sexta-feira, dezembro 05, 2025

Este é "mundo" que está à espera de muitos de nós, depois da esquina...


Há sempre questões polémicas e estranhas para escrever, aqui no "Largo". Tinha prometido a mim mesmo não falar de política e de políticos, durante alguns dias, mas é quase impossível passar ao lado de alguns dramas, cada vez mais assustadores. 

Um dos problemas que se está a tornar cada vez mais visível é o quase desprezo com que se tratam as pessoas de mais idade. Ao ponto de já existir gente com mais de setenta anos, a dormir nas ruas. Muitos delas não conseguem suportar o aumento das rendas e sem filhos para as ajudarem, são forçadas a mudar de vida, entrando no "mundo dos indigentes"...

Quase em paralelo, existe outro problema, não menos grave, que atinge estas mesmas pessoas (e os seus familiares directos).

Estou a falar da falta de lares, de casas de repouso com cuidados continuados, com preços compatíveis com as reformas da maior parte das portugueses. É quase impossível alguém arranjar um lar, de um dia para o outro (a doença faz com que surjam situações imprevistas...), com um valor inferior a 1.500 euros. Ou seja, só uma pequena percentagem dos nossos reformados, tem possibilidade de pagar o alojamento numa casa de repouso ou lar de idosos com vagas.

Como tem acontecido nos últimos anos, em quase tudo (saúde, habitação, justiça, segurança social, etc), o Estado quase que se limita a assobiar parta o lado, usando a técnica de sempre, de fingir que se resolvem os problemas, sem que se resolva coisa nenhuma. Até que os problemas se agravam de tal forma (é o que está a acontecer na saúde e na habitação), que deixa de haver qualquer espaço para fugas... 

É esta falta de soluções que faz com que continuem a surgir, aqui e ali, lares ilegais, onde se usa e abusa quase sempre da fragilidade e da necessidade das pessoas. Como pagam menos que nas "casas de repouso", os seus donos acham-se no direito de as tratar de qualquer maneira, sem que lhes sejam garantidas as condições mínimas de conforto e dignidade.

É muito triste viveremos num país, em que se paga uma brutalidade de impostos, e que se percebe, diariamente, que as coisas em vez de melhorarem, estão cada vez piores.

E ainda é mais triste sermos velhos e sentirmo-nos completamente abandonados por toda a gente...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


Sem comentários:

Enviar um comentário