Deu-me vontade rir, ouvi-la dizer, "somos tantos...»
Até porque não estava ninguém à nossa volta.
Embora eu estivesse farto de saber que o mundo não começava e acabava ali, que as multidões estão sempre ao virar da esquina...
Só não percebi se ela estava a querer desistir, antes de conseguir ser qualquer coisa, ou se ia à luta e estava ali, a querer ganhar balanço.
Depois disse-me que estava com medo. Questionei-a sem palavras, apenas com o olhar.
E ela levantou-se do chão, mostrou-me um sorriso enigmático, para me contar o seu dilema: «Às tantas começamos a querer muito ser isto e aquilo, perdemos o medo e começamos a andar em frente, sem receio de pisar os outros que já estão à espera de vez, sentados ou deitados...»
Podia dizer-lhe, "bem vinda à selva urbana", mas não ia adiantar muito. Até porque ela já encontrara pelo caminho várias espécies de "animais", desde "leões" e "gazelas" a "serpentes"...
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
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