salvação do governo de "Monteverde" (como foram do Costa), chegam a todo o lado e dão a mão a quase todas as actividades económicas do país, até a quem trabalha com a mão esticada nas ruas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, julho 17, 2025

O mundo das músicas (quase todas)


A música continua a não estar muito estudada, pelo menos com algum conteúdo histórico, no nosso país (só o fado é que tem vários especialistas, entre outras coisas, porque é um mundo mais misterioso e envolvente...).

Foi por isso que me desafiaram para começar um projecto, sem data, para escrever quando e como me apetecesse. 

Isto aconteceu porque tive a "ousadia" de falar da originalidade, da diversidade, da qualidade, e claro, da banalidade da nossa música (com nomes e tudo...).

Acabei por dar um realce especial ao fado (ao antigo...), em que o principal objectivo dos, e das fadistas, era ser dono de um estilo próprio, ou seja, tinham muito cuidado com as imitações. As fadistas então (as boas claro), fugiam a sete pés da Amália e da sua forma única de cantar.

É por isso que é digno de realce, que tenham existido bastantes vozes femininas que cantaram o fado nos anos cinquenta, sessenta e setenta, sem deixarem de andar de cabeça levantada pelas ruas de Lisboa. E algumas ainda se ouvem com com prazer redobrado. Neste caso particular até dou meia dúzia de exemplos:  Argentina Santos, Beatriz Conceição, Celeste Rodrigues, Hermínia Silva, Lucília do Carmo ou Maria Teresa de Noronha.

Claro que se escrevesse algo sobre "músicas", teria de dizer que o autor era um não especialista, duro de ouvido...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, julho 16, 2025

Às vezes o telemóvel é importante (mas só às vezes)...


Eu que só uso o telemóvel como telefone, hoje ao dar por falta dele, já no interior do cacilheiro, pensei que "não viria mal nenhum ao mundo", por ele ter ficado lá por casa. O problema é que estava enganado...

Um encontro marcado acabou por ficar sem a minha comparência, porque a pessoa com quem eu me ia encontrar mudara de casa (e já uns anitos...) e por pensar que eu estava a par da mudança, não me disse nada. Ou seja, só o descobri à entrada do prédio, onde também já vivi...

Felizmente pude contar com a simpatia e a disponibilidade de duas senhoras (da lavandaria e do cabeleireiro da rua), que mesmo sem nunca me terem visto em parte alguma, tentaram "menorizar" a sucessão de contratempos, que aconteceu em poucos minutos. Havia duas senhoras que ainda habitavam no prédio que poderiam, resolver a questão. Mas não estavam nesta manhã. E, infelizmente, também não estavam contactáveis.

Mas esteve longe de ser uma manhã perdida. Pude passar por ruas por onde não passava há vários anos e recuar no tempo, e sentir, ao mesmo tempo, a simpatia e a camaradagem dos bairros que gostam de ser antigos...

Só depois do regresso a casa é que me pude "desculpar", ao responder à "chamada não atendida". 

Em Agosto, de certeza que será possível conversarmos sobre uma terceira pessoa, que nos é querida a ambos, para que a minha homenagem sobre a forma de livro seja mais abrangente...

(Fotografia de Luís Eme - Cruz Quebrada)


terça-feira, julho 15, 2025

Há sempre coisas que têm de ficar para amanhã...


Delegaram-me a missão de colocar determinada pessoa a par de um projecto colectivo comum, depois de uma reunião com avanços importantes.

Por ela estar envolvida numa iniciativa que estava a decorrer, deram-me um outro nome feminino, de uma espécie de secretária, com quem poderia falar e colocá-la a par de tudo.

Cheguei e perguntei se era possível falar com a tal senhora. Telefonaram e depois perguntaram-me qual era a temática, expliquei de uma forma sintética o que me tinha levado ali. Do lado de lá recebi a informação de que ela também estava muito ocupada com o mesmo certame e que o melhor seria aparecer noutra altura. Agradeci a atenção.

Depois de ter saído, segundos depois resolvi voltar a entrar. De repente  tive uma ideia quase luminosa. Pensei que me poderia voltar a acontecer a mesma coisa, no dia seguinte, receber a resposta de que ela "estar demasiado ocupada para falar comigo". E então voltei à recepção e disse ao rapaz do telefone se poderia perguntar à senhorita, se havia uma hora em que ela me pudesse receber, no dia seguinte.

Enquanto esperava resposta, ainda desabafei que estava a ficar velho demais, para aqueles jogos, ainda por cima quando estava em causa um projecto colectivo...

Segundos depois, veio a resposta. Sim, era possível falarmos, às 16 horas, de quarta-feira...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, julho 14, 2025

«Estamos todos a ficar sem "travões". O normal é dizerem-se coisas cada vez mais parvas e ofensivas uns aos outros.»


O Carlos continua a "incendiar" a nossa mesa com frases, que, começam por se estranhar, para depois se entranharem, e serem aceites por todos nós, mesmo que isso aconteça duas ou três voltas depois.

Quando ele disse: «Estamos todos a ficar sem travões. O normal é dizerem-se coisas cada vez mais parvas e ofensivas uns aos outros», ficámos a olhar uns para os outros.

Houve alguém que falou de sermos menos hipócritas. Claro que é mentira. Esta sociedade onde o mérito fica vezes demais a porta, convive bem com a hipocrísia, o fingimento e o "lambe-botismo".

Foi a Carla que disse que era algo mais profundo, que tinha a ver com os valores que recebíamos em casa, onde se aprendia a respeitar e a tolerar o outro, mesmo quando nos apetecia mandá-lo para aquela parte.

Se em casa, na escola, no trabalho ou no café, quem fala mais alto é que acha que está certo, com a conivência de quem lhe devia chamar a atenção, e dizer que conversar é outra coisa, que o monólogo não faz parte da família do diálogo.

 «E nós, vamos começar a falar mais baixinho?», soltou em tom provocador, o Carlos.

A gargalhada geral respondeu pela mesa. Precisamos todos de colocar "pastilhas" nos travões...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, julho 13, 2025

A vida tal como ela é


Quando escrevemos sobre pessoas mais próximas de nós (se existirem ligações familiares ainda se torna mais estranho...), em parte, sentimos que a história está ser reescrita de novo.

Isso acontece com alguma naturalidade. Além de não termos vividos todos os acontecimentos (é impossível estarmos em todo o lado...), também descobrimos, através das conversas que vamos mantendo aqui e ali, que não conhecemos assim tão bem a vida de algumas pessoas, mesmo as que nos são queridas. 

O curioso, é que tenho ficado, quase sempre, surpreendido de uma forma positiva.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, julho 12, 2025

Há mudanças de ciclo que não têm de passar pela mudança de treinadores


A selecção feminina de futebol com alguma sorte (às vezes, muita...), foi ultrapassando metas, cedo demais, ao ponto de algumas pessoas já pensarem que estavam quase ao lado das melhores equipas do mundo, e que dentro de pouco tempo, até poderíamos disputar títulos.

Só que os "quase milagres", são sempre enganadores... 

Basta olhar para o panorama futebolístico nacional, onde o futebol feminino, ainda esta longe de ser uma realidade de Norte a Sul, com um campo de recrutamento demasiado escasso a nível clubístico e associativo. 

A aposta da Federação no futebol feminino, com um profissionalismo digno de destaque, próximo das melhores selecções, acabou por dar uma perspectiva errada do futebol feminino no nosso país.

E tudo isto graças a Mónica Jorge e à equipa técnica comandada por Francisco Neto.

Agora o normal é começar-se a falar do fim de ciclo (como já se fez com a selecção masculina de sub 21 de Rui Jorge). E já devem existir vários técnicos "gulosos" preparados para o "render da guarda" do Francisco...

Mas olhando para todo o percurso destas duas selecções, onde a imagem que ficou, foi da existência de equipas técnicas de grande qualidade, técnica e humana, o normal (isto, se fossemos um país normal....) seria que fossem Francisco Neto e Rui Jorge a decidir o seu futuro e não terceiros, como acontece no futebol. Futebol que faz gala em ser "traiçoeiro" e "ingrato" (tal como as dezenas de jornalistas e comentadores deste tempo, com lata para dizer uma coisa hoje e o seu contrário amanhã...).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)