domingo, setembro 17, 2023

Um amor com pouca perdição no Porto...


Todos nós sabemos que há estátuas mais bonitas que outras, e que os lugares escolhidos para as colocarem, nem sempre são os melhores (pelo menos para nós). 

Também devíamos saber que, normalmente elas não vão parar às praças e aos jardins, apenas pelo capricho de alguém. Há quase sempre uma razão para que tal aconteça e também uma aprovação maioritária pelos executivos camarários.

Eu por exemplo nunca achei muita piada à proliferação de estátuas de "ferro ferrugento" de José Aurélio no Concelho de Almada, de significado demasiado artístico, mas nunca me passou pela cabeça fazer qualquer tipo de petição contra a obra ou o autor.

É por isso que estranho a posição dos "polícias do gosto" da Capital do Norte, em relação à estátua "Amor de Perdição".

E espero que seja apenas a "nudez da musa" a fazer confusão a estas mentes, no mínimo estranhas, e não a tentação, quase diabólica, de fazerem o papel de censores a esta homenagem, prestada a um dos nossos grandes escritores...

(Fotografia de Luís Eme - Porto)


13 comentários:

  1. Não sei o que se está a passar na cabeça das pessoas. Defensoras da moral ou censura? Onde é que se pára?
    Tudo de bom.
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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    1. Também não sei, Graça. E alguns dizem defender a liberdade...

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  2. Homem vestido e mulher nua... É o que acontece nos filmes.

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    1. O conceito é machista, mas o mundo também era machista, Catarina (e ainda é, em muitos casos...).

      O que faz mais confusão é ainda existirem lugares (mais nas fábricas e serviços privados...) onde os homens ganham mais que as mulheres, mesmo fazendo o mesmo serviço, quase 50 anos depois de Abril...

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  3. Uma petição ridícula e censória!

    Abraço

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  4. Terá talvez já "marcas" de um tempo. Mas outras as têm. Não é razoável,com as marcas críticas de agora,porque também a crítica é marcada temporalmente,razoirar toda a estatuária que de súbito nos,lhes desgosta.As Letras também andam a ser canceladas,reescritas à moda de agora.E os "bonecos",a banda desenhada de há quase um século.E os quadros borrados por causa do "clima". Para mim tal escultura não tem nada de pornográfico.Pornográfico será muito do que vai passando nos écrans,quer em imagem,quer em atitudes;não vejo nenhum prurido público. Não aprecio o estilo do escultor,nem é de agora,pelo óbvio imediato de adesão quase garantida, produzido durante anos.Também não a velha-ferraria dispersa pelo país. Mas não me ocorre mandar suprimir seja o que for de obras de artistas. Vivi grande parte da vida sob Censura e não defendo qualquer ressurreição da mesma sob que pretexto for.
    O que me intriga,muito,é a real razão pela qual ,gente referenciada na Cultura se motivou para tamanho dislate.

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    1. Não percebo o que está a acontecer, José.

      Quando se vêm pessoas cultas e inteligentes, a entrarem também nestas listas censórias, não sei o que é que vem aí. Mas não deve ser nada de bom.

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    2. E gente que conheceu,se não sofreu,a Censura.Não tenho paciência para ir ver os que viveram sob Censura mas "cheira-me" que há lá gente desse tempo e que nunca se atreveriam a ressuscitar. Mas enfim os tempos andam mudados,esquecidos os outros,e as reais razões para tal dislate quase dez anos depois não creio serem as apresentadas.

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  5. Surpreende-me, por ingenuidade pela certa, a impossibilidade de falar de arte sem deriva automática para o que é lateral, politiquice, costumes, o raio a quatro, deve ser isto o populismo. Bom ambiente para os oportunistas, a estátua é medonha de feia mas foi de graça.

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    1. E a questão do gosto, tem que se lhe diga, Luiz.

      Não tem de se misturar com a liberdade.

      Não vamos proibir as pessoas que gostam de andar na rua de amarelo, ver alface, vermelho, só porque são cores berrantes (para nós claro).

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    2. E as panelas da Joana Vasconcelos...

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