sexta-feira, dezembro 19, 2025

Quando a meritocracia é usada como música de serrote...


É engraçado - sem ter graça nenhuma claro - o que algumas pessoas pensam da meritocracia, principalmente aquelas que se aconchegam mais para o lado direito da política.

O problema é quando a boca lhes foge para a verdade e temos de lhes dizer pra consultarem um dicionário, para perceberem qual é o verdadeiro significado da palavra "mérito".

Eu sei que o "homem cor de laranja" está a querer mudar tudo na América, com uma grande vontade em regressar ao velho Oeste e à lei do mais forte. O que me faz confusão é ver tanto europeu a defender o seu mundo, ou seja, uma sociedade sem princípios, onde tudo é possível, desde que tenhas dinheiro e poder.

Toda esta prosa porque encontrei um rapaz que em tempos trabalhou comigo, com quem acabei por beber um café e meter a conversa em dia.

Se soubesse o que esperava, tinha alegado "pressa" para um encontro qualquer, importante, e limitava o nosso convívio a um café e desejos de boas festas. Mal nos sentámos, veio logo com a "lengalenga" do costume contra os estrangeiros, apenas porque aquele lugar só tinha funcionários das terras por onde andámos a navegar nos séculos XV e XVI.

A conversa avançou logo para os nossos filhos (ele tem um rapaz mais velho um ano que a minha filha...). Estava chateado porque o filhote não conseguia arranjar um emprego de jeito e ganhava pouco mais que o ordenado mínimo e que a licenciatura que tirou de pouco lhe valia. Depois disse que os bons empregos deviam sempre em primeiro lugar para os portugueses, e só depois para os estrangeiros. 

Aquilo caiu-me tão mal. Esperava aquele conversa de muita gente, mas não daquele rapaz...

Percebi que estava na companhia de um "chegano". São contra a corrupção, contra uma sociedade pouco "meritória", mas quando toca às suas famílias, "venha a nós a santa corrupção e o compadrio" e que se lixe o mérito usado nos discursos. 

Claro que a conversa azedou. Ele ainda teve a lata de dizer, "continuas um comuna do caraças", como se isso fosse um "pecado mortal". 

Talvez por estarmos próximos do Natal, não lhe chamei fascista e ainda fui capaz de desejar boas festas a ele e à família...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


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