segunda-feira, setembro 25, 2023

Andar por aí a "roubar" rostos e fingir que não se passa nada...


Sei que nunca "roubei" tantos rostos e corpos como agora, através da fotografia. Mas isso só acontece porque também nunca tirei tantas fotografias como agora (talvez seja vício, em vez de usar os dedos para agarrar um cigarro seguro a máquina... Felizmente é mais barato e menos doentio que as "raspadinhas" e os "casinos").

De longe a longe lá recebo um olhar reprovativo, embora nunca me aproxime muito, de forma a tornar-me intrusivo. E também acontece muitas vezes querer fotografar sítios sem pessoas e não o conseguir... As pessoas estão em "toda a parte" na Capital...

Da mesma forma que não peço licença a ninguém para "disparar" nas ruas, também não peço a ninguém para se afastar daqui ou dali. Felizmente o digital permite falhar mais vezes, não é necessário focar tanto o nosso objecto momentâneo, até podemos fingir que não se passa nada.

Mas sei que sou cada vez mais cuidadoso, quando estou em lugares menos públicos. Quando visito uma exposição ou uma feira, costumo perguntar se posso tirar um ou outro retrato. Normalmente dizem-me que sim. Mas não é nada do outro mundo levar com um não, como aconteceu no domingo, antes de almoço, quando ao passar pela Rua da Rosa descobri a Feira do Livro Anarquista e já lá dentro (achei piada ao espaço e à disposição dos livros), perguntei se podia tirar uma fotografia e disseram-me que não...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


10 comentários:

  1. Em Portugal:

    “A fotografia de pessoas (...) em locais públicos, é livre e não depende de autorização ou consentimento das pessoas fotografadas. A pessoa fotografada não tem, ao contrário do que alguns erroneamente pensam, direito a exigir que o fotógrafo apague a fotografia ou, no caso da fotografia analógica, lhe entregue o rolo.”

    Isto no que diz respeito a “fotografia de rua”, como lhes chamam, e desde que essa fotografia não seja reproduzida, exposta ou lançada no comércio ou afete a reputação da pessoa.

    Se te tivessem autorizado, teriam “publicidade” de borla.
    Burrice deles. : )

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    1. Mas eu quando percebo que estou a ser inconveniente, parto para outra, sem me preocupar com a lei, Catarina. :)

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  2. Gosto muito de fotografar mas evito pessoas, prefiro paisagens sem gente, céus, mar...

    Abraço

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    1. Eu também já fui assim, há muitos anos (parecem uma eternidade...), Rosa. :)

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  3. Ele não teria saído do atelier sem perguntar das razões do «não». Pura ignorância, como motivo principal. São uns tristes, telemóvel na mão, a definharem em cada dia. Léo Ferré, «artista de variedades» francês, explicou um dia que «a anarquia é a negação de toda e qualquer autoridade, venha ela donde vier.»

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    1. Não pensei nisso, Sammy. :)

      Bastou-me um não, mas de facto é um contrassenso, quase um ataque ao anarquismo.

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  4. Também concordo aqui com Sammy.
    Anarcas mas pouco.
    No entanto o Anarquismo tem tantas correntes,tendências que tudo e o seu contrário são possiveis.
    Aquela a que históricamente eu dava mais valor foi o anarco-sindicalismo devorado pelo
    leninismo.Alaiz fora um e depois outro.

    Do "versos à bomba" a Kropotkine há variedade.

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    1. Gostam muito da liberdade, quando não lhe entramos em casa, José.

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    2. Sim , há de tudo ou houve.
      Agora,longe das antigas associações anarco-sindicalistas, quase me parece "folclorismo" na espuma das correntes.
      Que distância de Emídio Santana.

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    3. Talvez não saibam o verdadeiro significado do anarquismo...

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